27. Pior ainda...

98 17 2
                                    

Ela escorrega e cai, é tudo tão rápido, eu levanto e corro até ela, então noto que o piso está molhado, pois acabaram de limpar, Nicole continua no chão e está sem se mexer, ao me abaixar do lado dela para ajudá-la, ela diz.

— Está doendo Noah, está doendo muito... — Ela já está chorando, não sei como, mas ela acabou caindo e acho que bateu a barriga no chão.

—  Alguém chama uma ambulância. — Grito sem tirar os olhos dela. — Calma amor, vai ficar tudo bem...

— Noah, tem algo errado, acho que estou sangrando. — Ela me interrompe já desesperada, sem pensar muito, eu a pego no colo enquanto grito para a recepcionista.

— Pega minha chave, minha carteira e meu celular, estão na minha mesa.

Sigo com Nicole para o estacionamento, logo uma das recepcionistas aparece ao meu lado com as coisas que eu pedi, ela destrava o carro e assim que coloco Nicole no banco, eu vejo que ela realmente está sangrado, corro para o lado do motorista e dirijo rápido, ela está chorando e dizendo que está sentindo muita dor, tento não perder o controle e manter a calma mais está muito difícil.

Quando chegamos eu a pego em meus braços e entro desesperado.

— Precisamos de um médico urgente! — Praticamente grito e logo um enfermeiro aparece com uma cadeira de rodas, mas ao tentar colocá-la sentada, Nicole se agarra em mim.

— Não me solta Noah, por favor...

— Amor, calma, estou aqui, você precisa ser atendida... — Olho para o enfermeiro — Posso levá-la no colo?

Ele concorda e eu o sigo com Nicole em meus braços, assim que entramos no consultório, a coloco na maca, mas permaneço ao lado dela, segurando sua mão, não demora e um médico se aproxima para examiná-la.

— Olá, sou o doutor Evans, podem me dizer o que aconteceu e qual o tempo de gestação?

— Ela escorregou no piso molhado e caiu doutor. Completou trinta e seis semanas.

— Caiu sentada?

— Foi muito rápido, eu não vi direito, quando dei por mim, ela já estava no chão. Consegue dizer a ele, amor?

— Foi para frente, quando tentei me equilibrar no joelho, escorreguei de novo e bati de barriga, está doendo muito e estou sangrando...

— Eu preciso que a senhora respire e mantenha a calma. Vou realizar um exame de toque agora... — Ele olha para mim. — Pode retirar a calcinha dela?

Concordo e faço o que ele pediu, assim que ele inicia o toque, Nicole grita de dor, e a expressão que vejo no rosto do médico me deixa muito preocupado.

— Doutor? — Eu o chamo quase que como uma súplica para que ele diga que está tudo bem com meus amores. Ele respira retirando a luva que está suja de sangue e diz.

— Nós vamos precisar fazer uma cesárea de emergência, o colo do útero está aberto, e a placenta deslocada.

— O bebê está bem? Ele vai ficar bem nascendo antes do tempo? — Nicole pergunta apertando minha mão.

— Eu iria pedir uma ultrassonografia para verificar, mas como teremos que fazer a cesárea, já será direto examinado pelo pediatra que irá acompanhar o parto.

— Eu ainda posso acompanhar, certo? — Pergunto, e ele apenas concorda com a cabeça, enquanto pega o telefone e fala com alguém dizendo que é para virem buscar a paciente para uma cesárea de emergência.

Ele desliga e volta rápido para perto de nós, Nicole vomita e diz que está se sentindo muito tonta. E em fração de segundos, vejo a situação que já estava ruim, ficando pior ainda, Nicole desmaia.

— O senhor precisa se  afastar agora... —

— Não vou sair do lado da minha esposa...

— Por favor senhor, precisamos cuidar dela e... — Ele para de falar, pois os enfermeiros chegam e um deles se aproxima de mim.

