68° capítulo

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Fim
1.3

___Dave!!!!___berrei com pavor. Tentava me debater, mas meus braços estavam sendo segurados firmemente pelo Juan.
____Fica quieta!!!___Ele ordenou. Eu olhava ao redor, procurando por alguém, por ajuda, uma rota de fuga...não existia. Tudo o que podia ver eram as paredes frias indiferentes no meio daquela escuridão.
Comecei a soluçar quando já não podia ver Dave.
___Onde vocês estacionaram?___perguntou Juan a Tommy.
___Ali.___disse ele. Mas eu estava sendo arrastada de costas e não pude ver pra onde ele apontara.
___Tem Clorofórmio, né? ___perguntou o Chefe. Meu coração acelerou. Ele ia fazer eu desmaiar com Clorofórmio, como se vê nos filmes.
Tommy deve ter assentido porque Juan disse :___Então pegue logo!
Minha respiração começou a falhar em desepero. Eu tinha que fugir. Comecei a me levantar e quando Juan se distraiu com o Tom que voltava já com o lenço empapado na mão, eu me torci em seus braços e conseguir escapar.
Sem olhar pra trás, comecei a correr em fuga. Não demorou para ouvir os passos de Tom atrás de mim e logo sua respiração. Eu estava apenas um passo a frente dele; quando percebi isso, comecei a chorar e seu braço grosseiro invadiu minha visão, parando-me abruptamente e tapando minha boca e meu nariz com o lenço quando caí no chão.
Senti a ardência em meu nariz quando respirei e foi como se meus pulmões tivessem pegado fogo.
Meus olhos arderam e, rápido, senti o entorpecimento tomar meu corpo e minha visão se anuviar. Minha luta contra a inconsciência demorou apenas três segundos: no primeiro, senti meu peito queimar; no segundo, meu corpo amoleceu; no terceiro, senti meu corpo inerte ser carregado enquanto via os paralelepípedos balançarem de lá, pra cá, de lá, pra cá... até se tornarem apenas sombras.
◆ ◆ ◆

Sentia que estava deslizando no ar, com a força gravitacional fazendo meu estômago se revirar. Abri os olhos, eu estava nos bancos traseiros de um carro. Meu nariz ardia quando respirava___resquícios do Clorofórmio.
Juan e Tommy estavam nos assentos da frente e pareciam não ter notado que eu acordara. Minha respiração começou a acelerar. As luzes dos postes passavam em intervalos quase simultâneos, ou seja, eles estavam em alta velocidade.
Àquela hora as rodovias estavam desertas. Era madrugada. Uma lágrima de culpa desceu por minha bochecha, eu não devia ter aberto a boca.
Eu tinha que sair dali, mas então percebi que estava de mãos atadas. Literalmente.
Os desgraçados tinham amarrado meus pulsos.
___Acordou filhazinha? ___disse Juan, com um sorriso.
Eu me levantei, sentando estupidamente no assento.
___Eu não sou sua filha e Ammom também não é!
___O nome dele é Ammom?___perguntou retóricamente Juan, satisfeito com a nova informação. ___Claro, Amma; Ammom e Amanda...
___Quando ele soube que meu pai não era pai biológico dele, ele não se importou. Falou para meu pai que ele era o seu pai verdadeiro. Ele não perguntou sobre você pra nossa mãe, porque disse que não quer saber de alguém que tenha feito o que você fez com ela...___eu cuspia todas as verdades. Queria desestabilizá-lo. Não sabia porque ele estava fazendo tudo aquilo pra início de conversa. Mas mesmo com tudo o que eu falava ele permanecia impassível, com aquele sorriso ansioso nos lábios.
___Eu errei sim...era muito novo e fiquei assustado com a responsabilidade...mas eu quero o meu filho comigo...
___Você está louco?! Acha que tem algum direito sobre ele? Você o abandonou! Ele te odeia, nunca vai conseguir ganhar no tribunal. E ele já é adulto!
___Ganhar no tribunal? ___Ele riu___Acha que alguém como eu vai entrar num tribunal? Eu vou trazê-lo comigo.
___Ammom nunca virá com você, que parte de "ele te odeia" você não captou? Seu...nojento desgraçado!
Ele se limitou a abrir mais seu sorriso.
___Por isso que está aqui,Ammom não vai querer que nada aconteça com você___ele retirou a arma e a colocou no painel.
Ele...é louco. Acredita mesmo no que está fazendo. ..eu o olhei com ódio.
___E o que acha que vai acontecer depois? Acha que Ammom vai passar a adorar o pai que ameaçou a irmã dele de morte? ___debochei com frieza___ Esse é o seu plano pra ganhar o prêmio de pai do ano?
___Cala a boca!___gritou ele, depois se recompôs,a irritação evaporando tão rápido quanto surgiu. Tommy não dizia nada. Parecia morrer de medo de Juan, e conhecendo agora essas mudança de comportamento, eu também estou começando a ficar.
___Ele vai gostar de mim! ___falou Juan, sorrindo e assentido como se estivesse em uma conversa comum comigo e não me mantendo amarrada e sob ameaça. Ele era louco.___Eu sou o pai dele, ele é o meu filho...Ele vai vir comigo...___ele me olhou feliz___eu posso até pedir desculpas.
___Você é louco!
Ele gargalhou.
___Você ainda não viu nada...Olha!___ele acenou pra placa na rua que anunciava o meu bairro___Parece que chegamos....Meu filho me espera....

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