Você é um...

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Escuto um barulho na porta, e assim que consigo me virar e olhar na direção dela, a vejo sendo empurrada e Nicole entrando feito um furacão

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Escuto um barulho na porta, e assim que consigo me virar e olhar na direção dela, a vejo sendo empurrada e Nicole entrando feito um furacão.

— Droga Noah... — Ela se aproxima correndo, assim que me vê encolhido na cama com a mão na barriga tentando apertar o estômago.

— O que está fazendo aqui Nicole? Como me achou? — Pergunto com dificuldade e gemendo de dor.

— Isso agora não interessa, vem, vou te ajudar a se vestir e vamos para o hospital.

— Não precisa...

— Como não precisa seu idiota? Você está aí se contorcendo de dor, não sei que merda fez, mas com certeza a situação que já não estava boa, piorou. Vem, deixa eu colocar sua camiseta. — Ela diz me ajudando a ficar sentado.

— Que situação? Apenas bebi demais e não caiu bem, como me achou aqui?

— Não vou discutir com você Noah, pelo menos não agora, você não está se aguentando de dor, estou vendo isso, e poupe seus esforços, eu achei seus exames na gaveta, melhor você calar a boca e fazer o que estou mandando.

—  Acho que vou vomitar... —  Com esforço me jogo para o lado, deitando meu tronco e consigo não vomitar em Nicole, mas sujo a camiseta que ela tinha me ajudado a vestir.

— Calma... — Ela corre ao banheiro e eu nem consigo levantar.

Ela volta com uma toalha molhada, pega na bolsa que eu trouxe outra camiseta e se aproxima, limpa um pouco minha boca.

— Vem, vamos sentar e trocar essa camiseta... — Ela me ajuda e termina de limpar meu rosto, se abaixa colocando uma cueca, as calças e em seguida as meias em mim, eu fico sentado, ainda com a mão sobre a barriga e tentando suportar a dor. Depois de amarrar o cadarço do meu tênis, ela levanta, dá uma olhada pelo quarto, pega minha carteira e meu celular, então volta e para na minha frente dizendo.

— Vai, ergue os braços. — Faço como ela disse e ela troca minha camiseta. —  Se apoia em mim, vou erguer sua cueca e calça e vamos para o hospital.

Levanto como ela mandou, mas preciso ficar me segurando nela, assim que fico em pé, eu a abraço, ela também me abraça e escuto ela começar a chorar, então eu sussurro.

— Me perdoa...

— Depois conversamos, agora vamos, você precisa de um médico. — Ela apenas diz secando as lágrimas.

Ao sairmos do hotel, ela passa pela recepção e entrega a chave, ela não encerra a conta, é como se fossemos voltar para cá. Sigo me apoiando nela, e ao invés de irmos para o estacionamento, saímos pela porta da frente, logo avisto o carro dela estacionado e ela me ajuda a entrar do lado do carona.

Nicole dirige em silêncio, mas mesmo sentindo muita dor, consigo perceber ela respirando fundo para não chorar e tentar manter a calma. Assim que chegamos ao hospital, ela pega meus exames que eu nem tinha visto que estavam no banco de trás e me ajuda para entrarmos, permaneço sentado enquanto ela faz a ficha e mal o médico nos cumprimenta, ela já vai falando.

— Ele bebeu doutor, e pelo que vi muito para alguém que está com câncer no estômago.

— O senhor já iniciou a quimioterapia? Está tomando medicação? E qual bebida ingeriu? — O médico questiona e já começa a olhar os exames que Nicole entregou para ele.

— Não estou fazendo nada, recebi o diagnóstico pela manhã e tomei pouco mais de meia garrafa de tequila. — Respondo e pego na mão de Nicole, que apesar de estar furiosa comigo, a segura e acaricia.

— Entendi, além da dor, teve náuseas? Vômitos? Sangue nas fezes?

