Não tenho tempo de nada, simplesmente minha vista fica turva, minha cabeça parece girar, sinto o chão sumir debaixo dos meus pés e tudo apaga.
Quando acordo, olho em volta e demoro um pouco para perceber que estou em uma ambulância. Olho para o lado e vejo Nicole, ela está chorando, levanto a mão e não consigo mover muito o corpo.
— O senhor consegue me entender? — Um homem que imagino ser paramédico me olha e pergunta. — Movo a cabeça em concordância e ele começa a verificar meus sinais. — Ótimo, fique tranquilo, já chegaremos ao hospital.
Não demora, estou em um quarto de hospital com alguns médicos me examinando, e após alguns minutos e colherem sangue para um exame, um deles fala com Nicole, que permaneceu o tempo todo me observando.
— Pode ficar tranquila, aparentemente os sintomas são resultado de desidratação e fadiga. Vamos entrar com soro e uma medicação leve para tratar os sintomas, enquanto aguardamos o resultado do exame.
Nicole agradece ao médico e eu apesar de estar louco para ver minhas filhas e minha irmã, não falo nada, sei que preciso desse cuidado agora e preciso permitir que Nicole fique tranquila quanto a minha saúde. Assim que o médico sai, ela se aproxima.
— Você me assustou.
— Desculpa. — Ela me dá um beijo e eu mesmo com dificuldade a abraço. — Eu te amo!
Uma enfermeira entra e nos afastamos, coloca o soro em mim, e assim que ela sai, Nicole senta ao meu lado.
— Descansa meu amor, se Deus quiser, logo vamos para casa.
— Quero saber o que aconteceu?
— Em casa conversamos, meu bem agora, descansa.
— Mas...
— Mas nada, você vai descansar, está tudo bem, depois conversamos. Fica quietinho, fica. — Ela beija minha testa e começa a me acariciar, em pouco tempo começo a me sentir sonolento e logo adormeço.
Acordo me sentindo bem e com muita fome, olho para o lado e Nicole sorri para mim enquanto se ajeita na poltrona.
— Que horas são, amor? Estou com fome e sede...
— Isso é ótimo, são dez da manhã. Como se sente?
— Bem, só com muita fome, nem parece que dormi tão pouco...
Ela ri e se levanta.
— Você dormiu muito, para ser mais exata, a tarde e a noite toda. Viemos para cá ontem de manhã.
— Tudo isso? E você está tranquila assim? — Pergunto me sentando e ela me entrega um copo de água.
— Agora estou, teu exame de sangue não acusou nada, o doutor Sanders descobriu que você não comeu e pouco dormiu esses dias, então o médico disse que você foi vencido pela exaustão, e que tirando a desidratação, você estava bem e só precisava se hidratar e descansar. Mas fique sabendo, que vamos fazer uma bateria de exames ainda essa semana, já até marquei para depois de amanhã a consulta com seu médico.
— Quando vou pra casa?
— Não sei, vou chamar o médico... — Ela me dá um beijo rápido e sai, pouco tempo depois entra com um médico.
— Descansou Noah? Como se sente? — Ele pergunta se aproximando.
— Sim, descansei, estou bem, com fome e louco para ir pra casa.
Ele me examina enquanto Nicole permanece ao meu lado.
— Bom, vamos fazer o seguinte, agora você pode tomar um chá com biscoitos, mas coma devagar. No almoço já pode comer normalmente, se estiver bem e não vomitar, umas duas horas depois do almoço, eu te libero.
Concordo e ele sai, logo trazem o chá e os biscoitos e eu começo a comer, e enquanto tomo alguns goles do chá, resolvo conversar com minha esposa.
— Nick? O que aconteceu? Como conseguiram me tirar da cadeia?
— Melhor deixar isso pra quando chegarmos em casa, não acha?
— Não, ainda vamos ficar algumas horas aqui, quando chegar em casa, quero colocar, você, Maitê e nossas filhas na nossa cama, e ficar abraçado com vocês, estou morrendo de saudades.
— Tudo bem, vem aqui. — Ela me ajuda a levantar, pega o celular e sentamos no sofá. — Amor, como você sabe, o Daniel quando acordou e conseguiu falar, disse que não tentou nada forçado comigo, ele disse que nós dois tínhamos um caso e que você descobriu, porque nos pegou no flagra.
— E eu tenho certeza absoluta que isso é mentira... Não teria nem sentido uma coisa dessas, ainda mais que foi você mesma quem pediu socorro, e eu não gosto nem de imaginar o que teria acontecido se você não tivesse conseguido me pedir ajuda... — Pego na mão dela e ela me acaricia. — Você está bem mesmo? Ele não te machucou?
— Estou bem, quando vi ele no chão , foi que realmente me dei conta do que ele iria fazer e o que poderia ter acontecido comigo. — Ela enche os olhos de lágrimas. — Eu não conseguia pensar em mais nada, só fiquei imaginando o que aconteceria e lembrando dele em cima de mim, ele tentou me beijar enquanto me segurava...
— Sinto muito, meu amor. — Eu a abraço e ele suspira.
— Nem lembro direito como chegamos ao hospital, tudo é um borrão na minha mente, até que fui para o exame, e ali comecei a chorar muito, chamaram uma médica, que começou a falar comigo e então me medicaram, de manhã eu ainda estava meio aérea.
— Está tudo bem amor, acho que é normal ficar traumatizado com uma situação dessas....
— Eu sei, mas foi só quando a psicóloga veio e começamos a conversar, ela me falou do que aconteceu com as meninas por conta do mama e que você estava preso, foi aí que eu consegui reagir, eu vi que precisava reagir. Sai do hospital a revelia, fui em casa, graças a Deus nossas princesas aceitaram bem a fórmula, mas fui medicada no hospital e depois que vi vocês, voltei ao médico, estou tomando um ansiolítico, e por isso parei de vez de amamentar.
Nicole baixa o olhar, como se estivesse envergonhada, eu espero por um momento, então seguro em seu queixo e a faço a olhar para mim.
— Você não tem culpa, é uma mãe maravilhosa, é uma pena não poder mais amamentar, mas se nossas princesas estão bem, fique tranquila. — Dou um beijo nela.
— Bem, precisávamos de coisas que nos ajudassem a provar que agiu em minha defesa, e não tínhamos nada. Confesso que também estava curiosa em saber porque Daniel estava alegando que tinha um caso comigo, o advogado disse que provavelmente para não responder por tentativa de estupro, mas eu sentia que não era isso, então...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Depois da Chuva
RomanceA vida fez com que Noah amadurecesse em poucos meses, algo que a maioria das pessoas levaria anos para alcançar. Ainda muito jovem, ele teve que assumir a responsabilidade por sua família e adaptar seus sonhos pessoais a essa nova realidade. No enta...