Depois da Chuva

Hospital

Noah

Dois enfermeiros entram, dizendo que vieram remover a contenção e que logo irei para a sessão de quimioterapia, não consigo disfarçar o constrangimento que sinto, mas Nicole acaricia meu rosto, enquanto um deles administra uma medicação em minha veia. Assim que eles removem a última faixa, minhas lágrimas escorrem, Nicole rapidamente me abraça e eu a envolvo em meus braços.

— Me perdoa... Eu te amo tanto. — Peço entre os soluços, e ela apenas concorda com a cabeça, enquanto diz que também me ama, após algum tempo abraçados e chorando, ela me dá um beijo e se afasta.

— Que tal tomar um banho antes da quimio? Dá tempo, né? — Ela pergunta para mim e na sequência para os enfermeiros que ainda estão no quarto, eles concordam e logo se retiram. — Vem amor, deixa eu te ajudar?

Concordo com ela, que rapidamente pega  a cadeira de banho, meio contra gosto eu me sento, apesar de não achar necessário, assim que entramos no banheiro ela ajustou a cadeira de banho no chuveiro e, com delicadeza, começou a tirar minha roupa. A cada peça de roupa que removia, o toque de seus dedos era uma carícia reconfortante. Eu me senti vulnerável, mas ao mesmo tempo, mais próximo dela do que nunca. Quando ela finalmente ligou o chuveiro, a água morna sobre minha pele trouxe uma sensação de alívio.

Nicole, ainda vestida, deixou a água escorrer sobre nós dois. Seus cabelos começaram a se soltar, caindo em cascata sobre seus ombros. Eu a observei, admirando sua beleza, mesmo sob a luz fria do hospital. Ela se inclinou para me lavar, mas antes que pudesse continuar, puxei-a para mais perto. Seus olhos se arregalaram, mas ela não resistiu. Beijei-a, sentindo o gosto da água misturado com a doçura de seus lábios.

Nossos beijos se tornaram mais urgentes.

— Eu te amo! — Murmurei entre o beijo. — Quero que me deixe te dar prazer...

O desejo crescia entre nós, um lembrete do amor e da vida que existem fora dessas paredes. Minhas mãos, um pouco trêmulas, deslizaram por seu corpo, encontrando os botões de seu vestido, desabotoei-os um a um, até que ela estivesse apenas de sutiã e calcinha, ela hesitou por um momento, mas então deixou a água e a paixão tomarem conta.

Com um movimento suave, ela se livrou das últimas peças de roupa. Sua pele molhada, brilhando sob o chuveiro, era uma visão que eu queria gravar na memória. Nicole me puxou para mais perto, e eu senti seu corpo quente contra o meu. Ela se virou, encostando-se na parede do chuveiro, e como eu queria poder me enterrar dentro dela agora, mas respiro fundo, pois sei que não posso, embora esteja decidido a proporcionar-lhe um momento de prazer, ela merece ser amada também fisicamente.

Ajoelhei-me diante dela, deixando a água cair sobre mim. Aproximei-me devagar, sentindo a ansiedade misturada com a excitação. Nicole olhou para baixo, seus olhos encontrando os meus, cheios de desejo e amor. Minha boca encontrou seu centro, e eu comecei a explorá-la com minha língua, devagar, aproveitando cada momento.

Ela soltou um gemido suave, e suas mãos se agarraram aos meus ombros. O som de seu prazer foi como música para meus ouvidos. Continuei, aumentando a intensidade, e inseri um dedo junto com minha língua, seus gemidos se tornaram mais altos, mais urgentes. Sentir seu corpo tremendo de prazer era a maior recompensa que eu poderia desejar. Finalmente, ela chegou ao clímax, seu corpo se arqueando contra a parede, um grito abafado escapando de seus lábios. Eu me levantei devagar, sentindo uma satisfação profunda. Nicole me puxou para um abraço apertado nossos corpos ainda molhados e ofegantes.

— Eu te amo, Noah. — ela sussurrou, e eu sei que essas palavras carregam todo o nosso passado, presente e futuro.

— Eu também te amo, Nicole, — respondi, beijando-a mais uma vez.

A água continuou a cair sobre nós, mas não nos importamos. Por um momento, estávamos apenas nós dois, unidos em uma intimidade que nenhuma doença ou hospital poderia roubar.

