Juliana Lopes Fontes
O frio do ar condicionado do auditório do batalhão dos bombeiros militares contrastava com o calor que emanava do meu interior. Respirei fundo, tentando acalmar os nervos antes de iniciar a palestra. Hoje era um dia importante: eu, Juliana, finalmente realizaria o sonho de ministrar um workshop sobre o comportamento de animais silvestres e domésticos, focando nas ocorrências mais frequentes de resgate pelos bombeiros.
Preparei-me com afinco, revisando cada slide, cada estatística, cada vídeo explicativo. Meu objetivo era transmitir aos militares não apenas conhecimento técnico, mas também sensibilidade para lidar com essas criaturas em situações de estresse.
Ao longe, ouvi o burburinho da tropa se aproximando. Os bombeiros, em suas fardas impecáveis, entraram no auditório com passos firmes e postura ereta. Entre eles, Rodolfo, meu amor não correspondido. O coração disparou ao vê-lo sorrindo para mim, mas desviei o olhar, fingindo indiferença.
Com a voz firme, iniciei a palestra. Apresentei as características comportamentais de cada tipo de animal, seus habitats naturais e os riscos que correm em ambientes urbanos. Expliquei as técnicas mais adequadas para resgatá-los com segurança, minimizando o estresse e evitando acidentes para os animais e para humanos.
As horas se passaram rapidamente, e logo o workshop chegou ao fim. Me despedi dos bombeiros, agradecendo a oportunidade e me apressando para sair do auditório. Queria distância de Rodolfo, dos sentimentos que ainda nutria.
No caminho, passei pela beira da piscina do batalhão. De repente, ouvi a voz dele me chamando. Ignorei, seguindo em frente. Mas Rodolfo insistiu. Ao me virar para responder, perdi o equilíbrio e caí na parte mais funda da piscina.
Embora soubesse nadar, o peso da mochila me atrapalhou. Meus braços se debatiam inutilmente, a água gelada entrando em meus pulmões. O pânico me dominou.
De repente, senti uma mão forte me puxando para fora da água. Era Rodolfo, me salvando.
Ambos molhados e ofegantes, nos encaramos por um longo instante sentados na beira da piscina. Em seus olhos, vi preocupação, mas também algo mais: um sentimento que era familiar. Sem pensar duas vezes, inclinei-me e o beijei.
Era meu primeiro beijo, ainda no meu primeiro amor, e era tudo o que sempre sonhei. Um beijo doce, apaixonado, que selava um amor que achava impossível.
A partir daquele dia, cavei minha cova. Nossos caminhos se entrelaçam novamente, e o que antes era apenas um sonho distante se tornou realidade, meu primeiro beijo foi com meu amor, Rodolfo!
O amor floresceu em meu coração, mais forte do que jamais poderia imaginar. E tudo começou quando percebi que meu melhor amigo era também meu crush. Agora estou beijando seus lábios carnudos que sempre desejei sentir, mesmo correspondendo sei que somente me vê como amiga. Solto seus lábios, ainda estamos sentados na piscina do batalhão dos bombeiros, ele coloca a sua mãos fortes na minha bochecha e coloca sua testa na minha.
- Jujuba, não esperava por isso! Ele parece ter gostado, mas a cena dele me rejeitando não sai da minha cabeça. Tiro sua mão e tento me levantar.
- Desculpa, isso não vai mais acontecer. Rodolfo, mil desculpas, por esse equívoco. Sei que não sou nada para você, foi muito impulsiva na minha reação, não vai mais acontecer. Tento sair, mas ele me abraça por trás.
- Eu quero muito que se repita, Jujuba. Em ação rápida me solto dos seus braços. Olho para ele e digo firme.
- Não quero pena de ninguém, muito menos de você. Sua resposta já foi dada, não acredito que do nada, você goste de mim, então pare de perturbar meu juízo, deixe-me esquecer de uma vez. Não precisa me acompanhar até a saída, sei o caminho. Saio depressa, para não cometer mais um erro.
- Jujuba, por favor, acredite em mim! Ele fala. Neste momento estou chorando. Sei que ele não gosta de mim. Caminho sem me atrever olhar para trás.
Saio do batalhão toda encharcada, mas também com minha dignidade jogada na lata do lixo, quando beijei Rodolfo. Meu primeiro beijo em uma cena de cinema, mas no fundo foi o mais lindo. É uma mistura de frustração e satisfação. Comemoro como foi o gol da copa do mundo.
- Eu beijei meu crush, uhu! Foi maravilhoso! Dou pulinhos enquanto caminho para ponto de ônibus, até agora parece ter borboletas na minha barriga. Falo sozinha.
Sei que talvez fique triste mais tarde, mas agora que finalmente não sou virgem de boca, que meu sonho se realizou, beijei meu primeiro amor. Estou feliz, que vou caminhando para casa, que depois iria me render uma tremenda dor nas pernas, mas não importa, estou feliz demais.
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Jujuba e suas aventuras
RomanceEla é alegre, doce, gentil. Ela é uma bióloga que ama os animais e a natureza, em especial os anfíbios pavor do seu pai Delegado federal Fernando Fontes. Será que Jujuba vai se dar bem na Matéria do amor? Será que ainda vai continuar assustando seu...