Prisão

142 20 2
                                    

Rodolfo Dias

Alguns dias atrás...

Embarquei às 19:00 do dia anterior, avião está pousando às 08:15 da manhã estou em solo brasileiro, depois de treze horas de vôo. Estou com o coração na mão, quero ver Juliana. Nada vai me impedir de chegar até ela.

Ao desembarcar no aeroporto de Brasília, uma surpresa inesperada me aguardava. O Coronel Quintino, acompanhado por mais dois bombeiros, estava à minha espera na área de desembarque. Com um tom severo, o coronel me deu voz de prisão por insubordinação.

Tentei argumentar, explicar os motivos que me levaram a desistir do curso em Boston, mas ele não quis ouvir. Fui levado à força para a viatura dos bombeiros, me sentindo humilhado e impotente.

No quartel, meus pertences pessoais foram confiscados e fui colocado em uma cela solitária. A angústia me consumia. Meus pensamentos se voltavam para Juliana, sem saber como ela estava ou o que pensaria da minha situação.

Cassiano, meu amigo, cunhado e colega de profissão, apareceu com a refeição. Implorei para que ele buscasse notícias de Juliana e avisasse meu pai sobre minha prisão. A indignação era evidente em seu rosto. Ele não podia acreditar no descaso com o qual eu estava sendo tratado.

- Mas Rodolfo, você desistiu do seu sonho! Como pode abrir mão de tudo isso?, ele questionou, incrédulo. Com firmeza, respondi. 

- O meu sonho agora é Juliana. Ser bombeiro ou não ser não importa mais. Só quero que ela esteja bem.

- Meu amigo, sua situação está complicada, coronel quer te comer vivo. Ele argumenta.

- Por favor, busque notícias de Juliana. Meu coração está apertado. 

- Vou tentar, mas fica tranquilo, ela está se recuperando bem. Sua irmã me contou ontem, mas ainda está na UTI. Sua irmã não deveria ter contado.

- Ela fez certo, nunca me sentiria bem sabendo que Juliana estava passando por isso enquanto estava em Boston, eu a amo! 

Cinco dias passaram em completo isolamento. Sem contato com ninguém, a ansiedade corroía-me. Finalmente, fui levado à sala do Coronel Quintino. Ele me repreendeu veementemente por ter abandonado o curso em Boston e desobedecido uma ordem direta.

- Olha para você, como pode desonrar a imagem do seu avô. Ele está tão nervoso, que não consegue me olhar.

- Cada palavra proferida a mim, era a certeza que minha escolha foi a correta. Sei do legado do meu avô, mas eu não era ele. Eu sou Rodolfo, quero o meu próprio legado, seja dentro ou fora do corpo de bombeiro, mas acima de tudo queria Juliana comigo, disso não vou abrir mão. Cansado de suas palavras, interrompi-o: 

- Coronel, peço minha exoneração do Corpo de Bombeiros. Não pretendo mais servir a uma instituição, sei do legado do meu avô, mas eu não sou ele. Quero sair para ver a mulher que amo.

O coronel ficou atordoado com a minha decisão. Ele nunca imaginaria que eu tomaria uma atitude tão radical. No fim, ele me liberou e ficou de pensar sobre meu pedido. Saí do quartel com a sensação de dever cumprido. Havia tomado a decisão mais difícil da minha vida, mas sabia que era a única maneira de seguir em frente e lutar pelo meu verdadeiro amor: Juliana.

Fui até minha casa, para tomar um banho e ir até o hospital, mas tive que ouvir o sermão do meu pai, mas felizmente minha mãe estava do meu lado, compreendeu minha decisão. 

- Você apoia essa decisão dele, Lilian. Meu pai estava nervoso com apoio da minha mãe.

- Sim, e a vida dele. Ele não é uma cópia do meu pai, meu filho decide sobre as escolhas na própria vida. Ele não é um criminoso para ficar preso. Ela me abraça.

- Pai, sei da sua decepção, mas essa é minha escolha. Deixa subir, quero ver Juliana. Subo até meu quarto. Depois de alguns minutos desço, pego informações com minha mãe. Entro meu jipe e vou em busca da minha Jujuba.

Jujuba e suas aventuras Onde histórias criam vida. Descubra agora