Dívida Inacabada

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Candy Pop

A palma da minha mão está esquentando relativamente, enquanto lentamente o corte no pescoço de Suzana ia se fechando como uma agulha e linha costurando um pano.

Esse processo é árduo e doloroso, pode ser extremamente cansativo dependendo do tamanho do corte e da capacidade física da pessoa para suportar a dor. Jack foi traiçoeiro ao esfaqueá-la bem na jugular, cortes assim são dolorosos na cicatrização.

Eu seguro a garota fortemente pela cintura, pois eu sabia que ela ficaria acabar até mesmo desmaiando de tanta dor. Seus olhos se fecham e se apertam de tanta dor, enquanto lentamente o corte vai cicatrizando. É quase como se não fosse acabar, é um processo torturante para um ser humano suportar. É como um raio laser forte e violento.

Ela apoia a mão em meu ombro e aperta com as unhas de forma meio violenta, seu aperto estranhamente me faz sentir calor de algum jeito. E isso piora, quando Suzana acaba soltando um gemido baixo de pura agoniante dor. Nunca imaginei que para mim seria um som satisfatório para ouvir.

Quando o corte finalmente cicatrizou por completo, ela suspirou aliviada. Gotas de suor deslizam em sua testa, e seu corpo se mexe levemente para a frente. Por tanta dor que sentiu era óbvio que ela ficaria cansada.

Suzana inevitavelmente quase perde o equilíbrio mas eu a mantenho em pé, sentindo a sua cabeça batendo contra o meu peito por um segundo. O que me fez paralisar no lugar por um instante, meu coração acelerou e por algum motivo não fiz nenhum movimento se quer. Era como se eu fosse um humano, tentando me manter parado para não assustar um gatinho filhote que está em meus braços.

Deslizo meus dedos pelo pescoço dela no lugar em que eu havia curado, não ficou se quer uma marca. Esfrego meu polegar em círculos no pescoço dele por um segundo, talvez eu estivesse apenas com medo dela ter outro surto de raiva de novo. Ou, talvez eu queira mantê-la por perto. Talvez, eu estranhamente goste de tê-la assim perto de mim. Só por um segundo, ela parecia um animalzinho assustado e indefeso.

Estou encarando fixamente seu rosto pacífico mas ainda meio cansado, esfrego meu polegar para cima e para baixo em seu pescoço.

Mas eu logo parei o movimento quando vi os olhos brilhantes e mortais de Suzana me encarando como uma fera pronta para me atacar, isso me fez perceber que ela não é um animalzinho assustado e indefeso.

Ela se afasta rapidamente pra trás se recompondo do seu próprio cansaço, eu poderia quase pensar que o meu contato físico havia pelo menos acalmado ela um pouco. Mas eu estava errado.

Suzana: eu prefiro sangrar até a morte do que receber a sua ajuda de novo, então vê se para de se intrometer na minha vida ok? Eu quase morri por irresponsabilidade sua. --- ela falou alterando a voz, deixando explícita a sua amargura. Eu não disse nada, me mantive quieto enquanto analisava suas expressões faciais.

Ou pelo menos ela quer que eu pense que estou errado.

Ela me encara furiosa sem entender o porquê eu não dei uma resposta, às vezes parece que ela quer que eu revide tudo do mesmo jeito.

Candy Pop: você quer ter um motivo pra me odiar, até quando não tem. --- falei com a voz simples, e dessa vez foi ela que ficou quieta. Dou um sorriso pequeno ao ver que eu estava certo.

Suzana: mas eu tenho, e vários. --- fala com frieza e revira os olhos, ela me dá às costas e eu ponho as mãos nos bolsos andando despreocupadamente atrás dela. O carro atrás da gente provavelmente não teria mais conserto graças ao desequilíbrio dela.

Candy Pop: me dê cinco motivos para você me odiar. --- falei simples, não esperando que ela tivesse mais que cinco.

Suzana: um: você me perserguiu. Dois: me enganou com as suas ilusões. Três: fez a minha melhor amiga descobrir sobre mim, quatro: apagou a memória dela depois para me manipular. Cinco: me fez ter uma paralisia de sono. Seis: estragou a minha apresentação e fez um massacre desnecessário. Sete: me fez matar Nana. Oito: me manipulou com um tempo medíocre só pra eu aceitar seu contrato. Nove: me fez ser presa, e quase ser senteciada há mais de vinte anos. Dez: está tentando se vingar de mim por causa de uma defunta que você era obcecada e que estranhamente era parecida comigo. Onze: um inimigo seu quer me matar por sua culpa. --- fala calmamente virando a cabeça pra me encarar de uma forma mortal, a metralhadora ainda em mãos. Engoli seco e desviei o olhar rapidamente. --- quer mais motivos ou esses já bastam?

Minha Doce Bailarina | Candy PopOnde histórias criam vida. Descubra agora