Quase Adultos

97º Capítulo

Capítulo extra: Joseph

Admiro pessoas que sorriem todos os dias. Independentemente de como a vida pode nos derrubar, nos ferir e nos fazer perceber que nada vem fácil, ver alguém sorrir todos os dias, luta após luta, nos dá esperança de que nada pode ser tão ruim que não dê para continuar seguindo em frente.

Eu não tive uma infância boa, minha mãe morreu quando tinha nove anos, não fazia amigo nas escolas, não depois de perdê-la, até que nos mudamos para Century, e conheci Travis, ele era extrovertido o suficiente para compensar meu luto e se metia em cada situação por ser um pervertido que muitas vezes me descobria rindo das histórias dele, e assim, aos poucos, eu voltei; conheci todos os seus outros amigos: uma garota completamente louca e engraçada chamada Sofia, Greg, igualmente louco , Luísa, uma garota loira que parecia ser a única sensata do grupo; o sarcástico Harley , Jane, que era muito tímida, Cinthya por quem, descaradamente, Travis tinha uma queda e Lauren, a louca que vivia doente, que se tornou minha esposa.

Imediatamente nos tornamos amigos, eles eram tão alegres e estar rodeado deles fez eu me lembrar que também era alguém que sorria todos os dias. Sem saber, eles me salvaram, compartilhamos mais momentos do que posso me lembrar, entramos no ensino médio, e mais uma centena de histórias surgiram, eu voltara a ser feliz. Então, no segundo ano, meu pai morreu, e uma parte importante foi levada de mim, mas ainda tinha eles, ainda tinha Lauren, foi logo depois disso que nos tornamos oficialmente namorados e a vida ainda fazia sentido, ainda era bonita, foi naquele momento que aprendi que coisas ruins acontecem o tempo todo, mas você se acostuma com a dor, o segredo é construir novos momentos bons e alegres e sobrepô-los a dor.

A vida continuou, alguns dos meus amigos também perderam familiares, mas na balança da vida tínhamos mais risadas que lágrimas; o grupo barulhento de crianças se tornaram adolescentes, então adultos (ou quase isso, nunca deixamos de ser a mesma turma),e logo vieram nossos filhos, e tudo não podia estar melhor. Mas a vida é uma trilha com armadilhas em intervalos regulares de felicidade: quando um momento bom está durando muito tempo, significa que a próxima armadilha está somente alguns passos à frente. Um brutal acidente levou Greg, e todo o brilho que Sofia tinha se apagou de tal modo que estávamos em luto por ela também. Ela nunca superou isso, ela consegue suportar tudo por causa de todos a sua volta, mas ela ainda vive o luto. Mas ela continuou, nós continuamos, nossos filhos tornaram-se adolescentes, estamos vendo eles se apaixonarem e viverem, tudo estava bem, então eu já devia estar preparado para a armadilha; eu sabia que viria..., mas estava tão mergulhado com a felicidade da minha vida, da vida dos meus amigos, que não pude prever. Lauren está doente. E nada do que eu posso ter aprendido com tudo o que passei, nenhuma das opções como sobrepor a dor com momentos felizes vai fazer eu aceitar o que pode acontecer. Eu não posso aceitar. Eu não posso perder mais ninguém. Eu não posso perder ela...

__Joseph? __ Travis põem a mão no meu ombro, me olhando preocupado. __ tudo bem, cara?

Só então percebo que uma lágrima escorre na minha bochecha. A limpo e lhe sorrio.

Ele assente num gesto que diz que está tudo bem eu poder fazer isso. Em outra circunstância ele estaria fazendo alguma piada, eu estaria fazendo uma piada, mas não agora.

Estamos dentro do quarto hospitalar, uma das amigas de Agnes, Rachel, está tentando fazer Lauren comer mel mesmo depois de o doutor não recomendar. Elas riem. Sinto uma fisgada forte de dor no peito, minha esposa tem um sorriso contagiante no rosto, ela está tão fraca, mas consegue ser tão forte... seu rosto esta pálido, parece ter emagrecido tanto... limpo os olhos novamente.

Sofia está me olhando do outro lado da sala. Kate e os outros estão fazendo uma bagunça junto com Rachel por causa do pote de mel, e enquanto eles riem, nós, os pais, observamos.