O Último Jantar De Harper

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Suzana Morgan

Eu nunca me esqueci da noite em que minha mãe morreu, simplesmente porque era difícil demais de esquecer.

Lembro como se fosse ontem, mesmo que tenha acontecido quando eu tinha 17 anos. Foi a época em que eu ainda morava com ela, e decidi ter minha própria independência.

Morar com minha mãe era como morar num inferno. Ela fumava demais, e sempre teve dependência emocional em meu pai.

Não era por esse motivo que eu odiava ela, e talvez eu ainda odeio. Ela poderia ter explicado desde o início o que havia acontecido com o meu pai, e o motivo pelo qual estava tentando me esconder do mundo.

Não era uma maneira boa de tentar me proteger, era a maneira dela de tentar se proteger de mim. Mas obviamente uma hora ou outra eu precisava saber, mas era tarde demais para tomar alguma atitude em relação a minha condição psíquica.

Quando se é diagnosticada com Sociopatia e Borderline não tem nada a se fazer, a não ser tentar procurar tratamento. Mas eu não quis e ninguém poderia me obrigar.

Eles tinham medo de mim, mas eu nunca cheguei a descobrir se o meu pai tinha medo também. Simplesmente por que eu nunca o conheci.

Nunca ter visto o rosto do próprio pai é cruel demais. Mas eu dei um jeito, assim que fui embora da casa da minha mãe. Eu consegui achar fotos dele no nosso álbum de família e então trouxe algumas comigo.

Eu não sei por que mantinha elas comigo, mas sempre quis saber em que presídio meu pai estava até hoje. Ninguém nunca me deu essa informação, cheguei a conclusão que se eu quisesse saber sobre isso teria que buscar informações eu mesma.

É, já se passou na minha cabeça diversas vezes visitar o meu pai. Talvez ele seja o único que entenda tudo o que eu fiz, ou talvez quando ele souber... Ele iria me odiar.

Mas ele não tinha um diagnóstico preciso do que tinha de verdade, ele era agressivo e compulsivo. Mas a maneira que ele se comportava com meus familiares era doentia, no máximo eu conseguia dar pequenas olhadas de longe -- mas sempre havia perigo quando ele estava por perto, ainda sim eu queria conhecê-lo.

Depois que ele pagou uma sentença de seis anos na cadeia pelos crimes que cometeu, - pela tentativa de assassinar minha mãe, pelas agressões, por cerca de três assassinatos e envolvimento com drogas. Ele simplesmente foi solto depois de um tempo. Com dinheiro ele conseguiu se livrar facilmente da sentença enorme e passou pouco tempo lá.

Porém quando eu completei meus 17 anos e estava pronta para sair da casa da minha mãe, ele foi preso mais uma vez. Dessa vez foi uma sentença de quatro anos.

Eu tenho que admitir ... Foi minha culpa.

Eu incriminei ele.

[...]

Harper estava cinco minutos atrasada, mas eu não tinha pressa nenhuma. Principalmente por que eu sei que o jantar de hoje que eu vou ter com ela, não vai ser apenas um jantar amigável e normal.

Eu estava tentando me distrair de alguma forma, assim que terminei de preparar a comida eu peguei o meu celular e vi que depois de quase três dias meu namorado finalmente havia respondido minhas mensagens. Há um motivo pra isso na verdade, ele trabalha numa agência de modelos.

Minha Doce Bailarina | Candy PopOnde histórias criam vida. Descubra agora