Quando saímos do chuveiro, Nicole me ajudou a me secar e vestir. O toque suave da toalha em minha pele era reconfortante, quase terapêutico. Cada movimento dela era carregado de cuidado e amor, e eu me senti mais forte com sua presença ao meu lado.

— Pronto para a última sessão? —  Ela perguntou, com um sorriso encorajador.

— Mais do que nunca — respondi, tentando me encher com uma onda de determinação. — Se tudo der certo, essa será a última vez.

Nicole me ajudou a sentar na cadeira de rodas e empurrou-me pelos corredores do hospital até a sala de quimioterapia. A equipe de enfermagem já me conhecia bem, e havia uma atmosfera de esperança no ar.

— Vamos lá, Noah —  disse a enfermeira Paula, enquanto preparava os equipamentos. — Última rodada.

Olhei para Nicole, que segurou minha mão firmemente.

— Eu só quero que isso acabe logo — confessei.

— Vai acabar, amor — ela respondeu, seus olhos brilhando com lágrimas que ela segurava. — Estamos quase lá.

A sessão de quimioterapia foi longa e exaustiva, mas diferente das anteriores, desta vez havia uma sensação de encerramento. Quando tudo terminou, Nicole me ajudou a voltar para o quarto. Nós dois estávamos exaustos, mas havia uma leveza no ar, como se um peso enorme tivesse sido removido.

Os efeitos colaterais novamente foram muito fortes nos três primeiros dias, mas o ansiolítico e as sessões com a psiquiatra ajudaram bastante no meu controle emocional e cinco dias depois, chegou o momento da cirurgia. Eu estou nervoso, mas a presença de Nicole é uma fonte de força inabalável. Antes de me levarem para o centro cirúrgico, ela se inclina e me dá um beijo longo e cheio de amor.

— Vai dar tudo certo — ela sussurra em meu ouvido.

— Vai sim. — respondo, tentando acreditar nisso com todas as minhas forças.

Acordei meio perdido na sala de recuperação, Nicole, logo segurou minha mão, seu rosto iluminado por um sorriso de alívio.

— Você conseguiu, Noah —  ela disse, com lágrimas nos olhos. — Você conseguiu, a cirurgia foi um sucesso.

— Nós conseguimos amor! — Respiro fundo, agradecendo pela esperança de que agora terei um futuro. — Porque eu não conseguiria sem você.

Os dias seguintes foram desafiadores, mas cada dia era um passo em direção à recuperação. A psiquiatra, assim como minha psicóloga, me ajudaram muito, além de minha esposa que permanece inabalável ao meu lado, mesmo nos momentos em que penso em vacilar, como aconteceu quando o médico proibiu as visitas de Maitê. Minha irmã queria me visitar, mas não pôde por causa de um resfriado, então estamos apenas nos falando por telefone.

Finalmente, após mais dez longos dias no hospital, o médico entrou no quarto com a notícia que esperávamos.

— Você está pronto para ir para casa, Noah —  ele disse com um sorriso. — Vamos continuar acompanhando, mas acredito que sua batalha está chegando ao fim.

Nicole e eu nos olhamos, sentindo um misto de alívio e alegria, minhas lágrimas rolaram incontrolavelmente e minha esposa me abraçou também chorando. O caminho até aqui tinha sido árduo, mas estávamos finalmente vendo uma luz no fim do túnel.

Enquanto Nicole arrumava minhas coisas, eu a observei com gratidão.

— Você foi incrível, sabia? —  eu disse, a abraçando.

— Você foi o incrível —  ela respondeu, seus olhos cheios de amor. — Eu só estava aqui para te lembrar disso. — Ela envolveu os braços por meu pescoço e me beijou docemente.

Ao sairmos do hospital, fizemos questão de agradecer a todos que estiveram ao meu lado nessa jornada, desde a moça da limpeza, até o cirurgião mais renomado que me prestou atendimento, não importa o cargo, cada um foi fundamental ao desenvolver o seu papel, e sei que isso me ajudou.

Quando chegamos no estacionamento, olhei para o céu, o sol estava brilhando, e o ar parecia mais fresco do que nunca.

— Vamos para nossa casa... —  disse Nicole, e eu senti como se essas palavras carregassem uma promessa de novos começos.

Entramos no carro e começamos a viagem de volta para casa. Nicole dirigia, e eu olhava pela janela, absorvendo a paisagem que parecia mais vibrante e cheia de vida.