— Te he ocultado un gran misterio... Droga. — Se alto interrompeu. — Mistério? Não, a palavra não é mistério. — Dulce encarou o céu limpo daquela tarde, não tinha a menor condição de compor aquela música.
O barulho de algo caindo chamou sua atenção. Virou-se para vê-lo pondo o vaso que derrubou no lugar.
— Dominic? — Ok, era muito estranho ter que chamar de Dominic, o homem que conheceu a sua vida toda como Christopher. Mas se ela pretendia ajudá-lo teria que fazer o jogo da sua maldita e mentirosa esposa.
Quase dois meses de trabalho e quando estavam juntos ela sentia algo mudar na atmosfera ao seu redor. Não é possível que ele não tivesse notado também. Afinal, estava desmemoriado, mas isso não diminuía seus instintos masculinos.
— Desculpe. — Ele lhe sorriu envergonhado. — Gosto de te ver compor. — Confessou encarando o chão.
Christopher envergonhado era mais uma coisa que Dulce estava tentando se acostumar. E ele gosta de vê-la fazendo alguma coisa? Na maioria das vezes em que se encontravam ele estava sempre tentando evitá-la.
— Tentando compor, você quer dizer. — Se levantou largando o violão e a caneta. — Gosto desse lugar, sempre me ajudou a compor. Mas ultimamente minha cabeça está um caos. — Ela caminhou até a grade de proteção. Estava no topo do prédio onde passava a maior parte do seu dia. Dali tinha uma visão de tirar o fôlego.
— Talvez você devesse esvaziar a cabeça. — Em pouco tempo ele estava ao lado dela.
Dulce suspirou longamente com aquela proximidade, inalou seu perfume. Seu cheiro não era o mesmo de antes e isso lhe deixou uma pontada no coração.
— É para o Christopher? -— Ele perguntou quando se virou para ela e em resposta Dulce ficou tensa e arregalou os olhos.
— D-do que está falando? — Embolou-se nas palavras.
— Toda vez que nos encontramos, você segura bem firme nessa correntinha que está no seu pescoço.— Apontou para o colar de ouro com o nome dele que Henrique lhe devolveu no dia do velório. Ela nunca mais fez questão de retirar e obviamente estava segurando agora. — Me pergunto, quão importante ele era pra você?
— Você realmente não usa a internet, não é mesmo? — Ela dava graças a Deus por toda vez que o encontrava e ele não lhe jogava a bomba de que já sabia de tudo.
— Não para saber de você.
— Por quê?
— Por que se for pra saber da vida da mulher que tem atormentado meus pensamentos há quase um mês... Eu prefiro que seja ela quem me conte. — Ele fez aquele olhar do tipo "pronto, falei" e sequer notou o efeito que suas palavras tiveram sobre ela.
Um, dois, três... Quinze segundos e ela não conseguia pensar em qualquer coisa coerente para se dizer naquele momento.
— Você sente também? — Sussurrou encarando as mãos que seguravam a barra de proteção com mais força.
— Cada batida irregular do meu coração toda vez que você está por perto. — Confessou e por um momento pareceu o Christopher de sempre. — É loucura, eu sou casado, você é minha chefe. Mas eu sinto como... como se te conhecesse-
— A vida toda. — Ela completou.
— É estranho, você não acha?
— Eu também me sinto assim. E se eu pudesse te contar uma parte de tudo, eu juro que te contaria. — De repente ele estava com uma das mãos em seu pulso direito a obrigando a soltar o maldito colar.
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Frutos Por Trás Da Fama
Fiksi PenggemarO que se pode dizer de uma mãe que abandona os filhos? Fria, cruel, egocêntrica? Sim, esses são todos os adjetivos que você pode dar a Dulce María. Ao descobrir a gravidez aos dezesseis anos, Dulce vê-se desnorteada e somente o aborto lhe parecia...