Que merda!

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Acordo com a cabeça latejando e o estômago embrulhado, estou pelado na cama e olho ao redor, respirando fundo enquanto levanto e me lembro de onde estou

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Acordo com a cabeça latejando e o estômago embrulhado, estou pelado na cama e olho ao redor, respirando fundo enquanto levanto e me lembro de onde estou. Tomo um banho gelado, me visto e saio à procura do Daniel, o encontro na cozinha, lendo jornal e tomando café.

— Bom dia! Achei que ia ter que chamar um médico para ir ver se você estava vivo ainda, café?

— Porra! Minha cabeça está estourando, bebi demais. Que horas são? — Sento e sirvo uma xícara de café preto e sem açúcar.

— Meio dia e meia. — Suspiro, pois terei que resolver minha vida, não posso ficar sumido, tenho minha irmã e minhas academias para cuidar. — Está mais calmo?

— Fazer o que? Tenho que cuidar da minha vida, só me resta me conformar.

— Pode ficar aqui o tempo que precisar...

— Valeu, cara, vou alugar um flat, se precisar, por hoje eu me ajeito lá na academia mesmo.

— Vai para sua casa?

— Terei que ir, Maitê está lá, mas agora vou passar no shopping, preciso comprar um chip novo, joguei o meu fora ontem, pra Nicole não me rastrear.

— Vai conversar com ela?

— Só para acertar detalhes da separação, também preciso ver como ficará a situação de Maitê,as duas são muito ligadas.

— E se Maitê quiser ficar morando com ela?

— Acho que nem Nicole vai querer isso, provavelmente ela irá morar com o pai do bebê dela e minha irmã irá atrapalhar.

— É bem possível mesmo.

— Bom, vou indo, valeu cara, depois nos falamos... — Levanto e dou um abraço nele para me despedir.

Entro no meu carro e suspiro, minha cabeça ainda dói, mas dirijo devagar em direção ao shopping. Na loja da operada, consigo reabilitar meu número, em um chip virgem, e assim que ele está ativo, várias mensagens começam a chegar.

Entro no carro e passo olho pelas mensagens, estranho porque quase todas são da minha sogra, da agência e da academia, da Nicole e da minha casa, só chegaram algumas notificações de que eu recebi chamadas ontem a noite.

Ao mesmo tempo que uma pontada de preocupação me bate, eu fico puto, ao pensar que ela nem se deu ao trabalho de me procurar por muito tempo. Já deve estar com o cara... Jogo meu telefone no banco, e ao invés de ir para casa, eu vou direto para a academia.

Entro sem falar com ninguém e vou direto para minha sala. Fecho as persianas, ligo o computador e começo a procurar por um flat para alugar, anoto alguns telefones e lugares. Quando estou ligando para o primeiro para ver se consigo ir visitar ainda hoje, a porta é aberta por um empurrão e eu olho assustado.

— Porque não respondeu minhas mensagens? — Branca não diz nem oi, vai logo questionando.

— Porque não queria e não quero falar com sua filha ainda. — Também não digo oi e nem pergunto o que Nicole falou a ela. — Vou em casa pegar minhas coisas e acertar tudo com ela a noite. — Desvio o olhar dela, tentando me manter firme.

— Não, você não vai seu idiota. Nicole não está lá.

Olho para ela que senta na cadeira a minha frente e cruzo os braços.

— Eu não faço questão de falar com ela, já me basta a humilhação que será encontrá-la casualmente, somos vizinhos de empresa, serei bastante humilhado ao vê-la de barrigão, carregando o filho de outro. — Engulo em seco e minha sogra bufa. — Mas precisamos acertar as coisas da nossa separação, e preciso pedir a ela que o distanciamento da minha irmã seja aos poucos, Maitê ama muito ela.

— E você não?

— Amo, mas eu sou adulto, irei me virar com a minha dor e decepção.

— Sinceramente Noah, você é um idiota. Nicole não está em casa, porque está no hospital, seu sumiço e aquele bilhete, causaram preocupação e muito estresse nela, a pressão dela subiu, tive que chamar uma ambulância ontem, o médico a internou.

Abaixo a cabeça, minha vontade é correr para lá, mas meu orgulho e o medo de encontrar o outro cara com ela, me impedem de levantar, então apenas sussurro.

— Já avisou o pai do bebê? E onde está minha irmã?

— Estou avisando agora, porque ele é um idiota que pelo visto desligou o telefone ontem. — Olho para ela. — Maitê está em casa com uma babá, ontem ela foi para o hospital conosco, mas assim que o médico internou Nicole e ela dormiu. Eu fui para sua casa com a Maitê e chamei uma babá. A propósito, no fim do dia, precisará chamar outra, a menos que você durma com Nicole no hospital, aí eu posso ficar com ela.

— Branca! Eu queria muito, mas esse bebê não é meu, eu sei que você sabe que eu fiquei estéril... — Minhas lágrimas me vencem e eu me desarmo um pouco na frente da minha sogra.

— Não estou dizendo que você é um idiota mesmo! Noah! Quantas vezes será preciso repetir que Nicole é louca por você?

— Eu achava que era, assim como eu sou por ela, mas pelo visto, me enganei...

— Chega Noah!— Ela levanta e dá um tapa na mesa. — Estou perdendo a paciência, e eu realmente espero que todo esse estresse não prejudique esse bebê, ou Nicole nunca irá te perdoar se algo acontecer com essa gravidez por conta dessa situação.

Chego a estremecer com a possibilidade de Nicole perder mais um bebê, mesmo não sendo meu, sei que seria terrível para ela.

— Branca, eu...

— Não quero te ouvir, presta atenção. O filho é seu, Nicole queria te surpreender, por isso fez todo o processo de ferilização escondido, e até ela ficou surpresa de engravidar assim de primeira. O teste estava escondido porque ela queria preparar algo especial para te contar.

Sinto meu coração palpitar rápido com o que escuto, como é que eu não pensei nessa possibilidade? Porque é que a primeira coisa que fiz foi acusar minha mulher de traição? Porque eu não conversei com ela?

Essas perguntas ficam se repetindo como gritos em minha mente, abaixo a cabeça apoiando e meus braços e começo a chorar. Até que sinto minha sogra pegando em meu ombro, então a olho.

— Que merda eu fiz? Não vou suportar se algo acontecer com eles, eu fui um cretino com a Nicole, acusei ela e fugi, deixando ela preocupada...

— Sim você foi, mas ela te ama, e se Deus quiser, vai ficar tudo bem, ela está mais tranquila agora, os médicos a medicaram e estão observando.

— Eu quero vê-la, eu preciso ir lá... Preciso pedir perdão a ela e ao nosso bebê... — Me levanto passando a mão pelo rosto e tentando parar de chorar.

— Então vá, eu vou para sua casa e fico com a Maitê, qualquer coisa me liga.

Dou um beijo no rosto da minha sogra e sigo para o hospital, no caminho me lembro que nem perguntei qual hospital e qual o quarto que Nicole está, se bem que acho que é o hospital que eu fiquei. Sempre vamos no mesmo por ser o mais próximo de casa. Mesmo assim, envio uma mensagem de áudio para minha sogra perguntando.

Quando ela responde, eu já estou quase chegando, e ao estacionar meu coração novamente acelera. Caralho! Nós vamos ter um bebê! Desço rápido do carro e na recepção me apresentou como marido e acompanhante da Nicole. Enquanto caminho pelo corredor, sinto meu peito acelerar ainda mais conforme me aproximo, mas ao abrir a porta do quarto...




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