— Náuseas, vômitos e um pouco de sangue no vômito. — Respondo ao médico e Nicole aperta minha mão.

— Ok, vou colocá-lo em observação para medicá-lo e entrar em contato com o seu médico, mas fique tranquilo, ele é um dos melhores oncologistas do país.

— Poderei ficar com ele doutor? — Nicole pergunta e novamente percebo que ela está se controlando para não chorar.

— Claro. Acredito que amanhã vocês poderão ir para casa, vamos lidar com a dor e ver o que o médico dele orienta.

Seguimos com o médico e uma enfermeira que ele chamou e após estarmos em um quarto, Nicole me ajuda a deitar e a enfermeira após ser orientada pelo médico nos deixa a sós, dizendo que já retorna para colocar um acesso para a medicação. Em silêncio minha mulher puxa uma cadeira e senta ao lado da cama, então pega seu telefone e após digitar algo eu escuto.

— Mãe, encontrei ele passando mal no hotel, estamos no hospital para que ele seja medicado, mas não sabemos quais procedimentos serão necessários, o médico dele vem e aí veremos, mas é certo que passaremos a noite aqui. — Nicole fica em silêncio, provavelmente ouvindo a resposta de sua mãe, mas logo prossegue. — Não, eu não falei com ele ainda, vou deixar essa conversa para quando ele estiver sem dor. Se Maitê não quiser ir para a escola amanhã, tudo bem, depois de falar com o médico eu vejo como conversar e proceder com ela. Até amanhã.

— Nicole? — A chamo pois quero conversar, quero entender o que aconteceu e o que ela está pensando.

— Fica calmo, já vão te medicar e você vai melhorar. — Ela diz acariciando minha mão.

Antes que eu possa falar mais alguma coisa, novamente sinto uma náusea muito forte e acabo vomitando um líquido amarelo com um pouco de sangue. Nicole levanta rápido, mas tudo que ela tem para me ajudar é o lençol. A enfermeira que estava entrando, se apressa em ajudá-la. Após me limpar, ela coloca o acesso e uma bolsa de soro, explicando que o medicamento está ali, e nos deixa novamente a sós, alguns minutos depois a dor que estou sentindo começa a aliviar, assim como as náuseas.

— Nicole?

— Calma, estou aqui. — Ela diz acariciando minha mão.

— Como me achou? E porque foi atrás de mim?

— Descansa Noah, depois conversamos, como está a dor?

— Já está melhorando, me fala?

— Não, agora você precisa descansar, tenta relaxar e dormir um pouco. — Ela diz e começa a acariciar meu rosto, pego na mão dela e levando até minha boca a beijo.

— Desculpe por fazer você passar por isso, eu te amo, não queria que sofresse e  se desgastasse me vendo morrer.

— Você é um idiota, mas eu te amo, você não vai morrer, está me ouvindo? Eu te proibo de dizer isso novamente, você vai se tratar e vai ficar bom. — Ela diz já chorando e me abraça. — Agora descansa, depois conversamos.

Nicole permanece me acariciando e apesar de achar que ela vai sofrer muito, acabo ficando agradecido por ela estar ao meu lado. O médico passa verificar como estou, diz que meu médico passará aqui pela manhã, então continuarei internado em observação pelas próximas horas. Quando ele sai, Nicole volta a me acariciar até que adormeço.

Acordo e permaneço em silêncio, não sei quanto tempo dormi, mas não estou com dor, Nicole está falando com alguém ao telefone, após alguns segundos ela desliga e eu a chamo.

— Amor?

— Bom dia, como está se sentindo? — Ela pergunta ao se aproximar.

— Bem, você dormiu?

— Não, mas estou bem, a enfermeira já veio colocar outro soro e te verificar, daqui a pouco devem trazer seu café e o médico vem.

— Podemos conversar? — Concordo e pergunto. Ela senta próximo a mim e suspirando fala...

Depois da ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora