A tarde se arrastava como um rio de melado, cada minuto se transformando em horas. O ônibus finalmente parou, e desci com os pensamentos ainda presos no comportamento estranho de Frederico. Dois dias sem falar, sem mensagens, sem nada. As ligações dele ficavam sem resposta, um silêncio ensurdecedor que me consumia por dentro. Entre a paixão e a dúvida sobre quem realmente é o homem, por quem estou perdidamente apaixonada.
Jacinta, como sempre, me esperava com seu sorriso radiante. Somos trocadas de horário, entramos às 14:00 e saímos às 22:00. Juntas, entramos no hipermercado. O turno da noite era meu refúgio, assim conseguiria evitar Frederico e pensar melhor sobre nosso relacionamento, com o som das música ambiente, acabo me animando, sendo assim, estou em um mundo diferente onde podia ser apenas Juliana, a repositora de biscoitos, chocolates e doces.
Estamos a organizar as prateleiras, um trabalho meticuloso que exigia atenção e paciência. Jacinta, com sua energia contagiante, tornava tudo mais leve. De repente, ouvi vozes familiares: os Duques, dois jovens amigos do meu namorado que frequentavam o hipermercado e me causavam arrepios, sempre consegui evitar deles me verem, mas hoje infelizmente não será possível.
Com seus sorrisos maliciosos, se aproximaram, me chamando para uma conversa particular. Ignorei, concentrando-me em meu trabalho. Eles, inconformados com minha recusa, derrubaram produtos no chão, exigindo que eu e Jacinta os limpassem.
Mas o gerente do hipermercado, um senhor justo, não permitiu tal abuso. Uma discussão acalorada se iniciou, com os seguranças do local se envolvendo. No fim, os Duques foram expulsos, por sua atitude arrogante.
A noite seguiu seu curso, mas a agitação causada pelos Duques me deixou abalada. Eu sabia que Frederico logo descobriria meu cargo, e o medo de seu julgamento me consumia. Mas, no fundo, uma chama de esperança se acendia: talvez essa fosse a oportunidade de mostrar a ele quem eu realmente era, além de qualquer rótulo ou status social.
A noite nebulosa se despedia, ao bater o ponto, um calafrio percorreu meu corpo. Frederico saberia do meu cargo agora. Ele sempre me questionava sobre meu trabalho, com um olhar que misturava curiosidade. Será que ele me julgaria por ser apenas uma repositora? Caminho em silêncio ao lado de Jacinta, são 22:10, passamos por pequena rua deserta, estamos indo para ponto, devido ao horário, precisamos ir para outro local, assim caminhando alguns minutos.
- Você está bem, Ju? Estamos com braços entrelaçados.
- Um pouco, mas vou ter que enfrentar uma tempestade pela frente. Será definido algumas coisas na minha vida.
- Sempre é bom ter tudo definido, assim não ficamos em dúvida. Vamos andar rápido, tenho a sensação de estar sendo seguidas.
- Será? Olho para trás e não vejo nada, caminhamos rápido, quando chegamos no ponto não demora até os conseguimos embarcar no veículo, rumo a nossas casas.
Jacinta desce antes, quando estou descendo do ônibus, reconheço a figura paternal do meu pai. Vestindo um conjunto de moletom, estava me esperando na estação próxima da minha casa.
- Papai! Corro até ele, que abre um sorriso. Ao me aproximar dou um abraço forte.
- Minha menina, vim te buscar. Vamos para casa, Jujuba. Entrelaçamos os braços. Algumas mulheres ficam jogando charme para ele.
- Deve ser difícil ser um deus grego, né papai. Ele olha para lados.
- Eu? Minha filha, o problema não é ser bonito, na realidade é ser você mesmo. Beleza chama atenção por um tempo, mas o que realmente importa é o que somos. Eu só tenho olhos para sua mãe.
- Ai, que papai romântico. Eu te amo, papai urso. Beijo sua bochecha. Caminhamos juntos, brincando de colocar o pé na frente um do outro. Quando estavamos entrando no condomínio, de braços dados, meu pai me pergunta.
- Não vai me contar o motivo de ter brigado com Frederico? Ele me olha com um sorriso.
- Achei que o amor pode mudar ou curar alguém, mas os comportamentos estranhos do Frederico, estão me fazendo acreditar que talvez não seja dessa forma. Caminhamos em direção nossa casa.
- O amor só pode curar, quem deseja ser curado, Jujuba. Ninguém pode mudar o outro, somente a si mesmo, sua mãe me deu amor porque eu desejava ser amado, então me curou, porque desejei. Ele para segura meu rosto. Jujuba, por isso devemos escolher um bom coração e não um bom rosto, beleza sempre acaba minha filha, mas um coração bondoso nunca envelhece. Ele beija minha testa.
- Eu te amo tanto, papai! Ele me abraça e disse.
-Eu também te amo, minha Jujuba. Você também me curou, quando eu perdi a memória. Ele me aperta.
- Desculpa, por te lembrado daquele momento, na nossa discussão. Meu pai me solta, e segura meus braços.
- Sempre estaremos juntos, minha filha. Está desculpada. Você também me desculpa, pelas as asneiras que eu te falei?
- Desculpado, Papai urso! Eu abraço novamente.
- Presta atenção, Juliana. Nos soltamos e ficamos frente a frente. Você é a mulher mais linda, corajosa, gentil, espontânea e com coração mais bondoso que conheço, merece ser amada por homem que valorize você por completo, nunca deixe ninguém diminuir você, mesmo que essa pessoa seja eu! Você é linda, minha filha. Da cabeça aos pés. Por dentro e por fora.
-Nossa, delegado Fontes. As terapias estão fazendo bem, eu amo você! Ele sorri.
- Quando queremos, conseguimos! Eu quero tirar todo resquícios de um relacionamento tóxico que vive, porque quero fazer feliz a mulher da minha vida, Olivia Lopes Brown, sua mãe! Ficamos sorrindo um para outro.
- Aí estão vocês, querem me matar de preocupação! Nós caímos na gargalhada. Vocês estão rindo do quê, hein? Respondemos juntos.
- De você! Te amamos, pestinha. Eu abraço minha mãe.
- Até você me chamando de pestinha. Fernando, Fernando você sempre influenciando Juliana. Ele se aproxima.
-Tem pessoa melhor para influenciá-la, minha pestinha. Ele nos abraça. Entrelaçamos os braços e fomos caminhando para casa.
Durante o caminho meu pai contando como minha deixava ele nervoso, antes de se envolverem. Cada história. Fico observando meus pais, eu percebo que mesmo com as diferenças um ajudou o outro no percurso que escolheram fazer juntos. Frederico realmente quer estar ao meu lado? Será que ele deseja mudar? Eu realmente me enganei confundindo paixão com amor? Minha mãe tinha preparado uma xícara de chocolate quente, estávamos todos em volta da mesa degustando essa maravilha da mamãe. Vou para meu quarto, leio as mensagens de Frederico, escuto cada áudio dele se desculpando, preciso tomar uma decisão, mas amanhã é um novo dia, cheio de incertezas e possibilidades. Mas, em meio ao medo, uma força interior me impulsionava a seguir em frente, pronta para enfrentar qualquer desafio que viesse pela frente.
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Jujuba e suas aventuras
RomanceEla é alegre, doce, gentil. Ela é uma bióloga que ama os animais e a natureza, em especial os anfíbios pavor do seu pai Delegado federal Fernando Fontes. Será que Jujuba vai se dar bem na Matéria do amor? Será que ainda vai continuar assustando seu...