Deixa eu...

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Noah

Minha mulher começa a choramingar e se debater enquanto dorme, parece que ela está tendo um pesadelo. Eu me levanto e a abraço.

— Nick, amor...

— Me solta Noah. — Ela diz chorando ao despertar em meus braços e noto que sua respiração está ofegante.

— Tubo bem. — Me desfaço do abraço e me afasto um pouco. — Acho que você estava tendo um pesadelo, como se sente?

— Não era pior que a realidade. O que você está fazendo aqui? — Ela seca o rosto e se senta na cama.

— Cuidando da minha família... — Sei que vamos precisar conversar sobre as fotos que ela recebeu, mas não quero fazer isso agora, Nicole está parecendo tão frágil, que tenho medo de ela tenha algo mais sério se começarmos a discutir.

— Sua família? — Ela cruza os braços. — Acho que não sou mais sua família, vai embora Noah. — Ela levanta e eu também.

— Não faz isso amor, nós precisamos conversar, eu sei que fui um babaca, eu tinha que ter imaginado que o bebê era uma linda surpresa para mim, estou tão feliz por termos ele. Me perdoa, eu não devia ter desconfiado de você...

— Isso já nem importa mais, deixamos de ser uma família no momento em que sua desconfiança te levou para a cama de outra, ou talvez não, talvez o caso fosse de antes, não sei... — Ela se vira e vai em direção ao banheiro. — A hora que eu sair do banheiro, não quero te ver aqui.

Passo as mãos pelo rosto, me sentindo frustrado, como vou me defender se nem ao menos me o que aconteceu? Mas não posso e não quero deixá-la aqui sozinha, me sento na poltrona e abaixo a cabeça sob os joelhos. Fico respirando fundo e pensando no que fazer. Quando escuto o barulho da porta se abrindo, eu me levanto e vou até ela.

— Nick, sei que nós precisamos conversar e esclarecer as coisas, mas estou preocupado com a saúde de vocês. Por favor, deixa eu ficar com você, sua mãe está em casa com a Maitê, quando você receber alta nós conversamos.

— Pode ir, eu fico sozinha, o médico disse que eu vou receber alta pela manhã...

— Isso antes de você passar mal de novo. — Eu a interrompo e ela suspira. — Me deixa cuidar de você e do nosso filho, por favor?

— Você quer ficar, ótimo, você fica, mas eu vou esclarecer as coisas. Eu não quero saber as razões que te levaram a me trair, não quero ouvir. Quando chegarmos em casa, você vai arrumar suas coisas e vai embora, nosso casamento pra mim acabou.

O desespero me bate, mas tento me controlar, acho melhor deixar Nicole desabafar, se eu tentar rebater agora, ela pode ficar nervosa e eu não quero isso. Abaixo minha cabeça e a chamo baixo, apenas para que ela não ache que não vou tentar alterar essa situação.

— Nick...

— Não quero te ouvir, você que vai me escutar, assim que possível, faremos um exame de DNA, não quero dúvidas sobre a paternidade do meu bebê, e isso não é por mim ou por você Noah, e sim por ele, meu filho vai saber quem é o pai, mesmo que esse pai o tenha rejeitado...

— Não precisa, eu sei que é meu, e não vou rejeitar ou abandonar nosso filho.

— Sei que agora sabe, mas eu faço questão de fazer o exame e lógico que não vou te impedir de conviver com o bebê se você quiser. Além disso, na separação se você me deixar escolher, eu prefiro ficar com o prédio onde é a empresa ao invés da casa. — Os olhos dela enchem novamente de lágrimas. — Será mais fácil conseguir outro lugar para morar, do que mudar a empresa de lugar.

— Isso não vai acontecer, eu não pretendo me separar de você. Só que agora não é hora de você se preocupar com isso, ainda é de madrugada, e você precisa descansar, em casa conversaremos sobre tudo isso.

Ela nega com a cabeça, mas acaba se deitando e fica olhando para o teto. Eu me aproximo e levo a mão ao seu cabelo para o acariciar.

— Não faz isso... — Ela fecha os olhos e respira fundo.

— Desculpa! — tiro minha mão dela e me sento na poltrona. Fico remoendo meus pensamentos, Nicole não olha mais para o lado em que estou, e quase de manhã eu acabo adormecendo.

Acordo com a enfermeira entrando, graças a Deus a pressão de Nicole está normal agora, ela toma o café da manhã e eu me recuso a sair até mesmo para comprar algo. São quase nove horas da manhã, e o médico entra sorrindo e olhando o prontuário dela.

— Vou liberá-la para ir para casa, mas agende o mais rápido possível uma consulta com seu obstetra, para ele acompanhar de perto essa pressão, e tente não se estressar, lembre-se que o mais importante agora, é sua saúde e a do seu bebezinho.

Agradecemos ao médico e assim que ele sai, Nicole vai trocar de roupa. Seguimos para meu carro e durante o trajeto ela vai olhando pela janela, nem sequer olhou para mim ou falou comigo.

Assim que entramos, Maitê corre abraçá-la.

— Você sarou Nick? Vem aqui, eu vou cuidar de você... — Minha irmã a pega pela mão e só depois que Nicole se senta no sofá, é que minha irmã volta até mim me abraçando. — Eu estava com saudade Noah.

— Eu também princesinha. Como você está?

— Bem, vem aqui... — Ela me puxa até o sofá, me fazendo sentar ao lado de Nicole, que olha para ela e força um sorriso.

— Lindinha, eu e seu irmão precisamos falar com você. — Nicole diz e as palavras dela saem tão tristes, que minha irmã mesmo sendo criança, percebe que tem algo errado e desfaz o sorriso, eu então interrompo minha esposa.

— Nick, podemos conversar primeiro, só nós dois?

Ela me olha séria e... 

Depois da ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora