— O que? Claro que eu te amo. — Respondo ainda tentando entender o que ela está querendo dizer.
— Me ama, ou se sente na obrigação de estar comigo por conta de tudo o que aconteceu? Talvez você sinta que tem que cuidar de mim, do mesmo modo que cuida da sua irmã... — Suas lágrimas escorrem enquanto ela questiona, e eu entendo menos ainda.
— Nick, eu já disse que te amo, aliás, digo isso todos os dias, eu amo você. — Falo tentando puxá-la para meus braços, mas ela não vem e tudo que eu consigo é segurar sua mão.
— Talvez você não tenha se dado conta de que não me ama mais...
— Nicole, eu te amo, já disse isso, tento demonstrar todos os dias, não sei o que fazer, aliás, não estou nem entendo de onde você tirou essa dúvida e nem o que aconteceu para que você pensasse isso. — A interrompo sério, ela então me olha por um segundo e desvia o olhar antes de voltar a falar.
— Seu amor se transformou em amor de irmão, amigo, ou apenas carinho mesmo, desejo por mim você não sente mais. Eu sei que nós perdemos nosso bebê, ainda estamos de luto, eu passei pelo resguardo e você ficou doente, mas além de você não me procurar para fazermos amor, nem uma vez se quer, mesmo já fazendo um certo tempo que o resguardo acabou, você também não fica mais excitado ao chegar perto de mim. — Ao ouvir essas palavras, a puxo com força e a abraço.
— Meu Deus do céu Nicole, sabe qual a possibilidade de eu não te amar e não te desejar mais? — A solto do abraço e seguro em seu queixo, o erguendo para que me olhe. — Sabe?
— Não... — Ela sussurra e nega com a cabeça.
— Nenhuma, eu já te disse isso, você é a mulher da minha vida, a única que eu amei e tenho certeza que irei amar.
— E porque não me deseja mais?
— Quem disse que eu não te desejo?
— Precisa dizer? A falta de procura e a falta de ereções, falam por si só.
— Eu te desejo Nicole, tanto que chega a doer, te desejei tanto, que me senti culpado por estar sentindo falta e vontade de fazer amor, sendo que fazia apenas vinte dias que nosso filho tinha falecido, me senti um monstro insensível por sentir desejo. Eu sabia que naquele momento você além do luto estava de resguardo, e mesmo que não o tivéssemos perdido, não poderíamos fazer amor, eu poderia no máximo tocar uma...
— Noah, eu... — Ela tenta me interromper, mas eu não deixo.
— Me deixa falar até o fim, por favor... — Ela concorda e eu sorrio acariciando o rosto dela. — Não achei certo, estava muito recente nosso luto, então não me masturbei, mas três dias depois, enquanto estávamos deitados, eu novamente senti vontade, mesmo com toda a culpa que estava sentindo, meu pau estava até latejando de tanto tesão, e ter você em meus braços, mesmo que dormindo tranquilamente, não estava me ajudando muito. Então te coloquei lentamente na cama, e levantei.
— Não lembro de você saindo durante a noite da cama...
— Pois é, porque eu fiz tudo lentamente para não te acordar, fui ao banheiro e não resisti, bati uma punheta, me senti péssimo por isso, afinal você estava de luto,eu estava e ainda estou de luto. Foi então que lembrei dos remédios que tomei quando quebrei o pau, ainda tinha aqui em casa, e eu os tomei, e continuo tomando, é por isso que eu não estou tendo ereções, não é falta de desejo, só que não sabia quando seria apropriado voltar a te procurar para transarmos, não queria de alguma maneira te desrespeitar ou pressionar e passar por cima do nosso luto, por isso resolvi esperar o seu tempo.
— Desculpa... — Ela diz e me abraça. — Eu sinto falta do Noah todos os dias, mas o meu amor por você não diminuiu e nem o desejo, e eu achei que depois do resguardo, você iria dar algum sinal, não acho que exista um tempo determinado em que não podemos ou devemos não transar por conta do luto que carregamos, continuar vivendo não nos torna monstros insensíveis, apenas significa que apesar da nossa dor, nós estamos prosseguindo, também teve o fato de eu estar me sentindo gorda e feia, contribuiu para eu achar que você não me queria mais, me perdoa?
— Você sempre foi e sempre será a mulher mais linda e perfeita desse mundo. Então isso significa que você já está pronta para voltarmos a fazer amor? — Pergunto e vou beijando o pescoço dela, sinto ela se arrepiar, mas ela me faz parar e me olha.
— Eu quero, quero muito, mas amor, você foi ao médico? O que ele disse sobre você tomar esse remédio novamente?
— Não fui, tomei os que ainda tinha e comprei mais pela internet.
— Você ficou maluco Noah? Como que me toma esse troço por conta própria? Vai que te causa algum problema sério? — Ela dá um tapa em meu braço e eu a puxo novamente para meu abraço.
— Amor, eu tomei esse remédio de seis em seis horas por sessenta dias direto, não faz tudo isso que estou tomando de novo, e aumentei o intervalo e estou tomando de doze em doze horas, afinal agora não era perigoso eu ter uma ereção, só não queria que acontecesse. Se as coisas permanecessem como estavam e eu visse que iria passar de sessenta dias, eu procuraria um médico.
— Isso foi irresponsável da sua parte, você sabe que não pode tomar remédio por conta própria e me admira fazer, nem analgésico ou antitérmico você costuma aceitar bem.
— Desculpe, mas estava angustiado, achei que seria melhor opção, prometo que não faço mais, agora vem aqui... — Novamente a puxo para beija-la e ela sorri, mas me impede.
— Amor, tem mais uma coisa, eu ainda não estou pronta para engravidar novamente...
— Não falamos sobre isso com o ginecologista, lembro de ele tentar entrar no assunto, mas você o cortou dizendo que veríamos isso posteriormente, você falou sobre o assunto com a psicóloga? — Pergunto acariciando as costas dela, a verdade é que apesar de não pensar nisso, acho que também preciso de um tempo para lidar com a ideia de um outro bebê.
— Falei, ela disse que é normal esse receio e que ainda nem é recomendável mesmo, leva tempo para me recuperar da cesárea completamente. Droga, devia ter deixado o ginecologista prescrever o contraceptivo, mas...
— Tudo bem amor, podemos usar camisinha até vermos outro método. Espera um pouquinho. — Digo levantando e pego meu celular.
— O que vai fazer?
— Comprar camisinhas. — Respondo já fazendo o pedido, solto o celular em cima da cama e puxo Nicole para o meu colo. — Eu te amo tanto, você não tem noção de quanto eu gosto dessa minha mulher cheia de desejo e vontade de mim.
Beijo seu pescoço e logo encontro seus lábios, nossas línguas se entrelaçam numa vontade que torna impossível meu coração não acelerar, meu pau pulsa dentro da cueca e eu encerro o beijo selando nossos lábios, sorrio olhando nos olhos dela, pego em sua cintura a pressionando contra meu colo e digo...
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Depois da Chuva
RomanceA vida fez com que Noah amadurecesse em poucos meses, algo que a maioria das pessoas levaria anos para alcançar. Ainda muito jovem, ele teve que assumir a responsabilidade por sua família e adaptar seus sonhos pessoais a essa nova realidade. No enta...