Sou alvo, sempre!

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Saio de casa em direção à casa da minha amiga Greta Cândido, recém-formada no curso de moda na mesma faculdade que eu. Ela me alugará o vestido para o casamento da minha irmã, com seu conceito de moda para diversidade, onde suas roupas atendem aos diferentes biotipos de corpos e preços acessíveis a todos.

Rejeitei a carona do Frederico, não querendo que ele percebesse a tristeza que me acompanha após mais uma frustração familiar. Pego o ônibus, perdida em pensamentos, até chegar à casa da Greta.

Ao me receber com empolgação, ela logo percebe minha melancolia. Tenta me incentivar a desabafar, mas prefiro guardar meus sentimentos para mim. Pego o vestido e o deixo na casa da Thanisia, que mora perto dali.

Rapidamente, pego um Uber para a faculdade, pois já estou atrasada. Ao entrar no auditório, o diretor e professor Aloísio informa sobre os danos causados pelo incêndio no prédio de Ciências Naturais. Nesse momento, a dispensa dos funcionários contratados é anunciada, como eu já imaginava.

Ao final da reunião, minha colega Jacinta, também contratada, suspira fundo e me olha com pesar. Nos levantamos para sair, mas o professor Aloísio nos chama.

Ao nos aproximarmos, ele elogia nosso brilhante trabalho no laboratório, mas lamenta não poder nos manter no emprego. No entanto, ele conseguiu uma entrevista em um curso pré-preparatório para o Enem com uma conhecida. Ele entrega o endereço anotado em pequeno papel, mas as entrevistas são hoje no período da tarde.

A notícia acendeu uma fagulha de esperança em meio à tristeza. Uma nova oportunidade surge, e a chance de seguirmos em frente se torna real. Jacinta e eu nos entreolhamos com um sorriso tímido, agarrando-nos à essa chance de recomeço.

Enquanto estávamos em direção ao endereço, meus pensamentos se dividem entre a tristeza pela perda do emprego e a esperança por um novo começo. Sei que o caminho será árduo, mas a força da amizade e a vontade de superar os desafios me impulsionam a seguir em frente.

Algumas horas depois...

Com o coração batendo forte de ansiedade, eu e Jacinta chegamos ao endereço fornecido pelo professor Aloísio para a entrevista de emprego como monitoras de biologia no curso pré-preparatório para o Enem. O cursinho era bastante conceituado em Brasília, frequentado por alunos da alta sociedade, filhos de ricos e poderosos. Preenchemos uma ficha com dados pessoais, tinham algumas pessoas na nossa frente.

Enquanto aguardamos nossa vez na recepção, especulamos sobre as perguntas que seriam feitas e como nos apresentaríamos da melhor maneira possível. O nervosismo era evidente em nossos olhares, mas também a determinação de vencermos esse desafio.

Após alguns minutos, Jacinta foi chamada para a entrevista. Observei-a entrar na sala com um misto de apreensão e admiração. Tinha certeza de que ela se sairia bem, mas a espera me deixou ainda mais ansiosa.

Alguns minutos se passaram, e Jacinta saiu da sala com os olhos lacrimejando. Meu coração se apertou com a sensação de que algo ruim havia acontecido. Ela me deu um aceno de cabeça, indicando que eu deveria entrar.

Respirei fundo e entrei na sala, me deparando com um ambiente moderno e sofisticado. Um quadro branco, uma tela interativa e computadores em todas as mesas completavam o cenário. Cinco pessoas, provavelmente os donos e/ou coordenadores do cursinho, me observavam com atenção.

Um deles, com um sorriso cordial no rosto, me pediu para desenvolver o tema "Células Procariotas e Eucariotas". Tinha apenas 10 minutos para apresentar o conteúdo de forma clara e concisa.

Com a agilidade e o conhecimento que adquiri durante meus anos de estudo, iniciei a explicação, utilizando o quadro branco para desenhar e fazer anotações. Minha voz firme e meu entusiasmo transpareciam a paixão que eu sentia pela biologia.

Jujuba e suas aventuras Onde histórias criam vida. Descubra agora