109º Capítulo

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Capítulo bônus: Agnes.

Assim que Sebastian parou o carro, eu saltei e corri na frente, escutando os outros me chamando, mas sem me importar em espera-los. O frio na barriga já se espalhava por todo meu corpo, era aquele frio assustador, que desestabiliza sua respiração e coordenação motora, que te deixa pálido e com mãos geladas, era a resposta do nosso corpo ao medo. E tudo que eu sentia enquanto corria com pernas trôpegas, era o medo de que minha mãe tivesse sido maculada em seu próprio túmulo, sem se defender, quando só deveria estar em paz. As lágrimas escorriam para minhas orelhas pela velocidade em que corria para alcança-la. Isso não estava acontecendo, isso não estava acontecendo.

Atravessei a última barreira de árvores e plantas e o vale gramado surgiu num rodopio desestabilizador, ignorei a vertigem, a dor que parecia puxar meu peito, as pernas que não queriam me obedecer e corri ainda mais. Vi o túmulo dela, e quando finalmente o alcancei caí de joelhos, finalmente respirando, e deixando o choro sair.

Ouvi meu nome, todos atravessaram o bosque e corriam em minha direção, me chamando.

__E-ele não desenterrou ela__consegui gaguejar entre o choro que misturava o alívio e o ódio. __foi tudo uma brincadeira sádica...

Amanda se jogou ao meu lado, me abraçando. A lápide estava pinchada com vadia morta e a pá estava fincada sobre a terra, como na foto, mas ele não cavara. Ele só queria o prazer de nos ver fazer isso. De me deixar assim. Kate pegou o pedaço de papel sobre o túmulo que eu havia ignorado.

__ Viu como é fácil manipular vocês__ ela leu o bilhete__ dessa vez foi só um susto, estou por perto vendo a cara de vocês. Aguarde o troco, kate

Ela olhou ao redor, procurando por onde ele estava, mas ele podia estar atrás de qualquer arbusto ou árvore que cercava o campo. Limpei minhas lágrimas, levantado.

Kate franziu a testa, seus próprios olhos se enchendo de remorso e veio para me abraçar.

__Me desculpa, Agnes, eu...

__Não. __a interrompi e impedi que me abraçasse. __você já devia saber disso kate. Você sabia que ele é um doente psicopata e ainda assim quis dar seu troco sem se importar com as consequências, porque você é a garota que não leva desaforo pra casa, mesmo que quem pague por sua brincadeira de vingança sejamos nós.__ as lágrimas começaram a encher meus olhos de novo, escorrendo__a minha mãe morreu apenas dias atrás, meu pai tentou se matar ontem, e eu tento ser forte, eu consigo lidar com tudo isso porque sei que minha mãe iria querer que eu fosse feliz, mas isso__apontei pra lápide pinchada__eu não posso suportar, eu não posso aceitar. Minha mãe nem está aqui para se defender, minha mãe não fez parte disso, e ainda assim é na lápide dela que está pinchado vadia morta. Você acha isso certo? Justo? Acha que um simples me desculpa pode apagar tudo que senti enquanto vinha para cá sendo obrigada a me lembrar que minha mãe esta morta, porque o cadáver dela podia estar sendo roupado por um psicopata por sua causa? Sabe quantas feridas que eu estava lutando para se curarem foram reabertas de uma só vez enquanto pensava no corpo da minha mãe nas mãos dele? Você não conhece minha dor, você não sabe o quanto o jogo dele me feriu agora. Você é umas das minhas melhores amigas, eu cresci com cada um de vocês fazendo parte da mim, sendo os melhores momentos da minha vida, mas se você quer continuar brincando de vingança com um psicopata, eu não quero mais que seja minha amiga.

Vi tudo a atingir, cada palavra, cada gesto, cada lágrima que derramei. Tudo a atingiu de tal forma que kate Moss, a garota mais forte que conheço, estava encolhida, vulnerável, com lágrimas tremendo nos olhos. Ao ouvir a última frase, sua expressão foi a mais dolorosa que já vi. E não aguentei, corri, porque se eu ficasse ali iria abraça-la e dizer que sentia muito. E não queria isso, não agora.

Quase AdultosOnde histórias criam vida. Descubra agora