Fernando Fontes
O dia começou tranquilo, como de costume, eu e Juliana fomos fazer nossa caminhada, deixei o caderno com todos exercícios de matemática, avisando que iria corrigi-los à noite. Tomei meu café da manhã enquanto lia o jornal, e Olívia se arrumava para ir ao trabalho. Assim nosso dia correu tudo dentro da normalidade, mas estava com uma sensação estranha no peito. Chego a noite em casa, como de costume ficamos aguardando os meninos chegarem do estágio, assim que eles se organizam jantamos com tranquilidade como todas as refeições familiares. Vou assistir um documentário até o horário da chegada de Juliana, mas fico envolvido com um episódio que estava esquecendo das horas. De repente, lembrei-me que precisava buscar Juliana no ponto de ônibus.
- Pestinha, estou indo buscar Juliana no ponto, avisei Olivia. Quer ir comigo?
- Claro, Superman, ela respondeu com um sorriso. Adoro passear a noite, ainda mais com a nossa filha. O tempo está frio, vou levar blusa porque com certeza ela não vestiu.
No caminho, relembramos a infância alegre e divertida de Juliana. Ela sempre foi uma menina curiosa e aventureira, fascinada por insetos e animais. Lembrei-me das vezes que ela me assustava com suas brincadeiras, mostrando uma lagartixa ou anfíbios bem na minha cara.
Ao chegarmos no ponto, esperamos pacientemente pelo ônibus. Finalmente, ele chegou, mas Juliana não estava entre os passageiros. Uma pontada de apreensão me atingiu, mas logo fui tranquilizado por Olivia.
- Ela sempre se atrasa um pouco, disse ela. Provavelmente está no próximo ônibus, que deve chegar em alguns minutos.
Aguardamos mais um pouco, mas para nossa frustração, Juliana também não estava nesse. A preocupação se transformou em angústia.
- O que está acontecendo? murmurei, sem saber o que fazer. Um peso surgiu em meu coração.
- Não se preocupe, querido, Olivia me disse, tentando manter a calma. Ela deve ter ido para outro lugar. Vamos voltar para casa e procurá-la.
No caminho de volta, tentei ligar para o celular de Juliana, mas a chamada não foi completada. A cada minuto que passava, a desesperança aumentava.
Ao chegarmos na rua da nossa casa, encontramos Miguel, nosso filho mais novo, saindo de casa aos prantos. Corremos para ele, tomado pelo medo do pior.
- O que aconteceu, filho? Olivia perguntou, com a voz embargada pela emoção.
- A Ju... a Juliana foi atacada! ele soluçou, incapaz de completar a frase.
O mundo desabou em volta de mim. As pernas fraquejaram, e senti um aperto no peito que quase me sufocou. Olívia, por sua vez, quase desmaiou, amparada por mim. Nesse momento, Victor e Lilian, nossos amigos, que retornavam de um jantar, presenciaram a cena. Ao saberem do que havia acontecido, ofereceram ajuda imediata.
- Entrem no carro, Victor disse com firmeza. Vamos levá-los ao hospital.
Com o coração em pedaços, entramos no carro, seguindo em direção ao hospital. O caminho parecia eterno, cada segundo uma agonia insuportável. Naquele momento, só uma coisa importava: salvar a vida da nossa filha.
Chegando ao hospital, corremos para dentro, em busca de informações sobre Juliana. O clima era tenso, a sala de espera encontramos Jacinta toda suja de sangue e aos prantos. Ela tenta explicar, mas ela não está em condições. Miguel a consola, mas também está chorando. Finalmente, encontramos um médico que nos informou que Juliana estava em estado grave, lutando pela vida na sala de cirurgia.
- Juliana perdeu muito sangue. Ela teve choque hipovolêmico, o que a levou às duas cardiorrespiratória. Precisamos de sangue O negativo, infelizmente o hospital não tem.
- Eu sou do mesmo tipo sanguíneo dela. Digo na esperança de salvar minha menina.
