69- A pessoa errada

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Dulce encarou a estrutura de trinta andares que era a cede da Uckermanns. Tudo naquele prédio gritava poder, se sobressaia entre todos os outros, lhe lembrava a Christopher. Ela não sabia exatamente o que estava fazendo ali. Só sentia que precisava contar a alguém o que aconteceu, precisava de ajuda para lidar com tudo aquilo.

— Pode ir, ligo quando terminar. — Disse ao seu motorista. Sequer poderia dirigir em seu estado de ansiedade.

Ela entrou no prédio e ignorou os olhares curiosos em sua direção. Ora essa, se aquelas pessoa tinham o mínimo contato com a internet sabia que ela tinha todo o direito de estar ali. Entrou no elevador, que por sorte estava no térreo e vazio. Apertou o botão do último andar, e pareceu que se passaram horas até que finalmente chegasse lá.

— Bom dia, em que posso ajudar? — A secretária que aparentava ter entre seus vinte anos perguntou quando a viu chegar.

Dulce suspirou com a lembrança da última vez que esteve ali para fazer as fotos da campanha. Na ocasião foi recebida pela simpática Lana, que por ser tão competente estava naquele avião. Ela, no entanto não teve a mesma sorte do patrão, ela realmente estava morta.

— Preciso falar com Ian Drew. Agora. — Pediu, sabendo que não estava sendo nem um pouco educada.

— Sinto muito. Ele pediu para não ser incomodado.

— Só me diga para que lado fica a sala dele, querida.

— Você é surda?

— E você não está vendo que estou com urgência? — Arqueou uma sobrancelha na direção da mulher. — Quer saber? Deixa que encontro sozinha.

— Mas-

Ela não pode ouvir o resto das reclamações da secretária, rumou em direção ao corredor procurando pelo nome de Ian nas placas desenhadas nas portas. Passou direto pela porta de Alexandra, não sabia se poderia encará-la agora, sem contar tudo. Suspirou agradecida quando leu "Vice-Presidente- Ian Drew". Não sabia que ele tinha sido elegido vice-presidente, mas nunca se preocupou com isso. Desde que Alexandra passou a cuidar estritamente do patrimônio dos netos, Dulce esteve aliviada por somente ter que lidar com sua educação.

Sequer bateu na porta, com certeza a secretária atrevida já tinha feito um relatório completo.

— A gente tem que conversar. — Foi dizendo assim que fechou a porta atrás de si.

— Oi Dul, bom dia, como vai? Obrigada por ter deixado minha secretária de mau humor. — Ele lhe disse a encarando por cima dos documentos que analisava. — Isso vai me render uma certa quantia em dinheiro.

— Vocês homens são inacreditáveis. — Revirou os olhos enquanto se sentava na cadeira de frente a ele. — Está transando com sua secretária? — Questionou.

— É crime? — Ele sorriu torto recostando-se no assento.

— É nojento.

— É sobre minha vida sexual que você quer conversar? Por que eu posso manter um assunto sobre a sua também. Por exemplo, quem era o cara com quem te fotografaram na Polônia? — Seus olhos aparentavam curiosidade quando a viu corar a sua frente.

— Não seja insolente. — Ela mostrou a língua pra ele. — O assunto é sério.

— Sou todo ouvidos.

Dulce hesitou por um momento, procurando certeza de que queria contar aquilo para Ian. Ele provavelmente a chamaria de louca e a mandaria direto para um hospital psiquiátrico. Mas ela tinha certeza do que viu. E foi por esse motivo que começou:

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