71- Segredo

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Te he ocultado un gran misterio... Droga. — Se alto interrompeu. — Mistério? Não, a palavra não é mistério. — Dulce encarou o céu limpo daquela tarde, não tinha a menor condição de compor aquela música.

O barulho de algo caindo chamou sua atenção. Virou-se para vê-lo pondo o vaso que derrubou no lugar.

— Dominic? — Ok, era muito estranho ter que chamar de Dominic, o homem que conheceu a sua vida toda como Christopher. Mas se ela pretendia ajudá-lo teria que fazer o jogo da sua maldita e mentirosa esposa.

Quase dois meses de trabalho e quando estavam juntos ela sentia algo mudar na atmosfera ao seu redor. Não é possível que ele não tivesse notado também. Afinal, estava desmemoriado, mas isso não diminuía seus instintos masculinos.

— Desculpe. — Ele lhe sorriu envergonhado. — Gosto de te ver compor. — Confessou encarando o chão.

Christopher envergonhado era mais uma coisa que Dulce estava tentando se acostumar. E ele gosta de vê-la fazendo alguma coisa? Na maioria das vezes em que se encontravam ele estava sempre tentando evitá-la.

— Tentando compor, você quer dizer. — Se levantou largando o violão e a caneta. — Gosto desse lugar, sempre me ajudou a compor. Mas ultimamente minha cabeça está um caos. — Ela caminhou até a grade de proteção. Estava no topo do prédio onde passava a maior parte do seu dia. Dali tinha uma visão de tirar o fôlego.

— Talvez você devesse esvaziar a cabeça. — Em pouco tempo ele estava ao lado dela.

Dulce suspirou longamente com aquela proximidade, inalou seu perfume. Seu cheiro não era o mesmo de antes e isso lhe deixou uma pontada no coração.

— É para o Christopher? -— Ele perguntou quando se virou para ela e em resposta Dulce ficou tensa e arregalou os olhos.

— D-do que está falando? — Embolou-se nas palavras.

— Toda vez que nos encontramos, você segura bem firme nessa correntinha que está no seu pescoço.— Apontou para o colar de ouro com o nome dele que Henrique lhe devolveu no dia do velório. Ela nunca mais fez questão de retirar e  obviamente estava segurando agora. — Me pergunto, quão importante ele era pra você?

— Você realmente não usa a internet, não é mesmo? — Ela dava graças a Deus por toda vez que o encontrava e ele não lhe jogava a bomba de que já sabia de tudo.

— Não para saber de você.

— Por quê?

— Por que se for pra saber da vida da mulher que tem atormentado meus pensamentos há quase um mês... Eu prefiro que seja ela quem me conte. — Ele fez aquele olhar do tipo "pronto, falei" e sequer notou o efeito que suas palavras tiveram sobre ela.

Um, dois, três... Quinze segundos e ela não conseguia pensar em qualquer coisa coerente para se dizer naquele momento.

— Você sente também? — Sussurrou encarando as mãos que seguravam a barra de proteção com mais força.

— Cada batida irregular do meu coração toda vez que você está por perto. — Confessou e por um momento pareceu o Christopher de sempre. — É loucura, eu sou casado, você é minha chefe. Mas eu sinto como... como se te conhecesse-

— A vida toda. — Ela completou.

— É estranho, você não acha?

— Eu também me sinto assim. E se eu pudesse te contar uma parte de tudo, eu juro que te contaria. — De repente ele estava com uma das mãos em seu pulso direito a obrigando a soltar o maldito colar.

Frutos Por Trás Da FamaOnde histórias criam vida. Descubra agora