Lembrança jogada fora.
Depois de sair da casa de Lia, dirigi sem rumo por horas, não sabia para onde ir,mas sabia para onde não queria ir: minha casa.
Não queria entrar ali para lembrar mais uma vez que era odiado; para olhar nos rostos da minha "família" e ver pessoas completamente alheias ao fato de que era para ela estar ali, completando mais um ano de vida, ou ainda para lembrar-me de que eu havia sido o único responsável por ela não completar mais nenhum ano.
Tinha medo da realidade em que me encontrava.
Passei o fim de 13 de setembro dentro de meu carro olhando o sol nascer, e, quando ele surgiu, seus raios dourados me causavam dor, pois era agora o novo dia,14 de Setembro, o aniversário de minha mãe... e ela não estaria ali para comemorar porque eu a matei...
***
Não desejava voltar àquela casa agora, mas me lembrei que Asqueroso estava em meu quarto, sorri em conforto, Asqueroso era o urso de minha mãe, que "herdei" após sua morte, com o qual ela dormia todas as noites desde seus sete anos. Ela dizia que nunca se separaria dele enquanto vivesse e que ele era tão importante para ela como um irmão que nunca teve. Ela o chamava de Sr.felpudo ( nome sem criatividade nenhuma, mas não podia culpá-la, afinal ela o batizou quando tinha sete anos), mas ele não tinha nada de felpudo, era tão velho e desgastado que mal havia pelúcia sobre o pano, deixando-o com uma aparência horrível, como se tivesse pegado sarda; além disso os olhos eram vermelhos e maléficos. Ainda assim ela o tratava com se fosse a coisa mais meiga e fofa do mundo. Foi então que disse a ela que Asqueroso era um nome muito melhor para defini-lo. Ela riu, e sua risada era tão viva e contagiante que tive de segui-la, juntando-me às gargalhadas. E assim ela o rebatizou. Meu pai e meus irmãos riam e faziam graças sobre ela só conseguir dormir com aquele urso mesmo com seus trinta e quatro anos.
Ela era tão alegre e divertida. Tão sincera e extrovertida.
O mundo não deveria ser tão cruel e levar pessoas assim...
Me lembro de ela me dizer que eu seria o filho que herdaria o Asqueroso; eu sorri e toquei o urso feio. Na ocasião pensei que aquilo não seria possível, porque o urso não existiria mais até que minha mãe morresse pois isso levaria décadas. E por minha causa ela só teve mais dois anos e meio depois disso.Chorei e relembrei e...quando finalmente me convenci de que havia chorado o bastante para não entregar nada à minha família, pus a chave na ignição, liguei o carro e partir para casa... Tinha que pegá-lo no colo e sentir o conforto que ele me trazia. Assim como trouxe nos aniversários anteriores...
Me perguntava se alguém em casa fosse lembrar de que era hoje...ou se importar.
Quando cruzei a rua e estacionei em frente a minha casa, endureci por dentro e por fora; ser frio era a única maneira de não desabar quando cruzasse a porta e a sentisse mais que nunca.
Antes que pudesse abrir a porta ela se escancarou. Meu irmão saía às pressas, e nos esbarramos.
Seus olhos se ascenderam com surpresa quando me reconheceu.
Sua boca se curvou para baixo, seus olhos perderam a surpresa e se tornaram duros.
___Vai ser assim todos os dias?___ele disse em tom ácido, voltando-se para mim.
Eu não falei nada.
Mal havia trocado palavras com ele desde que chegara. A verdade era que nunca fui muito próximo dele e de Lídia, e estava bem assim.
___Olhe para mim!___Ordenou e eu o fitei com um olhar ainda mais duro.___Eu e Lídia fomos e voltamos e você continua agindo da mesma maneira, Sebastian! O que anda fazendo para voltar pra casa só de manhã? Está usando drogas?___Ele esperou minha resposta. Eu só o olhei sem emoção; como imaginado, ele não lembrava...___Estou falando com você, Sebastian!___gritou ele, me empurrou contra a parede e repetiu com mais aspereza:___Está usando drogas?O empurrei de volta, fazendo-o cambalear.
___Não!___gritei___E não finja que se importa!
___Não estou fingindo, irmão...___seu tom agora era baixo e ameno___Estou preocupado com você, de verdade___Ele olhou para baixo, incomodado em dizer mais. Ele sempre foi esnobe e mulherengo; estava surpreso com sua nova imagem; ele abriu a boca e vi a dificuldade quando disse:___Sei que sofreu, que ainda sofre, mas não pode continuar assim... Você precisa superar...
___Superar?___cuspi as palavras em desdenho, mesmo estando surpreso.___Ou esquecer? sim, porque foi isso o que você fez,não é? ___minha voz aumentava a cada palavra, e meus olhos pareciam em brasas com as lágrimas que estavam lutando para sair.___ Quando ela morreu você me culpou e foi embora! Nunca se importou com ela de verdade! É fácil falar em superar ou esquecer uma e
pessoa quando nunca se foi próximo dela! Você não sabe o que eu senti ou o que eu sinto!Não fez nada por ela! Eu não posso esquecê-la como você, porque eu a amava! E você foi embora dois dias depois; aposto que já tinha esquecido dela no dia seguinte!
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Quase Adultos
Fiksi Remaja"É claro, ninguém pôde prever que os conflitos entre os dois grupos pudesse se tornar perigos reais, mas assim que as mortes começaram, já estavam presos demais na armadilha que criaram" BEM-VINDO A TURMA! Quando kate e seus amigos foram transferido...