99° Capítulo

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A pior parte de ter celular não é ficar sem crédito,  é receber ligações ruins.

A segunda feira chegou tão rápido que mal tive tempo de pensar se deveria ou não ir à escola antes que já tivesse no carro de Sebastian, que dividia a turma com o irmão, Trevor, que levava a metade de nós em seu 4x4. No sábado, todos fomos ver a casa que ele tinha comprado na nossa rua, era uma casa de três andares que ficava duas casas depois da de Jem, era a mais longe em comparação as outras, mas pelo menos era na mesma rua e agora Sebastian fazia parte da vizinhança. No domingo, nossos pais continuaram a nos convencer (e nós a nos deixar sermos convencidos) de que sair do hospital era bom, então passamos o domingo inteiro arrumando a casa nova dos irmãos McMaleys, além de nós que morávamos ali, Rachel, Hinnan, Dave e Andrew também apareceram para ajudar. Foi um domingo divertido, forramos o chão com jornais, compramos as tintas e tudo que precisávamos. Pintamos as paredes e nos pintamos, rimos tanto quando wade escorregou com um balde cheio de tinta azul, e da bagunça que virou depois que rimos dele. Mesmo Lídia pareceu se divertir. Depois da tinta trouxemos os moveis e nós, as meninas, ficamos vendo os garotos sem camisas montando os móveis enquanto exalavam testosterona. Hinnan ficou tão vermelha quando Amanda perguntou o que ela estava achando de Jem ser o único usando camisa enquanto trabalhava, e todos rimos. No fim da tarde, depois que terminamos o trabalho, espalhamos a lona que vieram com os móveis pelo gramado e jogamos água com sabão para brincarmos. Foi um dia ótimo. A sensação de alegria que sentia era tão boa que quase me enganava.  Eu me diverti tanto ao ponto de esquecer a situação pela qual estava passando, mas é claro que o destino vez o favor de me lembrar quando recebemos a ligação do hospital dizendo que minha mãe tinha piorado.  Da forma que estávamos, ensaboados e não muito vestidos, foi como aparecemos no hospital. O organismo dela começou a rejeitar o tratamento na noite de domingo, e hoje, será a segunda cirurgia...eu implorei para que pudesse ficar durante todo o dia, mas ela insistiu para que eu fosse a aula...a cirurgia começa assim que voltarmos. E assim, Sebastian e Trevor vieram nos buscar no hospital para irmos à escola hoje.

Agora, enquanto o vento sacoleja meus cabelos, eu encaro o retrovisor que mostra o hospital ficando para trás. Sinto a mão de Amanda se apertando em meu ombro, ela deixou de ir junto com Dave na moto, para vir junto comigo no carro.

__vai ficar tudo bem__ ela disse caridosa. Eu sabia que não ia ficar tudo bem, porque o simples fato de minha mãe está no hospital já anula essa possibilidade, mas sei que nessas horas as pessoas que se importam com você não têm algo diferente a dizer. Eles não sabem que depois que se acontece algo assim na família, não existe um segundo em que você esteja bem, mas não posso culpa-la por tentar me ajudar e não posso sobrecarregá-la com problemas que ela não pode entender,e, então,  sorrio para ela. Fingindo que aquilo ajudava.
__Como...vai ser quando...encarar ele? __ me perguntou Hinnan sobre Troy, toda nervosa como se quisesse saber minha resposta para comparar com a sua própria. É verdade que vai ser hoje que vamos vê-lo pela primeira vez desde que ele nos feriu e nos trancou no porão da cabana, mas também é verdade que eu não me importo ou pensei sobre isso___ não quando descobri na mesma noite que minha mãe estava doente. Foi então que percebi: o trauma da noite com Troy não me afetou porque quando chegamos no hospital e descobrimos sobre minha mãe, aquele passou a ser meu problema maior, a ponto de não sobrar nenhuma minúscula parte da minha cabeça pra pensar no que ele fez, mas o trauma da cabana é real pra Hinnan. Ela foi humilhada por ele antes, ele destruiu a única amizade que ela tinha e ele havia feito tudo isso comigo e com ela naquela noite na cabana e nunca parei pra pensar no quanto ela devia estar apavorada. Nenhum de nós parou, não quando toda a atenção se voltou pra mim e minha mãe.

Peguei as mãos dela e as apertei.

__ Me desculpe...meu deus...
Kate, wade, lia, Sebastian, Amanda e Jem(os que estavam no carro junto comigo), me olharam com interrogação. Olhei pra Hinnan.

Quase AdultosOnde histórias criam vida. Descubra agora