Última tarefa

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20 dias para formatura...

O sono profundo foi interrompido por um grito agudo e luzes fortes. Era 3 da manhã. Mais um dia corrido na Academia, mas este prometia ser diferente. A adrenalina já pulsava em minhas veias. A voz do comandante ecoou pelo alojamento, ordenando que nos apresentássemos rapidamente. A formatura se aproximava, faltavam apenas vinte dias, e a Academia nos reservava uma última surpresa.

Vestígios de sono ainda me acompanhavam enquanto vestia o uniforme camuflado. A expectativa era palpável entre os cadetes. A ordem era clara: embarcar no ônibus. O veículo serpenteou pelas ruas escuras da cidade, levando-nos a um destino desconhecido. Minutos depois, uma venda cobria meus olhos, isolando-me do mundo exterior.

O ônibus parou e fomos conduzidos para fora. A brisa da madrugada carregava um aroma familiar, úmido e terroso. Era o cheiro da mata, inconfundível. Tinha certeza de que estávamos sendo levados para mais uma de nossas famosas operações simuladas na floresta.

Após uma longa caminhada, a venda foi retirada. Estávamos no meio da mata, cercados por árvores gigantescas e a densa vegetação. O comandante, com a voz grave, nos informou sobre a missão: encontrar um garimpo ilegal que estava causando sérios danos ambientais na região. A adrenalina que antes se insinuava agora explodiu em meu corpo. Estávamos prestes a colocar em prática tudo o que aprendemos na Academia.

A missão final havia começado. A floresta, antes apenas um cenário visto pela janela do alojamento, agora era um campo de batalha onde a honra e o futuro da nossa profissão estavam em jogo.

Os professores nos deixaram sozinhos, entregando a nós a responsabilidade de liderar a equipe. A discussão se iniciou quase imediatamente. Cada um defendia sua estratégia, sua rota, sua visão sobre como encontrar o garimpo. O clima era tenso, a adrenalina nos deixava agitados e ansiosos para agir.

Enquanto meus colegas se debatiam em um mar de opiniões divergentes, me afastei do grupo. Encontrei um local plano e macio, sob a proteção de uma grande árvore, e deitei-me. A floresta, com seus sons noturnos, acalmava. O crepitar dos galhos, o canto distante de um pássaro noturno, o ruído sutil da folhagem balançando ao vento - tudo isso me conectava com a natureza, com algo maior do que a missão em si.

- Juliana, por que está tão tranquila? perguntou Pedro, um dos meus melhores amigos na Academia.

- A mata tem vida própria, Pedro. Animais silvestres com hábitos noturnos podem nos causar mais problemas do que o garimpo. É melhor esperar o dia amanhecer para seguirmos em frente.

- Mas e se perdermos tempo? perguntou Ana, sempre impaciente.

- O tempo é nosso aliado nessa missão. A noite é deles, o dia será nosso.

- Você não é a líder, Juliana. Maurício retruca. Eu vou comandar vocês. Continuo com os olhos fechados.

- Por mim, pode liderar, mas vou esperar amanhecer, querido líder. Se quiser explorar a mata, fica à vontade Maurício.

- E o que estou indo fazer, bando de perdedores. Vamos achar o garimpo. Maurício, Pedro, Luis e Ana. Saíram sem rumo pela floresta.

- O dia já está amanhecendo, quem quiser pode acompanhá-los. Sete pessoas ficaram junto comigo, enquanto o restante foram de maneira egoísta para encontrar o garimpo.

Os olhares se voltaram para mim, surpresos com minha calma. Afinal, era tão competitiva quanto eles, mas naquele momento, a razão me dizia que a cautela era a melhor estratégia.

- Juliana tem razão, concordou Rafael, o mais experiente do grupo. A floresta é imprevisível, especialmente à noite. Vamos descansar e seguirmos em frente com o nascer do sol.

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