- Infelizmente, não será suficiente. Ela perdeu muito sangue. Por favor mobilize familiares e amigos, o tempo não está ao nosso favor, se ela não receber rapidamente transfusão, temo que ela não resista.
O chão parecia abrir sob meus pés. As lágrimas brotaram em meus olhos, e um grito de dor escapou da minha garganta. Olivia, agarrada em meu braço, chorava em silêncio, implorando por um milagre. Victor imediatamente liga para nossos amigos, Lilian ampara Olívia que não para de chorar. Ligo para Carol, pois Júlio César também tem o mesmo tipo sanguíneo.
Naquele momento, só restava esperar, agarrar-se à fé e à esperança de que nossa filha sobrevivesse. A vida, que até então parecia tão bela e cheia de possibilidades, agora se resumia a uma luta contra a morte, uma batalha pela sobrevivência daquilo que nos era mais precioso.
Narrador
Após a mobilização de amigos e familiares, o sangue O negativo finalmente chegou ao hospital, abrindo uma nova esperança para a vida de Juliana. Agora, tudo dependia da força de vontade da jovem para superar os traumas e seguir em frente. O restante da família aguardava do lado de fora, juntamente com alguns amigos.
Fernando e Olivia, com o coração apertado pela dor e a incerteza, aguardavam ansiosamente a autorização para visitar a filha na UTI. Finalmente, o momento tão esperado chegou.
Ao entrarem no quarto, a cena que se deparou com eles era de cortar o coração. Juliana jazia na cama, ligada a diversos aparelhos, o corpo marcado por ferimentos e a respiração fraca.
Fernando, tomado pela emoção, não conseguiu conter as lágrimas. Ele se aproximou da cama e segurou a mão da filha com força, implorando em voz baixa:
- Jujuba, meu amor, lute! Resista! Precisamos de você! Não nos deixe! Te amamos tanto…
As palavras de Fernando pareciam ecoar no quarto, carregadas de amor, desespero e esperança. De repente, Juliana se agitou na cama, seus músculos se contraindo em um movimento involuntário. O monitor cardíaco apitou estridentemente, anunciando a terceira parada cardiorrespiratória.
O desespero tomou conta de Olivia. Ela gritou por ajuda, enquanto Fernando observava a cena em estado de choque. Médicos e enfermeiros entraram no quarto com pressa, iniciando as manobras de reanimação.
Fernando e Olivia foram gentilmente retirados da UTI, impossibilitados de presenciar a batalha pela vida da filha. A angústia os consumia, cada segundo se arrastando como uma eternidade.
Na sala de espera, cercados por amigos e familiares, eles se agarravam à fé e à esperança, implorando por um milagre. A dor era imensa, mas a força do amor os impulsionava a seguir em frente. Horas se passaram, e o silêncio era ensurdecedor.
Nenhuma notícia da UTI chegava até eles. A cada minuto que passava, a incerteza aumentava, alimentando o medo e a desesperança.
De repente, a porta da UTI se abriu e um médico se aproximou, com o rosto sério e a expressão carregada de emoção. Fernando e Olivia se levantaram, seus corações batendo descompassadamente.
- A parada cardíaca foi revertida,o médico disse, sua voz carregada de cansaço e alívio. Juliana está estável, mas ainda em estado grave. Precisamos continuar observando-a de perto.
Um raio de esperança atravessou a escuridão da angústia. Fernando e Olivia se abraçaram, lágrimas de gratidão escorrendo por seus rostos. A luta pela vida de Juliana continuava, mas a fé e a esperança renasceram em seus corações.
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Jujuba e suas aventuras
RomanceEla é alegre, doce, gentil. Ela é uma bióloga que ama os animais e a natureza, em especial os anfíbios pavor do seu pai Delegado federal Fernando Fontes. Será que Jujuba vai se dar bem na Matéria do amor? Será que ainda vai continuar assustando seu...