04- Mulherzinha Nojenta

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Anahí analisava cuidadosamente as linhas dos contratos que estavam dispostos em sua mesa. Havia tanto trabalho a se fazer, em tão pouco tempo. Claro que ela morria de vontade de jogar tudo para o alto e fugir para algum lugar paradisíaco com seu marido. Mas, ela era uma mulher de negócios agora, precisava que a revista continuasse no topo.

— Finalmente conseguimos a Dulce María para a capa do mês que vem. — Anahí suspirou quando sua sócia entrou em seu escritório. — Achei que teríamos que passar mais um mês em espera.

— Ouvi dizer que ela é super exigente, mandona ao extremo — Maite rolou os olhos Você sabe que não me dou muito bem com artistas com síndrome de estrelismo.

— Eu também não. Mas ela é a influência da música nos dias de hoje. Se você não tem uma entrevista com Dulce María, você não passa de uma ninguém. — Afirmou. — E eu não quero ser uma ninguém, Mai.

— Por quanto você fechou o contrato?

— Um pouco mais do que esperado. Mas se tudo der certo os lucros serão o suficiente para nos deixar bem por um longo tempo.

— A mulher tem esse poder todo? — Perguntou encarando as fotos que Anahí separara para possíveis inspirações.

— Não é atoa que o nosso concorrente subiu muito mais que a gente. — Bufou — Preciso nos botar no topo de qualquer jeito.

— Já tá mais que na hora de alguma celebridade fazer merda e oferecer uma exclusiva pra gente, não acha? Não sei, levar um chifre, bater em paparazzi, ser presa, surgir com um passado escandaloso.

Anahí concordou com a amiga enquanto ria. Alguns diriam que elas sobreviviam da desgraça alheia. Mas ela gostava de acreditar que ofereciam conselhos de moda, entrevistas inspiradoras e claro, uma boa dose de fofoca.

Foram interrompidas pelo toque do telefone.

— Escritório de Anahí Uckermann. — Maite atendeu o telefone da amiga.

Dulce María e sua equipe já estão aqui.

Bem na hora. Por favor, encaminhe-os para o camarim e libera a entrada da empresária para a minha sala por favor. — Anahí respondeu.

Sim senhora. Encerrou a chamada.

— A Daphne disse equipe? — Maite pareceu confusa.

Geralmente toda a produção era fornecida nas instalações do revista. Elas haviam trabalhado duro para garantir que elas oferecessem o melhor para os artistas que contratavam.

— Bom, aparentemente Dulce María não permite que outras pessoas cuidem de sua aparência. — Informou contraditória. — "Dulce não gosta de que estranhos cuidem de sua aparência. Ela tem uma equipe de sua total confiança". - Rolou os olhos, repetindo o que Belinda havia dito no dia da reunião Sinceramente, que mulherzinha nojenta.

— Falando em aparência, você cortou o cabelo? — Reparou que o cumprimento do cabelo da amiga havia diminuído.

— Tive que cortar — Choramingou — Acredita que aquele peste do Henrique pos chiclete no meu travesseiro?

Anahí acreditava que não era uma pessoa ruim, nem de longe. Ela ajudava causas sociais, amava animais, ia a igreja algumas vezes e conseguia se dar bem com muitas pessoas. Mas, por algum motivo, ela havia sido castigada com enteados completamente insanos.

Eles não gostavam dela. Não importa o quanto ela tivesse tentado ser gentil com eles no início, o fato é que nunca havia se saído bem com crianças. Mas aquelas em especial faziam com que ela desejasse profundamente poder explodir alguém só com a força do pensamento.

— E o Christopher? O que fez?

— Simplesmente sorriu e disse "esse meu garoto inventa cada uma" Apertou a caneta que tinha em mãosEu estou tão farta daqueles três que poderia enviá-los para um internato no Alasca e ainda não seria longe o bastante.

Ela sabia que jamais aconteceria, Christopher não dava um passo sem que os filhos estivessem juntos. Mas ela ainda podia sonhar.

— Nunca conversou com o Christopher sobre essa possibilidade? — Questionou, Maite.

— Se ele sequer souber que eu pensei nisso pede um divórcio imediatamente. Ele me ama, mas ninguém está acima daqueles três. — Teve que admitir.

— Você acha que isso vale a pena? Não sei, talvez você só tivesse que partir para outra e não ter que se preocupar com filhos que não são seus. — Aconselhou.

— Pelo Christopher tudo vale apena. — Afirmou sem hesitar.

Não era sempre que Anahí não conseguia lidar com os enteados. Ela fazia coisas por eles, conseguiam fazer alguns passeios em família sem que ela se estressasse e amaldiçoasse até o último fio de cabelo deles, às vezes até os achava divertidos. Mas, definitivamente, não era sempre que isso acontecia.

— Da última vez que conversamos ele disse que estava satisfeito com os filhos que tem. — Deu de ombros. — Particularmente eu não faço muita questão. Seja lá o que aconteceu entre o Christopher e a mãe daqueles três o machucou demais pra ele pensar em passar por isso de novo.

— Você não faz idéia de quem ela seja? — Maite questionou en curiosidade

— Esse é um assunto proibido lá em casa. — Disse — Foi a primeira namorada do Christopher, é tudo que eu sei. Não há fotos, não há cartas, não há nome na certidão das crianças, ela é apenas um fantasma. — Suspirou — Eu acho que se ela soubesse os filhos que têm, provavelmente fugiria de novo. — Brincou.

— E quem poderia julgá-la? —Gargalhou.

Um pigarro chamou a atenção das duas. Lá estava a empresária de Dulce María, completamente imponente, a mulher era ótima no que fazia e constantemente requisitada por outros artistas.

— Bom Dia — Ela sorriu educada.

Espero que tudo esteja correndo bem. — Maite disse enquanto se cumprimentavam com um aperto de mão.

— Na verdade temos um problema — Disse em tom profissional. — O cenário montado para as fotos não agradou a Dulce.

— O quê?! — Anahí engasgou. — Eu tive bons profissionais trabalhando naquele cenário.

— Dulce achou que não combina com a energia que ela passa. Parece um pouco ultrapassado, se me permite dizer.

— Você só pode estar brincando — Anahí disse inacreditada.

— Olha só, não somos nós que estamos fazendo questão dessa entrevista. Uma de vocês me ligou e quase chorou por um momento com a Dulce. Então façam valer o tempo que estamos perdendo aqui. E nos dêem um cenário descente para as fotos. Caso contrário, Dulce estará saindo daqui em meia hora. Sem nenhuma foto para o material de vocês, quem dirá entrevista — Fazendo o seu melhor, Belinda deixou a sala com a certeza de que seu trabalho estava feito.

Quanto tempo você acha que demora pra eu quebrar a cara dela? — Maite virou-se para a amiga.

Anahí não respondeu, mas parte dela desejou que não demorasse muito.

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Eu ajudaria a Maite sem problema nenhum KKKK

Beijos amores, nos vemos logo.
😘

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