65- Pai?

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Noite passada eu tive insônia, mais uma vez pra variar. Eu me senti tão sozinha e triste. Olhei para o meu violão, o coração estava tão apertado, lembrei de você.
Toquei nossa música. Eu não queria, mas parecia que não era eu quem estava controlando as cordas do instrumento. Quando acabei, estava chorando e mais triste do que quando acordei.
Eu sinto sua falta, eu sinto muito a sua falta. E a cada dia que passa está mais difícil conviver com isso, eu me sinto tão inútil e incopetente. Viver tem sido insuportável e dois anos não foram o suficiente para sanar essa necessidade que tenho de você.
Preciso tanto de você...

***

— Ele queria entrar no seu decote. — Belinda afirmou quando atravessou as portas de entrada do hall da casa de Dulce. —- Foi Ilário.

— Se ele chegasse mais perto, eu ia enfiar meu microfone no-

— Mamãe querida, que surpresa você aqui. — A voz soou amistosa.

— Luna, eu moro aqui. — Encarou a filha com mirada confusa.

— Eu também! Olha só que coincidência maravilhosa? — A menina sorriu. Oi tia Bell. — Acenou para Belinda.

— O que você quer? —  Dulce perguntou quando deixou a bolsa sobre um móvel.

— Por que eu iria querer alguma coisa? — Ela seguiu a mãe quando esta passou por ela.

— Você só chama a Belinda de tia quando quer que ela me convença a deixar você fazer algo. — Fez o caminhou até a cozinha.

— Eu me sinto tão usada. — Dramatizou Belinda.

— Então, o que é? — Voltou a perguntar levando uma garrafa de água a boca.

Luna suspirou antes de responder:

— Sabe, uma amiga está fazendo aniversário hoje. Ela vai dar uma festa, só gente conhecida. Eu posso ir?

Dulce cuspiu a água que bebia, fazendo Belinda dar um salto do balcão.

— Luna, hoje é quarta feira.

— E amanhã quinta, ora. — Deu de ombros.

— Uma festa no meio da semana? Tá maluca? Óbvio que não.

— Você vai em festas no meio da semana. — Afirmou.

— Eu estou lá a trabalho, meu bem. Não pra ficar bêbada e chegar em casa de madrugada como você fez da última vez. Você é menor de idade! — A encarou frustrada.

— Eu nunca posso fazer nada. — Revirou os olhos.

— Pode ir pro seu quarto e começar a estudar para as provas.

— Tia Bel. — Encarou a melhor amiga da mãe com um olhar de súplica.

— Eu não vou me envolver nessa. Da outra vez sobrou até para mim.

— Eu já disse, você não vai.

— Tudo bem. — Deu de ombros e saiu da cozinha.

Frutos Por Trás Da FamaOnde histórias criam vida. Descubra agora