64° Capítulo

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Capítulo Extra:JORDAN

___Eu não acredito que ela está fazendo isso...___kate dizia consigo mesma enquanto dirigia meu carro; ela disse saber onde Sofia estava, então eu não estava me importando em Kate estar dirigindo desde que me levasse à Sofia, eu precisava encontrá-la pra dizer que me arrependo do que quer que eu tenha feito porque está com ela e essa turma é tudo o que me faz sentir útil.

Sempre tive minha vida controlada por meus pais, eu sou o único herdeiro do patrimônio da família e, por isso, o responsável por mantê-la forte. Passei toda minha adolescência estudando e viajando para conferências e reuniões multinacionais. Eu cresci sendo guiado para o único propósito de fazer com que o trabalho dos meus pais continuassem a prosperar. Eu perdi toda a alegria e as oportunidades de cometer erros e loucuras, de dormir sem me preocupar com o amanhã. Tudo isso pra manter algo que nunca desejei. Um trabalho que não era pra ser meu. Resultado: o empresário mais jovem da América.
Não tinha planos para minha vida, eu nem mesmo tinha minha vida___eu vivia para trabalhar na empresa. Quando Sofia apareceu ali, carregando o fardo de um marido morto e sendo mãe de uma adolescente, na entrevista de emprego simplesmente por querer e não precisar___já que se tornou pensionista após a morte do marido___, eu percebi que eu podia ser igual. Ver o quando ela sorria e era feliz, livre, sem depender de nada. Perceber o quando devia ter sofrido, mas ter superado.
Assim que ela iniciou a conversa com "Você é lindo" com aqueles olhos azuis e seu sorriso completamente prefeito, eu soube que era por alguém assim que eu largaria tudo. Alguém como Sofia me faria viver tudo o que perdi, todas as risadas e loucuras de adolescências não cometidas, eu cometeria com ela. E estava certo! Sofia tem a alma mais jovem que conheço. Ela me salvou da vida regida por contratos e palestras, e me trouxe para seu mundo divertido onde sorrio todos os dias. Eu amo ela e a todas as características ao seu redor.
E por isso não posso perdê-la.
___Você sabe pra onde tá indo?___perguntou Wade para kate que se limitou a assentir com lágrimas nos olhos.
Ele me olhou.
___Você sabe que ela não tem idade nem carteira de motorista,né?
___Sei.
Ele fez uma careta.
___Meu Deus, eu estou sendo o responsável.
___Ela...me olhou nos olhos e disse que não queria me ver___falei em voz alta sem perceber,mas continuei como o bobo que era:___e...ela tinha algo diferente ao dizer isso...parecia ter ficado fria e séria;não era a Sofia que conheço... Quando tentei dizer algo, ela simplesmente disparou pra fora, tinha a expressão de dor e raiva...eu não sei o que eu posso ter feito...
___Não é você, Jordan___kate explicou sem qualquer entonação na voz. Ela guiava o carro com maestria, e estava fazendo curva após curva com completa segurança, ela realmente sabia onde Sofia estava. Depois de mais uma curva, ela acrescentou:___ Ela...só...___eu estava vendo kate reprimir o choro___está se sentindo culpada...
___Pelo quê?___perguntou Wade antes de mim.
Foi então que o carro parou e kate nos fez olhar para a grande e gasta placa metálica fixada num muro igualmente gasto de concreto. Nela, lia-se:
Cemitério Regional
de Century

E eu já não precisava fazer perguntas.
***

Logo depois de termos entrado, kate nos explicou onde tínhamos que nos posicionar porque ela queria ser a primeira a falar com Sofia. O lugar seria amedrontador em outras circunstâncias. Os tumbas com estátuas, lápides e crucifixos de concreto ganhavam sombras ainda mais mórbidas pelo luar. O lugar era um vale tomado por lápides com fileiras estreitas ladeadas por tumbas envolvidas por sombras. O cheiro de flores mortas e musgo misturavam-se ao clima gélido da noite. Parecia que as sepulturas sugavam a umidade do ar de modo que podíamos sentir uma brisa congelante nos pés quando andávamos. Kate nos guiava pela trilha funesta com aflição, mas não por estar nesse lugar desprovido de luz, repleto de cadáveres, silêncio gritante e cheiro de morte. Estava aflita por Sofia. Ela olhou para mim e Wade, indicando que tínhamos chegado. Ela afastou a cabeça, e uma lágrima surgiu nos meus olhos quando a imagem de Sofia debruçada sobre um tumba, chorando e sozinha surgiu. Eu dei um passo, mas kate me interrompeu. Me obriguei a tirar os olhos de Sofia,não acreditando que estava vendo ela chorar, pra encarar kate que me pedia mentalmente para ir primeiro. No meio da confusão de expressão em meu rosto eu devo ter dado um gesto positivo para kate que começou a andar.

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