Frutos Por Trás Da Fama

03-Foto da Mãezinha

— Prontinho — Alexandra passou o pente uma última vez no cabelo de Jade.

— Ufa, felizmente não estragou — Balançou os fios na frente do espelho — Ah mas aquele infeliz vai se ver comigo. Essa eu não vou deixar passar — Levantou-se caminhando pelo quarto.

— Nós precisamos revidar. Eu ia dizer com classe mas a baixaria sempre é mais revigorante. — Disse Luna em apoio a irmã.

— Meninas-

— Nem vem vó. É a ordem natural das coisas. O Henrique faz algo e nós revidamos. A vida só funciona assim. —  Interrompeu, Jade.

— Vocês não cansam de ficar de castigo?

— É quando a gente para pra refletir. — Afirmou.

— Sobre o quê? — Questionou a avó.

— Sobre a vida, sobre a season finale de alguma série, sobre o mercado de ações. — Jade listou.

— Fazemos apostas sobre qual prêmio a nossa genitora vai perder. — Caçoou Luna.

— Vocês me deixam de cabelos brancos — Sorriu.

— O nome disso, querida vovó, é velhice. — Jade provocou.

— Eu não estou velha, Jade — Se fez de ofendida — Estou na flor da idade.

— Está quase murchando — Luna caçoou e levou um leve tapa da avó — Aiii! Relaxa vó, tenho certeza que você ainda deixa muitos coroas loucos de paixão — Brincou.

— Ora, parem com isso — Corou — Vamos, logo o almoço será servido. — Caminhou em direção a porta — Chamem o Henry — Saiu do quarto.

~•••~

— Filhote de cruz credo, a vó está chamando para o almoço. — Berrou entrando no quarto do irmão.

Ao ouvir a voz de uma das irmãs, Henrique guardou rapidamente a foto que tinha em mão.

— O que você tem aí? — Tentou pegar.

— Nada que seja da sua conta, Jade. — Segurou os braços dela.

— Sou a Luna — Corrigiu — E sim, se você está escondendo algo, é da minha conta — Tentou mais uma vez pegar.

Luna sabia que havia algo errado. Os três podiam brigar como gato e rato, por horas mas, no fim do dia, ainda eram irmãos, uma unidade. Eles não escondiam nada um do outro, o trio não funcionava se um estivesse com problemas. Por isso, tratavam de buscar juntos as soluções.

— Luna, por favor, sai daqui. — Foi segurá-la novamente. Mas já era tarde. Luna pegou a foto.

— Henrique, o que você está fazendo com uma foto dessa mulher!? — Exclamou segurando a imagem de Dulce. — Nós temos um acordo, Henrique.

E eles realmente tinham, acordo que levavam muito a sério, pelo menos era o que ela achava até aquele momento. Nada sobre Dulce entrava na vida deles, não falavam sobre ela sem estarem debochando, não choravam por ela, não buscavam por ela, não se importavam com ela. É claro que quase nunca funcionava, a sombra daquela mulher estava em todo lugar, lembrando que ela quis conquistar o mundo, sem eles.

— Não é nada. Por favor, me devolve. — Desconversou.

— Eu vou contar pro papai. — Saiu do quarto correndo e Henrique foi atrás dela, tentando alcançá-la. — Pai! — Gritou.

Luna correu pelo imenso corredor, fugindo do irmão o mais rápido que pôde, enquanto chamava pelo pai. Desceu as escadas e no último degrau Henrique a alcançou. Eles rolaram no chão brigando pela foto.

Com a gritaria Christopher surgiu, sendo presenteado com a imagem dos filhos de engalfinhando como dois animais.

— Mas o que diabos deu em vocês hoje? — Espantou-se — Luna larga o seu irmão — Segurou a filha pela cintura tirando-a de cima de Henrique — O que em nome de Cristo está acontecendo?

— Falso, traidor. O que você acha que está fazendo? Acha que ela se importa com você? Acha que ela lembra de você ou de qualquer um de nós? Acha que sua vida vai mudar porque você tem uma foto da mãezinha? Não vai Henrique! Vamos continuar sendo a parte da vida dela que ela fez questão de apagar. — Luna indagou rancorosa enquanto afastava-se dos braços do pai.

— CALA A BOCA LUNA, CALA A SUA MALDITA BOCA! - Gritou escondendo a foto atrás de sí.

Jade veio por trás do irmão tomando a foto das mãos deles.

— O que deu em você agora, Henrique? Está com crise existencial? — Encarou a foto — Você quebrou nosso acordo.

— Um acordo que claramente não funciona. Nós três sabemos que ele não funciona! — Henrique se defendeu.

Os três ficaram calados, encarando um ao outro. Nervos a flor da pele, como sempre ficavam quando suas feridas eram expostas. A verdade é que não havia um dia sequer que não lembrasse que a mãe não os quis.

— Jade me dê a foto — Christopher pediu em tom sério.

Ele odiava, odiava saber que por mais que lutasse por eles, por mais que tentasse fazer com que não doesse, haveria sempre um abismo entre ele e os filhos. E ele se culpava por isso, se culpava por ter deixado Dulce entrar na sua vida e por no mundo três crianças com dores que ele não conseguia entender, não conseguia curar. Sentia-se completamente impotente.

-— Pai-

— Jade me dê a foto! — Soou bruto — O almoço está servido, eu quero que sentem naquela mesa e não quero ouvir nem mais uma palavra sobre isso. Estamos entendidos? — Os três ficaram quietos. — Eu perguntei se estamos entendidos.

— Sim, pai. — Murmuram em conjunto.

Dando-se por satisfeito Christopher caminhou para o escritório, murmurando que não estava com fome, batendo a porta em seguida.

— Viu o que você fez? O deixou mal. — Luna fez carranca para o irmão.

— Nada disso teria acontecido se você não fosse uma tremenda fofoqueira — Cuspiu para a irmã enquanto caminhavam para a sala de jantar.

As gêmeas encararam a avó que não havia se pronunciado. Alexandra nunca falava quando o assunto era Dulce. Estava sempre ali para consolar os netos, mas preferia guardar suas opiniões para si mesma. Acreditava que ainda havia muita água para rolar por aquela ponte e só esperava que tanto os netos quanto os filhos estivessem prontos para o que estaria por vir.

— Eu não vi nada, eu não ouvi nada, eu não sei de nada. — Pronunciou mantendo-se neutra.

Alexandra acreditava que ainda havia muita água para rolar por aquela ponte. No fim, só esperava que tanto o filho, quanto os netos estivessem prontos para o que estaria por vir.

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Aí Henrique, o que eu faço com você? KKKKKK

É isso que temos pra semana .-. Até segunda, cerejas do meu bolo 😍😘