O início

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A luz suave do restaurante de luxo banhava a mesa onde eu e Juliana nos sentávamos. Era um lugar elegante, frequentado por pessoas de alto poder aquisitivo, e eu me sentia um pouco deslocado em meio àquele ambiente sofisticado. Juliana, por outro lado, parecia completamente à vontade, seus olhos brilhando de curiosidade enquanto explorava o menu.

Observei-a com um misto de admiração e ternura. Havia uma ingenuidade e simplicidade nela que me conquistaram. Quando ela perguntou ao garçom se havia limonada no bar, um sorriso involuntário se formou em meus lábios. Era uma pergunta tão inocente, tão fora do contexto daquele lugar requintado, que me fez perceber o quanto ela era diferente de todas as outras mulheres que eu já havia conhecido.

Enquanto aguardávamos nossos pedidos, aproveitei a oportunidade para me desculpar pelo comentário que fiz sobre seu peso. Eu me sentia horrível por ter sido tão insensível, e queria que ela soubesse que aquilo não refletia meus verdadeiros sentimentos.

- Juliana,eu disse, hesitante, eu preciso me desculpar pelo que disse antes. Foi completamente inadequado e insensível da minha parte. Você é uma mulher linda, por dentro e por fora, e eu não deveria ter me focado em seu corpo daquela forma.

Ela me encarou por um instante, seus olhos verdes me fitando com intensidade.

- Está tudo bem, Frederico, ela respondeu com um sorriso suave. Eu sei que você não quis me magoar. Peço desculpas por ter saído daquela forma, mas nunca vou admitir alguém tentar julgar meu corpo ou minhas escolhas. Ela me olha com firmeza.

Naquele momento, senti-me mais próximo dela. Havia uma compreensão mútua entre nós, uma empatia que transcendia as palavras. Eu sabia que queria conhecê-la melhor, explorar os cantos e recantos de sua alma.

Nesse instante, um grupo de meus amigos se aproximou da mesa. Convidei-os para se juntar a nós, e Juliana os recebeu com um sorriso caloroso e natural. Ela não se intimidou com os olhares curiosos e até mesmo um pouco condescendentes que eles lançaram sobre ela.

Uma das minhas amigas, Letícia, inclinou-se para Juliana e perguntou, com um tom de sarcasmo velado:

- Então, me diga, Juliana, qual é o seu sobrenome?

Juliana, sem se deixar abater pela ironia na voz de Letícia, respondeu com orgulho:

- Fontes. Juliana Lopes Fontes.

Um burburinho de risadas percorreu a mesa. Meus amigos, aparentemente, não acreditavam que Juliana fosse da família Fontes, uma das mais tradicionais no ramo de advocacia e influentes do poder judiciário de Brasília.

- Sério?perguntou outro amigo, com um sorriso incrédulo.

- Você é a Juliana Fontes, a filha do Delegado Fernando Fontes?

Juliana assentiu com a cabeça, confirmando a informação. Meus amigos, cada vez mais incrédulos, começaram a fazer piadas sobre a situação, insinuando que Juliana não se encaixava na imagem que eles tinham da família Fontes, principalmente pela cor da pele.

- Não consigo te imaginar com esse estilo, disse Letícia, olhando para a roupa colorida e estampada de Juliana. Parece que você ainda está na escola.

Juliana me encarou por um instante, seus olhos cheios de certeza. Ela começa a se defender

- Tenho meu estilo único e individual, ela disse com firmeza. Não preciso me encaixar em nenhum molde para ser bonita ou interessante, ou até mesmo para estar no padrão de pessoas com conceitos e ética duvidoso, porque podemos mudar estilos com o tempo, mas carácter são para poucos.

Meus amigos ficaram em silêncio por um momento, aparentemente constrangidos por aquelas palavras. Juliana, no entanto, se levantou da mesa com um sorriso melancólico.

Jujuba e suas aventuras Onde histórias criam vida. Descubra agora