63- Um dia de cada vez

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"Faz dois anos que você se foi, e não eu ainda não me acostumei.  É estranho, pois sobrevivi por catorze anos sem você e agora... Acordar já não é uma tarefa tão fácil.
Falando em acordar, qual o problema da Luna? Só essa semana ela quebrou oito despertadores. E ontem ela dormiu quinze horas seguidas, não tô brincando, achei que ela estava morta. O que diabos você fez com essa menina? Sei que se estivesse aqui você diria que essa mania foi herdada de mim, eu provavelmente bateria em você e então você iria sorrir e me beijar... Queria que estivesse aqui...

— Mãe, o café tá pronto. E o Henry ainda não levantou! — Jade gritou da porta.

[...] Viu só? O dever me chama. Sei que assim que sair desse quarto o dia irá começar, brigas, escola, gravação, estúdio, briga por telefone, jantar, mais brigas, controle da hora de dormir. Porém, toda essa bagunça e energia que nossos filhos emanam, tem sido o meu motor, tem sido o que me mantém viva. Então, obrigada por ter  cuidado tão bem deles. Eu não vou te decepcionar, meu amor.  Mais um dia sem você, mais um dia para sobreviver.

— Te amo para sempre
DM"

— MÃE!

— Eu já tô indo! — Gritou de volta. — Bom dia pra você também. — Ela ajeitou a bolsa nos ombros.

— Posso-

— Não. — Dulce respondeu caminhando pelo corredor com a filha em seu encalço.

— Mas você nem sabe o que eu vou pedir.

— Vai pedir pra faltar a aula. E a minha resposta é não. — Bateu na porta de Henrique. — Eu tô dando cinco minutos pra você descer e de uniforme. Não vai querer me ver estressada hoje. — Disse em tom mais alto, certificando-se de que ele tenha ouvido e voltou a fazer seu caminho até a sala de jantar, com Jade a seguindo

— Mãe...

— Tá sentindo dor? — Virou-se para ela.

— Não.

— Tá machucada?

— Não.

— Existe algum compromisso agora pela manhã que você não pode adiar?

— Não. — Disse óbvia.

— Então você não pode faltar a aula. — Concluiu voltando a caminhar.

— Chata. — Resmungou.

— Eu ouvi. Vai dormir dez minutos mais cedo.

— o quê? Tá louca? — Praticamente gritou.

— Quinze minutos mais cedo.

— Mãe, eu tenho dezesseis anos!

— Eu trinta e dois, e sou a sua mãe. — Respondeu quando entrou na sala. Seus pais estavam a postos, e Luna entrou em seguida. — O que é isso no seu uniforme?

— É pano? — A encarou óbvia.

— Não, é a falta dele. — Alertou. — Por que fez isso?

Frutos Por Trás Da FamaOnde histórias criam vida. Descubra agora