Pantanal

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Sempre fui fascinada pela fauna e flora, especialmente por anfíbios e répteis. Desde pequena, passava horas observando lagartixas no quintal e pererecas na lagoa perto de casa. Sonhava em conhecer o Pantanal, um bioma rico em biodiversidade e com uma grande variedade de espécies.

Finalmente, meu sonho se tornou realidade. Fui aprovada em um curso de seis meses sobre a fauna do Pantanal. A emoção era tanta que mal consegui dormir na noite anterior à viagem.

Ao chegar no Pantanal, me senti em outro mundo. A vastidão da planície, a beleza dos rios e a variedade de animais me deixaram maravilhada. Logo no primeiro dia, vi uma onça-pintada cruzando a estrada e um jacaré do  papo amarelo tomando sol na beira do rio.

-Ela existe de verdade, Professor Aloísio. Meus olhos estão fascinados com a imponência da Onça.

- Sim, Juliana. Ela existe de verdade. Ele me olha rindo, talvez da minha jardineira emborrachada e galocha e chapéu de palha, mas minha jardineira é personalizada com vários sapinhos até no meu calçado.

Nos meses seguintes, dediquei-me a estudar a fauna local. Participei de expedições para observar animais em seu habitat natural, aprendi a identificar diferentes espécies e até mesmo a coletar dados para pesquisas científicas.

Cada dia era uma nova aventura. Eu caminhava pelo bioma, observando cada detalhe possível. Tirava fotos, fazia anotações e me encantava com a beleza das criaturas que encontrava.

Vi cobras de todos os tipos, desde a pequena jararaca até a enorme sucuri. Observei jacarés, capivaras, tuiuiús, araras e muitos outros animais. Cada um com suas características e comportamentos únicos.

O curso me proporcionou uma experiência única e inesquecível. Aprendi muito sobre a fauna do Pantanal e me apaixonei ainda mais por esse bioma tão importante para a biodiversidade do planeta.

A noite caía sobre a fazenda no Pantanal era minha última semana de estudos, um manto negro salpicado de diamantes cintilantes. Sentada na varanda, eu me deixava envolver pelo silêncio, apenas quebrado pelo canto dos grilos e o coaxar distante das rãs. A brisa fresca acariciava seu rosto, carregando o perfume da terra úmida e da vegetação exuberante.

De repente, um brilho fugaz chamou minha atenção. No meio da folhagem densa, algo vibrava com cores vivas, como um pequeno farol em meio à escuridão. Me aproximo com cuidado, o coração batendo forte no peito. Era uma perereca, mas não uma comum. Sua pele, banhada pela luz da lua, emanava um brilho verde, vermelha e amarela fluorescente, como se estivesse magicamente iluminada por dentro.

Fico paralisada, tomada por uma mistura de admiração e encantamento. Já havia lido sobre essa espécie rara, descoberta recentemente no Pantanal, mas nunca imaginara que teria a sorte de presenciar tamanha beleza. A perereca, alheia à sua presença, saltitava entre as folhas, um espetáculo único de cores e movimentos.

Lembrou-me dos estudos na faculdade, das aulas sobre a biodiversidade do Pantanal, da importância da preservação daquele bioma rico e frágil. Senti uma onda de gratidão por ter a oportunidade de estar ali, testemunhando a magnificência da natureza brasileira.

Em um momento de pura contemplação, decidi não registrar a cena. Percebo que aquele era um momento único e especial, que pertencia apenas a mim e à perereca fluorescente. Uma experiência sensorial que jamais seria esquecida, guardada para sempre em meu coração como um tesouro precioso.

Ao observar a perereca, me fez sentir conectada à natureza de uma maneira profunda e transformadora. Percebo que a verdadeira beleza reside nos momentos simples, nas pequenas maravilhas que muitas vezes passam despercebidas aos nossos olhos. A partir daquele dia, me comprometi a observar o mundo com mais atenção, a apreciar cada detalhe da natureza que me cercava.

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