A Dança

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Observava Frederico e Juliana dançando na pista, uma onda de ciúmes me dominando. Sentado à mesa distante com meu pai Victor, minha mãe Lilian, minha irmã caçula Michele e meu amigo Cassiano, sentia seus olhares curiosos sobre mim. Michele, com seu jeito provocador, não perdeu tempo:

- Que casal bonito, né Rodolfo?

Um aperto no peito me dominou enquanto via Juliana abraçar e beijar o rosto de Frederico. Michele, impiedosa, continuou:

- Era para ser você, aproveitando esses carinhos. Mas preferiu recusar a garota. Ela não perdoa.

- Para de provocar seu irmão, Michele. Minha mãe repreende. Ela sorri.

- Só estou dizendo a verdade, né Cassiano. Ela olha para seu namorado.

-Sim, meu amor. Ele concorda. Com olhar como se lembrasse da nossa conversa.

- Não precisa esfregar sal na minha ferida, irmãzinha querida. Digo olhando em olhos.

Levantei-me abruptamente, com o rosto queimando de raiva e frustração. O banheiro era meu refúgio, um lugar para lavar o rosto e tentar acalmar meus pensamentos confusos.

Ao sair pela porta, os primeiros acordes de "ABC" do The Jackson 5 tomaram conta do salão. Uma onda de nostalgia me dominou. Eu e Juliana, aos 12 anos, havíamos feito uma apresentação musical juntos com essa música na escola. Sem pensar duas vezes, me dirigi à pista de dança.

Ao me aproximar dela, por um momento, hesitou, como se quisesse evitar contato. Mas, ao segurá-la pela cintura, seus olhos se iluminaram e um sorriso radiante se formou em seus lábios.

Revivendo a coreografia que havíamos criado anos atrás, nossos corpos se moviam em perfeita sintonia. A melodia contagiante e a alegria contagiante de Juliana me transportaram para um mundo onde apenas nós dois existimos.

Enquanto ela dançava em meus braços, meus pensamentos se voltavam para a letra da música, que expressava com perfeição meus sentimentos por ela. "ABC" era um acróstico que descrevia a perfeição de Juliana: "A" de amável, "B" de bela, "C" de charmosa, "D" de doce... tenho adjetivos para cada letra do alfabeto

Ao final da música, o sorriso de Juliana permaneceu intacto, mas seus olhos transmitiam uma certa melancolia. Ela se afastou, dirigindo-se à sacada do salão.

Sem hesitar, a segui. Ao seu lado, respirei fundo e confessei:

- Juliana, tive medo quando se declarou. Mas senti muita sua falta. Percebi que meus sentimentos por são reais. Você me daria uma segunda chance?.

Seu olhar se tornou firme e sua voz soou enérgica:

- Rodolfo, não quero mais nada com você. Vou encontrar alguém que me ame pelo que sou, não um covarde que foge de seus próprios sentimentos.

Diante de sua resposta contundente, senti meu mundo desmoronar. O peso da culpa e da perda me oprimiu. Perdi a chance de ser feliz com a mulher que amava, e agora precisaria lidar com as consequências da minha covardia.

Juliana se afastou, deixando-me sozinho com a amarga sensação de ter perdido o amor da minha vida. As palavras dela ecoavam em minha mente: "um covarde". Essa era a definição que eu mesmo havia criado para mim.

Naquele momento, jurei que jamais repetiria o mesmo erro. A partir de agora, seria honesto comigo mesmo e com meus sentimentos. Buscaria a felicidade, mesmo que isso significasse enfrentar meus medos e lutar pelo que realmente desejava.

A jornada seria árdua, mas estava determinado a provar que era capaz de não ser mais do que um covarde. Era hora de me tornar o homem que Juliana merecia.

Jujuba e suas aventuras Onde histórias criam vida. Descubra agora