— Venha comigo senhor... — Ele praticamente me puxa para fora do consultório, sem que eu consiga contestar. Vejo passarem com ele e seguirem por um corredor, tento ir atrás, mas o médico apenas faz um sinal para o enfermeiro, que me segura dizendo. —Sinto muito, mas o senhor não pode acompanhar, terá que aguardar, vamos, irei acompanhá-lo até a sala de espera.

— Eu prometi que estaria ao lado deles, preciso ficar com a minha esposa...

— Eles precisam de cuidados médicos agora, será melhor o senhor aguardar na sala de espera. — Ele já vai me direcionando para o lado contrário de onde minha família está.

Minhas lágrimas começam a rolar e me sento abaixando a cabeça. Até que ele encosta em meu ombro, pedindo para que eu beba uma água, tomo alguns goles tentando respirar e me acalmar.

— Porque isso tinha que acontecer? — Pergunto alto, mas é uma pergunta retórica.

— Senhor, precisa tentar manter a calma e acreditar que tudo ficará bem. Além disso, é necessário lidar com a documentação da internação de sua esposa, e outras questões, ela e o bebê precisarão de alguns itens, como fraldas, absorventes, roupas, o senhor quer que eu o auxilie a ligar para alguém?

— Não é necessário. — Respiro fundo tentando parar de chorar. — Vou ligar para minha sogra e pedir que ela traga tudo, inclusive os documentos da minha esposa, saímos sem a bolsa dela. — Digo e ele se afasta enfatizando que se eu precisar de algo é só pedir na recepção.

Respiro fundo por mais alguns minutos, então pego meu celular e ligo para minha sogra e assim que ela atende vou dizendo.

— Branca, estamos no hospital, Nicole fará uma cesárea de emergência, preciso que você traga as bolsas da maternidade, e também passe na agência pegar a bolsa dela.

— Como assim, Noah? O que aconteceu?

— Desculpe, não fique apavorada, Nicole escorregou e caiu na academia, então eu a trouxe para o hospital e o médico disse que precisa fazer a cesárea.

— Eles vão ficar bem, vai dar tudo certo, daqui a pouco eu chego aí...

Branca dispara e desliga e eu não sei se isso é bom ou ruim. Fico sentado com as mãos na cabeça, enquanto meu coração se aperta e minhas lágrimas rolam. O tempo parece não passar e nem sei a quanto tempo estou aqui quando Branca chega, digo a ela que estão fazendo a cesárea e pego a bolsa de Nicole indo a recepção. Após assinar alguns documentos, volto a me sentar ao lado de Branca e ficamos ali esperando, até que o meu celular desperta.

— Branca, preciso que vá buscar Maitê na escola.

— Vou fazer isso, mas não acho bom trazê-la para cá, nem sabemos se ela poderá ver os dois. O que você acha melhor? Levo ela para minha casa e chamo uma babá, ou levo para casa de vocês?

— Acho que ela vai ficar melhor em casa, mas se for possível, gostaria que você ficasse com ela, sei que quer estar perto da sua filha, e não tenho o direito de te pedir isso, mas Maitê ficará preocupada e não queria que ela tivesse que passar por isso com uma pessoa estranha... — Falo chorando e ela aperta minha mão.

— Noah, sei que não sou muito ligada nessa melação de família, sou mais independente e meio louca, mas eu amo muito todos vocês, claro que minha vontade é grudar em minha filha, mas sei que você fará isso e agora nossa família precisa se apoiar, então tentaremos fazer as coisas de um modo que todos fiquem bem. Ficarei em sua casa com a Maitê, tenta ficar calmo, vai dar tudo certo, tenho fé nisso. Me liga assim que tiver notícias. — Ela me dá um beijo no rosto e sai.

Fico aliviado por Nicole ter pensado também nessa questão, assim que Branca voltou, a colocamos como uma das pessoas autorizadas a pegar Maitê na escola, o que nesse momento será de grande ajuda, pois não tenho condições nem de dirigir, muito menos de explicar o que está acontecendo para minha irmãzinha.

Espero mais um tempo e cada minuto que passa, fico mais nervoso e angustiado, até que vejo o médico vindo em minha direção, me levanto rapidamente indo ao encontro dele...

Depois da ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora