Indo para casa

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Música desse capítulo.

Juliana Lopes Fontes

Acreditei que iria receber alta, mas o exames deram alteração, acabei precisando ficar mais tempo no hospital.

45 dias depois do ataque...

No espelho do quarto do hospital refletia a minha imagem, pálida e magra, mas com um brilho de esperança nos meus olhos. A alta médica era a chave para deixar para trás aqueles dias tenebrosos que lutei pela minha vida após o ataque brutal dos sapos assassinos.

As minhas mãos tremiam enquanto ajustava o lenço nos cabelos. Cada toque no meu corpo era um símbolo da sua força e resiliência. A cada passo que dava em direção à porta, a sensação de liberdade se intensificava.

De repente, um som familiar interrompeu meus pensamentos. Era a maçaneta da porta girando, me virei, o meu coração batendo descompassado. Frederico Santoro, meu ex-namorado, entrando no quarto, com olhos marejados de lágrimas.

- Juliana, meu amor..., ele murmurou, avançando em sua direção. Ele segurou meu rosto e me beijou intensamente, correspondo ao toque dos seus lábios. Meus sentimentos por ele sempre foram reais e intenso, acredito que também tenha sido para ele, mas esse Frederico não é o que me apaixonei.

Recuou instintivamente, o medo voltando a apertar o meu peito. O Frederico que conhecia, doce e gentil, havia desaparecido. Em seu lugar, um homem frio, arrogante e promíscuo, que havia me afastado e abandonado nosso amor.

- Frederico, por favor..., imploro, com a voz fraca. Eu preciso me valorizar.

Ele ignorou seu pedido, aproximando-se com determinação. Seus lábios tocaram os dela com urgência, mas a minha resposta foi a inércia..Me afastei, os olhos cheios de repulsa. Ele tem me abraçar.

Não, digo com firmeza. Acabou! Frederico na minha frente não é o mesmo que voei, o que me entreguei e que amei a maneira doce e encantadora que conquistou meu coração. O Frederico de agora não me respeita, age como crueldade e vingança, mimado e egoísta, desse quero distância.

Frederico suplicou, ajoelhando-se aos seus pés. Prometeu mudança, arrependimento eterno. Mas as palavras não me soavam verdadeiras. Sabia que o homem que ele era agora jamais voltaria a ser o que Frederico queria está comigo, mas à sua maneira.

- Levante-se, Frederico, ordenei-lhe com a voz firme apesar da dor. Eu estou decidida, por favor aceite.

Com lágrimas nos olhos, o ergue. Pego minha bolsa e saio do quarto, deixando Frederico sozinho. Mesmo com dificuldade caminho pelo corredor com lágrimas nos olhos, pois ainda amo, meu crocodilo, mas não poderia estar com uma pessoa que fala palavras cruéis somente porque não foi feito a sua vontade, a solidão não era um fardo, mas sim manter firme na decisão que este amor não deu certo. Sinto um toque nos braços, quando me viro ele me abraça forte.

- Frederico, por favor! Me solta. Ele sussurra no ouvido.

- Último abraço, Juliana. Ele me encara. Eu perdi você. A única coisa boa que tive na vida, mas eu mesmo afastei. É impossível não me emocionar com aquele olhar de criança carente, desejando ser amado.

- Eu tentei, Fred. Você precisa buscar ajuda, eu não consigo mais. Preciso pensar em mim. Abraço com força e beijo o seu rosto. Saio dos seus braços, neste momento meu pai surge com minha mãe.

Caminho deixando o meu coração com ele, infelizmente não deu certo. Nosso para sempre não durou. Me aproximo dos meus pais.

- Vamos embora. Estou chorando. Caminho em direção a saída.

- Ele fez algo com você, minha filha. Porque eu.... Interrompo meu pai.

- Papai, vamos para casa agora. Meu pai tenta falar, mas minha mãe segura seus braços.

- Vamos, Fernando. Antes de sair do corredor, olho para trás, ele está sozinho chorando. Eu queria muito consolá-lo, mas ele não abriu mão do orgulho e do seu ego.

Me despeço de toda a equipe que cuidou de mim, agradeço por cada carinho e força que eles me deram neste 45 dias de internação. Quando entro no carro fico em silêncio. Sou inundada com as lembranças que tinha do Frederico. Quando dançamos no casamento, nosso vôo de parapente, nossos beijos, olhares que trocamos, abraços e tudo que poderíamos ser, mas não conseguimos concluir.

Com o coração ainda dolorido, as lágrimas escorriam dos meus olhos, mas tinha certeza que foi melhor assim. Quando chego em casa tenho uma festa de boas vindas, mas infelizmente não me sinto bem, todos percebem a tristeza no meu rosto. Com a ajuda de Gustavo vou para o quarto de hóspedes no primeiro andar da minha casa. Me deito na cama, meu amor por Frederico foi real e especial em cada detalhe, minha frustração fica nas dúvidas que carrego no peito, talvez poderia insistir mais ou dar mais uma chance? Será que ele realmente pode mudar? O realmente não era para ser? De repente Rodolfo entra no quarto, então escondo meu rosto. Grito:

- Você não bate mais? Ele se senta na cama.

- Você está assim, Frederico te procurou? Sou áspera na minha resposta.

- Isso não é da sua conta, Rodolfo. Para de se meter na minha vida. Ele acaricia minhas costas.

- Pode chorar, vem! Vou lhe dar meu ombro. Ele abre os braços. Sem pensar, me levanto e abraço seu corpo com força. Eu coloco toda dor para fora.

- Chora, minha Jujuba! Logo essa dor vai passar. As lágrimas brotam dos meus olhos. Isso, não deixe nada no seu coração, minha amiga. Entre soluços, digo.

- Porque não podemos dar certo? Porque ele fez aquilo? Porque ele é assim, Rodolfo? Ele me responde.

- Eu não sei, Jujuba, mas tenho certeza que vai passar. O coração sempre se cola novamente. Dê um tempo para ele, logo você vai amar novamente. O afago das carícias do meu melhor amigo, acalma meu pranto.

Rodolfo me abraça e balança meu corpo, ele sempre faz isso quando estou triste, me consola com seu braços fortes e suas mãos suaves, sinto o sono dominar meu corpo,logo adormeço no seu ombro amigo.

Jujuba e suas aventuras Onde histórias criam vida. Descubra agora