Vida normal

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Noah

Ao Nicole estacionar eu respirei fundo, observo por um momento nossa casa, não consigo me mover, sinto uma emoção tão grande por finalmente estar aqui e poder imaginar que teremos um futuro. Nem percebi que Nicole desceu, só me dei conta disso quando ela abriu a porta do carro para que eu descesse.

— Está tudo bem amor? — Não consigo respondê-la, apenas concordo com a cabeça, ela me abraça e eu desabo em um choro aliviado.— Está tudo bem, você está bem, vamos entrar, temos uma garotinha ansiosa para te abraçar lá na sala.

Sorrio e Nicole seca minhas lágrimas, ela me estende a mão e caminhamos devagar, sei que minha aparência ainda não é das melhores, ainda estou bastante magro e  sem cabelos, mas minha boca já não está tão rachada e segundo minha esposa, eu estou cada dia mais corado e com menos olheiras, também ainda me sinto um pouco fraco e debilitado, mas em comparação ao modo como vinha me sentindo, estou muito bem.

Assim que Nicole abre a porta, minha irmã corre em nossa direção, seus pequenos braços envolvem minha cintura em um abraço doce e eu levo minhas mãos à cabeça dela, e acaricio seus cabelos.

— Que saudades minha princesinha, como você está? Vamos sentar, quero te pegar no colo e te dar um beijo. — Falo naturalmente, mesmo achando uma merda não poder pegar minha irmã em meus braços como sempre fiz.

— Vem Noah, eu fiz uma surpresa... — Ela sorri e pega na minha mão querendo me arrastar.

— Calma, Lindinha, Noah ainda precisa ir devagar. — Nicole a orienta, mas vejo que Maitê está ansiosa.

— Onde estamos indo? — Pergunto, assim que percebo que ela está me puxando em direção a escada.

— Eu e a Branca arrumamos o quarto de vocês, vem... — Ela não aguenta e acaba falando, Nicole sorri para mim.

— Lá em cima? — Pergunto com as palavras enroscando em minha garganta.

— Sim, meu amor, nós conversamos e as duas arrumaram tudo, estamos voltando para o nosso quarto.

Pego na mão da minha esposa e subimos os três juntos, vou tentando conter minhas lágrimas, sei que pode parecer besteira, mas como é bom saber que já sou capaz de subir e descer o lance de escadas. Assim que Maitê empurra a porta, as lágrimas me vencem e rolam por minha face, nosso quarto ainda é o mesmo, elas trocaram apenas as cortinas e a roupa de cama, mesmo assim essa novidade de voltar para o meu quarto me alegrou muito.

— Eu amo vocês.

— Também te amamos, agora é melhor descansar um pouco, você ainda precisa se recuperar da cirurgia.

Minha esposa me ajuda a deitar e Maitê fica conosco, ela nos conta o que fez esses dias e passamos o restante da manhã no quarto. Na hora do almoço nós descemos, minha sogra almoçou conosco e passamos a tarde na sala de televisão.

Os próximos dias passei em casa, Nicole não aceitou que eu retornasse ao serviço ou as aulas, e mesmo achando um exagero da parte dela, eu permaneci fazendo tudo conforme ela pedia, e até achei que o tempo demoraria mais para passar, mas estar em casa e bem, fez com que eu aproveitasse cada momento.

Acordei antes do amanhecer, o quarto ainda mergulhado na penumbra. Nicole está ao meu lado, dormindo profundamente, hoje receberemos respostas e estou muito ansioso. Toquei o ombro dela, acordando-a suavemente. Ela abriu os olhos e, ao me ver, abriu aquele sorriso que sempre consegue acalmar meus nervos.

— Bom dia, amor! — disse ela, com a voz ainda sonolenta.

— Bom dia. Pronta para um dia longo? —   Perguntei, tentando soar mais confiante do que me sentia, e me aproximei depositando um beijo em seus lábios.

Depois da ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora