37- Diga que me ama

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Dulce gemeu quando a parede gelada entrou em contato com seu corpo em chamas. Os lábios sobre os seus eram exigentes e a forma como ele a devorava fazia com que ela se sentisse desejada e em puro deleite.

Christopher tinha uma das mãos afundada no cabelo dela, puxando, emaranhando as madeixas tão bem tratadas. Ele soltava ruídos a cada vez que ela o apertava contra seu pequeno corpo.

O ar se foi, os pulmões imploravam por descanso, relutantes se afastaram. Ele foi libertando seus lábios aos poucos, deixando leves selinhos pra trás.

Ofegantes, mantiveram os rostos unidos, respirando o ar um do outro. Dulce seguiu de olhos fechados temendo despertar de seu sonho. Mas logo uma imensa agonia lhe tomou o peito e reverberou por sua garganta fazendo-a libertar o primeiro soluço, seguido de lágrimas.

— É tão certo que há um erro entre nós dois. Mesmo assim, eu insisto em te querer. — Sussurrou chorosa.

— Dulce... — Ele tentou limpar as lágrimas que ela deixava cair.

— Não. — O afastou — Isso é errado. Você é casado, sua filha está nesse mesmo hospital com sabe-se lá o quê. E você odeia o fato de que me ama. Sem mencionar que sua mulher está me cercando, ameaçando acabar com minha carreira.

— A sua carreira sempre foi o mais importante pra você. — Cuspiu em amargura. — Foi por causa dela que agora outra mulher é chamada de minha esposa. Hoje, outra mulher ocupa o lugar que devia ser seu.

— Christopher-

— Não. Você tem razão, nós dois começamos a ser um erro um para o outro desde que esquecemos o preservativo naquela noite.

Ela apertou os lábios com força, buscando engolir o choro. Lembrar da primeira vez que se entregou a ele era magia seguida do mais puro ódio. Lembrar da época maravilhosa em que namoravam e o dia sempre começava com aqueles olhos expressivos a encarando, a venerando.

— Você ensinou a nossa música pra ela.

— E do que importa? Não significa nada pra você.

Dulce recebeu aquilo como um tapa. Puxou longas respirações, antes de seguir.

— Eu a observei tocar, acorde por acorde, a letra se desenrolava na voz dela. E tudo que eu pensava, era que eu daria tudo pra ter você cantando pra mim de novo.

— Como chegamos a essa situação? — Eles suspirou em exaustão. Numa vida perfeita, ele a teria pedido em casamento aos dezoito e os filhos só seriam propostos depois dos vinte e cinco.

A saudade dela o corroía. Falta dos sorrisos de menina, das birras bobas, dos conselhos, dos abraços, dos planos jamais realizados.

— Eu não sei. Mas isso não é nada do que eu imaginei quando te encontrei pela primeira vez.

— Eu preciso ir saber sobre minha filha. — Ele caminhou até a porta.

— Diga que me ama. Por mais doído que seja, por favor, diga. — Implorou voltando as lágrimas.

— Eu dolorosamente amo você. — Saiu.

***

— Ai Minha Santa Guadalupe da bicicletinha. Não da pra acreditar — A adolescente loira rompeu pela sala de espera, acompanhado do namorado e de uma Alexandra atudida.

Luna levantou a mirada cansada pra amiga. Sorriu brevemente.

— Querida, onde está seu pai? — Alexandra perguntou. Quando Luna jogou-se em seus braços.

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