Adeus

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Rodolfo Dias

Desse dia que Megan está hospedada aqui em casa, tranco a porta do meu quarto para não ter surpresas desagradáveis. Estou refletindo muito sobre a minha carreira no corpo de bombeiro. Sempre foi um sonho, mas agora está se transformando em um fardo muito grande na minha vida. A água do chuveiro, não espanta meus pensamentos agitados e confusos. Enquanto me visto, um sorriso se forma no meu rosto, ao ver a foto da minha Jujuba na mesa de estudo.

- Saudades de você, meu amor! Toco na imagem no porta retrato.

Quatro dias. Quatro longos dias sem ver Juliana. A saudade pesava como um fardo em meu peito, cada minuto se arrastando como uma eternidade. Ela estava viajando para a Chapada Diamantina com a tia Ritinha,  me sentia como se estivesse preso em uma ilha deserta, sem a única pessoa que me trazia alegria e cor à vida.

Hoje, no entanto, havia um motivo para sair do meu torpor. Minha avó materna, Dona Lorrany, estava de passagem por Brasília, vinda de São Paulo, onde vivia desde o falecimento de meu avô. Era um jantar especial, com a presença do Coronel Quintino e sua esposa Vitalina, amigo íntimo deles. Ela não gosta do meu pai, e além de tudo critica tudo que minha mãe faz, pois minha mãe não como ela planejou ser. 

Enquanto terminava  de me arrumar, a imagem de Juliana não saía da minha cabeça. Lembrava do seu sorriso radiante, da sua voz doce e do seu toque gentil. Ela era a luz que iluminava meus dias, a melodia que acalmava minha alma.

Ao descer as escadas, encontrei a mesa posta e todos reunidos à espera da refeição. Dona Lorrany elegante no conjunto de florza, com seus cabelos brancos como a neve e olhos que brilhavam com sabedoria, me recebeu com um abraço caloroso. O Coronel Quintino, um homem imponente com um ar de autoridade inegável, me deu um aperto de mão firme.

- Como meu lindo neto cresceu. Amei conhecer sua companheira de trabalho, a Tenente Megan. Minha avó me conduz até a cadeira ao lado do hóspede.

- Megan é excelente em tudo que faz, estou admirado por dedicação ao trabalho, além de ser uma garota muito bonita e educada. Coronel Quintino enfatiza.

- O jantar está servido, vamos comer! Minha mãe fala. Todos começam a se servir do belo nhoque que  minha mãe fez, juntamente com acompanhamentos. Um belo vinho e servido pelo meu pai.

Começamos a comer, mas meus pensamentos ainda estavam em Juliana. A cada garfada, a saudade se intensificava. Minha avó adora provocar e diminuir meu pai, Michele retruca todos os comentários dela, mas minha mãe repreendeu minha irmã, que fica emburrada o restante do jantar. Megan interage muito bem com minha avó. Eles estão super contentes com a conversa fútil sobre viagens para o exterior.  De repente, o Coronel Quintino interrompeu o silêncio com um tom de voz grave:

- Rodolfo, meu jovem, preciso te falar sobre algo importante. Meu coração apertou. Sabia que o que ele ia dizer não seria agradável.

- Juliana... ela não é a mulher certa para você, disse ele, com um olhar penetrante. Ela é imprudente, impulsiva e não entende a seriedade da sua profissão como bombeiro, talvez deveria repensar na sua escolha. Minha avó, pergunta.

- Você está namorando aquela menina gordinha e negra, que é filha do amigo do seu pai? Antes de responder, Michele toma a frente. Se tem uma pessoa que amava Juliana naquela mesa mais do que eu, era minha irmã.

- Sim, todos estamos felizes por eles finalmente assumirem o amor que ambos têm um pelo outro, ao contrário de gente amarga que adora azedar a vida das pessoas. Meu pai faz sinal com as mãos.

- Não me surpreende que você defendê-la, Michele. Seus pais não educaram você direito, mas Rodolfo é menino de ouro, sempre obediente e quieto, deveria dar uma chance a outras garotas que são lindas e bem educadas.

Jujuba e suas aventuras Onde histórias criam vida. Descubra agora