Decisão agridoce

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Juliana Lopes Fontes

O aroma do café fresco e do pão quente se misturava ao som animado da minha família na mesa do café da manhã. Laura e Henrique, sorriam com um brilho especial nos olhos, a cegonha alegrou o coração deles. Finalmente havia recebido o resultado oficial do TAF: aprovada! A próxima etapa é um curso de cinco meses na Academia Nacional de Polícia, em Brasília. A distância da minha casa até a ANP era de 28 minutos, um privilégio, mas estava preocupada, pois depois da formatura, o agente precisa escolher um lugar de locação para trabalhar, e somente depois de três anos pode pedir transferência, Distrito Federal era um dos lugares mais concorridos. Eu não gostaria de trabalhar longe de casa, então preciso focar com todas as minhas forças para ocupar os primeiros lugares, sendo assim, terei mais chance de uma vaga no Distrito Federal.

Era meu sonho que estava perseguindo,pois desejava trabalhar com meu pai ainda na ativa, e a sensação de conquista era indescritível dentro de mim. Mas, no fundo do meu coração, havia uma nuvem de tristeza. Cinco meses longe dos pais, dos irmãos, namorado, da casa... Uma distância que seria difícil principalmente para meu pai e Rodolfo, que sempre foi mais apegado à família.

Com a voz carregada de emoção, compartilho a notícia com a família. A alegria inicial logo se transformou em um clima triste. Meu pai não escondeu sua frustração.

- Cinco meses sem te ver, Juliana? Mas a academia fica a apenas 30 minutos daqui!

- Papai, preciso focar totalmente no curso, o senhor sabe o quanto sou dispersa, se ficar vindo em casa no momento de folga, não vou conseguir me sair bem.

- Ficar sem falar e ver sua família acha que a solução? Ele retruca.

- Sim, vou me dedicar e vou conseguir a primeira colocação no curso, assim terei a chance de escolher o Distrito Federal como minha locação, assim seremos colegas de trabalho. Sorrio para amenizar.

- Não concordo com isso, Juliana. Não é regime fechado, mas se sua decisão, não vou me intrometer. Ele se levanta da mesa, com a cara emburrada. Minha mãe diz:

- Fernando, tenta compreender os pensamentos dela, o sonho é trabalhar contigo. Ele coloca a xícara na pia e grita:

- Cinco meses longe e sem falar no telefone, isolamento total, eu não consigo. Na época do Pantanal eu tinha chamadas de vídeo, agora nem isso. Se você consegue ficar sem falar com sua filha, eu não! Ele caminha em direção às escadas.

- Paiiiii! Por favor, preciso fazer isso! Não fica chateado! Eu vou atrás dele.

- Tudo bem, não estou chateado. Vou descansar mais um pouco. Ele soube para o quarto. Théo fala:

- Pai, achei que íamos na academia, o senhor desistiu? Ele responde.

- Estou sem ânimo. Podem ir, na realidade nenhum dos meus filhos precisa de me ver ou falar com esse velho aqui. Escuto a porta do quarto se fechando. Olho para minha mãe.

- Mãe, eu prometo que vou fazer o meu melhor. Vou me dedicar ao máximo para me formar e conseguir a vaga que tanto quero. E assim que conseguir, vou estar mais perto de vocês do que nunca. Ela se levanta e me abraça.

- Eu te compreendo, minha filha! Seu pai às vezes é um pouco dramático, mas logo passa. Vou conversar com ele, tá bom. Eu também sou assim, quando tenho uma meta, preciso focar cem porcento.

As minhas palavras foram sinceras, mas o Sr. Fontes estava chateado. A ideia de ficar tanto tempo sem me ver era difícil dele aceitar, agora precisava contar para Rodolfo. Com a festa surpresa dos meus pais e sua nova rotina com advogado, hoje só iríamos nos ver somente comemoração.

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