Revelação

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"Eu matei ela." --- Suzana Morgan.

Suzana Morgan

Harper podia ficar concentrada o bastante na comida em seu prato para devorá-la em questão de segundos, para que finalmente as coisas acontecessem como eu planejei. Mas ela apenas deu uma colherada e fez uma longa pausa me encarando, por um segundo fiquei quieta, meu sorriso sumiu. Ela percebeu?

Harper: eu sei que eu passei muitos anos sem te ver ou ao menos entrar em contato com você, mas eu nunca deixei de me preocupar com você. É só que ... Eu nunca consegui superar a morte da minha irmã, e acredito que foi ainda mais difícil pra você. --- falou brevemente enchendo a colher com mais comida, e eu suspiro de alívio começando a comer minha comida também.

Suzana: mesmo assim eu acho que isso não era um bom motivo para tentar esquecer da minha existência não é? Eu sinto, que na verdade você só queria evitar mais problemas. Você e ela... Sentiam medo de mim. --- falei calmamente, tentando de toda a maneira continuar falando com calma. Ter um surto agora não vai me ajudar a finalizar isso tudo.

Harper: não tentei esquecer sua existência ... --- ela para de comer por um segundo, encaro seu prato vendo que a comida ainda estava pela metade. --- eu só estava tentando focar na minha própria superação. Acreditei que você estava bem, mas resolvi confirmar isso.

Suzana: então ficou mais claro pra você agora que eu estou pior do que antes e que claramente a culpa é toda sua e da minha mãe? --- perguntei baixo encarando ela brevemente, ela balança a cabeça.

Prestei bastante atenção, quando ela pegou a taça de vinho em mãos e deu um gole grande.

Harper: era culpa do seu pai! E por culpa dele ela está morta. --- ela fala alto, e eu paro de comer por um segundo encarando ela friamente nos olhos.

Suzana: eu nunca vi meu pai na minha vida, eu já estava destinada a ficar daquele jeito antes mesmo de ficar. Mas vocês resolveram adiantar as coisas do próprio jeito que cada uma tinha de lidar: que é simplesmente me esconder do mundo como se eu fosse uma doença horrivel. --- falei vagamente, minha voz começou a falhar, e lentamente fui alterando a voz. --- não foi culpa do meu pai que estou assim, eu nunca vi o meu pai. Nunca vi o rosto dele, a não ser por fotos, eu nunca falei com ele. A culpa NÃO FOI DO MEU PAI!

Harper: Suzana, você precisa entender que ele é um assassino. Mesmo sendo seu pai não deixa de ser um assassino, o que fizemos foi pelo seu bem. --- ela fala delicadamente, e de repente eu me calo. Fico quieta totalmente, um silêncio desconfortável se espalha pela sala.

Tudo o que podemos ouvir agora é os sons meio fortes dos trovões lá fora, está começando a chover fortemente.

Eu quebro o silêncio batendo com força e de forma estrondosa minha mão com a mesa de madeira, emitindo um som tão forte que isso assusta Harper pra valer.

Suzana: meu pai não teve nada a ver com isso. --- falei num tom frio, com o olhar fixo no prato. Ela não entendeu isso como uma revelação, ela entendeu isso como se eu estivesse tendo um surto psicótico ou algo assim.

Harper: eu sei que foi um choque, eu realmente sei que foi. Quando eu te telefonei naquela noite você chorou muito, como nunca tinha chorado antes. --- ela fala baixo pegando a taça de vinho mais uma vez.

Suzana: se eu te dissesse que aquelas eram lágrimas falsas seriam um outro choque também? --- pergunto seriamente e ela fica quieta de repente.

Minha Doce Bailarina | Candy PopOnde histórias criam vida. Descubra agora