Fernando Fontes
O domingo de manhã raiou sereno em nossa casa, após o fim de semana revigorante no hotel de águas termais. Ao entrar, encontramos Ritinha na cozinha, logo Olivia conversando animadamente com sobre as massagens e os banhos relaxantes. Subi as escadas com o coração transbordando de paz e felicidade, pronto para compartilhar com meus filhos a alegria do reencontro.
Primeiro, passei pelos quartos dos quadrigêmeos. Eles dormiam profundamente, cada um em sua pose engraçada e característica deles, desses de pequenos. Abri a porta do quarto de Juliana com cautela, encontrando-a entreaberta. Sem anunciar minha presença, entrei e congelei ao ver um ferimento nas costas dela.
- O que é isso, minha filha?, perguntei com preocupação, sentando-me ao seu lado na cama.
Ela se assustou com a minha chegada repentina e tentou disfarçar, dizendo que se machucara acidentalmente. Mas eu não era bobo. Juliana nunca conseguiu mentir, pois seus olhos denunciavam o contrário.
Com firmeza, mas sem perder a calma, insisti em saber a verdade. Ela pediu para falarmos baixo, como se estivesse com medo de que Olivia ouvisse. E então, entre lágrimas e soluços, ela me contou tudo sobre a festa na casa dos Santoro e o ataque do pai de Frederico com um taco de beisebol.
Meu coração se apertou com a revelação. Senti um aperto no peito ao perceber que minha filha, tão jovem e inocente, estava se aproximando perigosamente dos mesmos erros que eu cometi no passado, confundindo paixão com amor verdadeiro.
Com delicadeza, ajudei-a a passar a pomada no machucado e vestir uma blusa de algodão. Seus olhos, cheios de súplica, imploravam para que eu não odiasse Frederico. Ela dizia que o amava e que só queria protegê-lo do pai violento.
Naquele momento, senti uma mistura de raiva, impotência e profunda tristeza. Como pai, meu dever era protegê-la de qualquer mal, mas também precisava respeitar seus sentimentos. Sabia que não poderia proibi-la de ver Frederico, mas precisaria encontrar uma maneira de fazê-la entender os perigos de um relacionamento com alguém que colocava sua segurança em risco.
Com voz firme, mas serena, a aconselhei a ter cuidado e a não se expor a novas situações de perigo. Prometi que estaria sempre ao seu lado, pronto para defendê-la e guiá-la no caminho certo.
Enquanto a observava adormecer em meus braços, assim como fazia quando era criança, senti uma onda de determinação tomar conta de mim. Não permitiria que Juliana repetisse meus erros. A protegeria com todas as minhas forças, mesmo que isso significasse enfrentar os meus próprios demônios do passado.
O domingo em família transbordava de alegria contagiante. Laura, radiante após sua lua de mel, contava histórias engraçadas da viagem enquanto os quadrigêmeos a cercavam, ansiosos por cada palavra. Juliana, com um sorriso tímido nos lábios, observava tudo de canto, tentando disfarçar a dor que latejava em suas costas.
Em meio à felicidade contagiante, meus pensamentos se voltavam para o meu passado conturbado com Valentina. As lembranças da relação tóxica que marcou minha juventude me inundavam, e o medo de ver Juliana repetir meus erros me consumia.
Ao abraçá-la, percebi a rigidez em seu corpo, a dor mal disfarçada. A fúria me invadiu. Nunca havia levantado a mão para meus filhos, e a ideia de alguém ter machucado minha menina me enfurecia.
No silêncio da noite, quando Olivia e eu nos deitamos, ela questionou minha inquietação. Não pude esconder a verdade. Contei tudo sobre o ataque do pai a Frederico e o machucado nas costas de Juliana.
Olivia ficou horrorizada e indignada com a situação. Apesar da preocupação, pedi para respeitar o momento de Juliana.
Ambos estávamos cientes do perigo que esse relacionamento representava para nossa filha. Frederico, com seu histórico conturbado, não era alguém que eu considerasse digno de Juliana.
Naquela noite, adormecemos com o coração apertado, unidos na preocupação com o futuro da nossa menina. Sabíamos que precisávamos agir, mas também entendemos que precisávamos fazê-lo com cautela e respeito a Juliana.
No dia seguinte, iniciei uma conversa franca com Juliana. Expressei minha preocupação com o relacionamento com Frederico e pedi que ela fosse honesta comigo sobre seus sentimentos.
Ela se defendeu, alegando que o amava e que ele era o homem que ela havia entregado o coração, alma e corpo. A intensidade que profere as palavras me dá a certeza que minha menina abriu seu coração totalmente para ele, mas não estava convencido que Frederico também tinha a mesma força para amá-la. Nos olhos de Juliana, eu vi a mim mesmo, tive medo e incerteza que assombram minha história com Valentina. Eu me entreguei totalmente a uma pessoa que tinha valores e princípios diferentes dos meus.
Com o coração partido, mas determinado a protegê-la, decidi tomar uma atitude. Conversei com Olivia e juntos respeitamos o sentimento dela por Frederico, mas de agora em diante vamos estar atentos nesse relacionamento.
Sabíamos que seria um caminho difícil, mas estávamos dispostos a enfrentar qualquer obstáculo para garantir a felicidade e segurança da nossa filha.
Depois da manhã de conversar, Juliana saiu do carro animada para o trabalho, deixou Olivia na doceria e vou direto para o prédio PF. Procuro Felipe, me recordo dele ter investigado os negócios do pai de Frederico. O delegado Felipe não estava presente, pois saiu para diligência. Então, peço a Pedro que descubra tudo sobre a família Santoro, em especial sobre Vilmar Santoro.
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Jujuba e suas aventuras
RomantizmEla é alegre, doce, gentil. Ela é uma bióloga que ama os animais e a natureza, em especial os anfíbios pavor do seu pai Delegado federal Fernando Fontes. Será que Jujuba vai se dar bem na Matéria do amor? Será que ainda vai continuar assustando seu...