algumas coisas...

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Um policial chega dizendo que tem visita para mim, mas que o delegado orientou que eu fosse algemado

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Um policial chega dizendo que tem visita para mim, mas que o delegado orientou que eu fosse algemado.

— Quem está aí? — Pergunto ansioso, não me importando muito com a questão da algema, quero notícias da minha família.

— Pelo que entendi, seu advogado e sua esposa. — Meu coração acelera. — Coloca as mãos para frente por favor.

— Isso é mesmo necessário? Eu não sou bandido.

— São ordens do delegado, temos que cumprir.

Estendo as mãos e ele me algema, novamente me sinto um bosta e um bandido. Sou encaminhado para uma sala, onde me sento de cabeça baixa, e logo escuto a porta ser aberta, mas não tenho coragem de levantar a cabeça, então sinto os braços de minha esposa me envolverem.

— Como você está meu amor? Deixa eu te olhar... — Ela diz e pega em meu rosto, né dá um beijo e eu não consigo conter minhas lágrimas. — Não chora, te machucaram?

— Não, eu estou bem, quer dizer... E você? E nossas meninas? — Nego com a cabeça e começo a respirar fundo.

— Elas estão bem, estão em casa com minha mãe, Maitê e uma babá. Eu agora estou bem. — Ela me abraça novamente.

— Bom Noah, temos um problema. — O advogado diz, Nicole me solta do abraço, mas permanece ao meu lado, acariciando minha mão e eu olho para ele.

— Daniel está negando a versão de vocês, ele diz que o que você viu, foi uma traição da sua esposa...

— Tenho certeza que isso é mentira, e os policiais mesmo viram o estado de choque em que Nicole ficou.

—  Eu entendo, porém a única coisa que temos a nosso favor é isso, o laudo médico dizendo que Nicole teve um forte abalo emocional, porém, qualquer advogado pode tentar alegar que isso ocorreu por ter sido pega em flagrante. O que causará dúvidas da índole dela e por consequência do depoimento.

— Isso significa que vou continuar preso?

— Por enquanto sim, já solicitei para que responda em liberdade, mas meu pedido ainda não foi analisado pelo juiz, porém, é bem provável que seja negado, a menos que apareça algum fato novo, que é o que estamos buscando no momento.

Não consigo falar nada, apenas volto a chorar, Nicole me abraça e sussurra em meu ouvido.

— Nós vamos resolver isso, eu estou aqui agora, me perdoa ter ficado em choque e de deixado sozinho...

— Você não tem que pedir perdão de nada, o que aconteceu foi culpa minha, eu coloquei aquele canalha dentro da nossa casa e ainda não consegui cuidar de você. Olha pra mim... — Ela se desfaz do abraço e me fixa o olhar no meu. — Você está bem mesmo?

— Estou amor, passei a noite no hospital, a médica que me atendeu achou melhor, mas ontem mesmo eu consegui voltar a mim, acho que só precisava de um tempo para assimilar o que estava acontecendo.

— Se você passou a noite no hospital, como as meninas estão mamando? — Pergunto, pois sinto que faltam algumas coisas nessa história da Nicole.

— Elas estão tomando mamadeira, não estou mais dando o peito.

Engulo em seco a vontade que sinto de socar a cara do Daniel de novo, eu conheço Nicole, sei que não está mentindo, mas também sei que deixou de me contar algumas coisas. Antes que eu possa dizer algo, um policial bate no vidro da porta e meu advogado fala:

— Bom, temos que ir, viemos mais porque sua esposa queria te ver e para te tranquilizar quando o estado dela e de suas filhas.

Suspiro e minha esposa me dá um beijo, dizendo que me ama e que logo sairei daqui. Eles vão embora e eu sou encaminhado de volta para a cela.

O tempo se arrasta, eu não consegui comer o restante do dia, mesmo pensando em minha família, pensando que elas precisam que eu esteja forte, todas as vezes que tentei, acabei sentindo náuseas e vomitando.

Quatro dias passaram, e eu sinto que vou definhar nesse lugar, o pedido para eu responder em liberdade foi negado, e fui informado que nos próximos dias devo ser transferido para um complexo penitenciário.

Recebi algumas roupas e produtos de higiene, minha esposa também mandou algumas frutas e biscoitos, mas não permitiram que eu a visse.

Desde a visita de Nicole, que praticamente não como, nem água, estou conseguindo tomar, o desespero e o medo de continuar preso não sei por quanto tempo, estão tomando conta de mim e já fazem dois dias que não coloco absolutamente nada no estômago.

Estou me sentindo fraco, com tonturas, dor de cabeça e muito enjoado, sei que preciso comer, mas eu não consigo. Permaneço deitado, contando os segundos que não passam, até que escuto Nicole me chamar, e acho que estou delirando.

— Noah... Acabou! Vamos para casa. — Novamente penso estar delirando, mas olho para as grades e não, não é um sonho, Nicole está parada segurando nas grades, ao lado do meu advogado e do policial que está abrindo a cela. Eu rapidamente me levanto, mas a tontura e fraqueza me fazem cambalear. — Noah!

Me sento novamente e coloco as mãos na cabeça respirando fundo, nem sei se pode, mas Nicole entra na cela e corre me abraçar, enquanto meu advogado fala.

— Calma rapaz! Deu tudo certo, o processo contra você será arquivado sem nenhuma anotação se quer na sua ficha criminal. Agora é seguir com sua vida, e deixar que a justiça cuide de Daniel.

Minhas lágrimas escorrem enquanto eu respiro fundo tentando afastar as náuseas e  a dor de cabeça. Nicole me abraça, mas fala com o advogado.

— Ele não está bem, preciso de um médico. — Ela se ajoelha em minha frente. — Fala comigo Noah, consegue dizer o que está sentindo?

— Estou tonto, com muita dor de cabeça e enjoado, mas...

— Ah meu Deus! — Ela me interrompe. — Vem, se apoia em mim e levanta devagar, vamos para o hospital.

Vejo que ela está tentando controlar seu nervosismo, ela respira devagar enquanto me ajuda a levantar. Damos alguns passos devagar e eu a chamo.

— Nick, eu...

Depois da ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora