50- I Promise

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"Eu não sou romântico. Meus gostos são bem peculiares. Você não entenderia" — Luna leu com sua voz melodramática. — Ahh me poupe, esse cara é um psicopata. — Ela fechou o livro, e voltou sua mirada para a irmã. — Como é que você gosta disso?

— Meus gostos são bem peculiares, você não entenderia. — Jade repetiu dando uma risada fraca.

Fraca, era assim que tudo nela estava. Sua voz, seus olhos, seu sorriso. Nada nela demonstrava ser a adolescente de alguns meses atrás, seus cabelos estavam ralos, sua pele pálida e sua saúde instável.

Era por isso que ela sempre pedia para que a irmã passasse as tardes com ela, para lembrar-se de como ela era. Era horrível ver o quanto seu estado deplorável deixava a sua irmã em total tristeza, mas Jade sentia-se egoísta demais para impedir que ela estivesse lá.

— Você também é psicopata por gostar disso. — Ela sentou-se na cama. — Vai ler alguma coisa saudável, tipo Harry Potter ou Percy Jackson. Assistir uma série ou sei lá. — Ela ligou a tv.

— Luna se me fizer assistir mais um episódio de The Vampire Diaries eu vou matar você. — Ameaçou.

— O papai disse que não podemos ver Grey's Anatomy. — Fez biquinho.

— É bem óbvio o motivo, não? — Olhou para o quarto que as abrigava.

— Não por muito tempo. Quando você sair daqui, vamos fazer maratona dessa série. — Comentou animada voltando-se para a irmã.

Jade suspirou, querendo muito que estivessem em casa, desejando com todas as suas forças que estivessem largadas na sala de cinema, assistindo qualquer que seja a série. Mesmo que fosse aquela que elas já viram milhões de vezes, mas só estar em casa. Sem toda essa merda sendo jogada em si a cada momento que um médico entrava para injetar drogas no seu organismo.

— Hey, Não faz essa cara. — Sua irmã disse, a tirando de seu devaneio.

— E se eu não voltar, Luna? — Quando encarou a sua gêmea, seus olhos estavam úmidos pelas lágrimas. Ela nunca pensou em morrer, até que a morte estava tão perto, que ela não sabia pensar em outra coisa.

— Jade, você vai voltar. — Afirmou.

— Luna, é o câncer.

— Foda-se! — Gritou. — Câncer, gripe, dor na orelha, não importa. Você é a minha irmã e você não vai morrer. Não vai me deixar aqui. — Segurou a mão dela, gélida. — Você tem que ficar comigo.

— Luna-

— Não Jade, não. — Negou cerrando os olhos, quando silenciosas lágrimas desceram por sua face. Todos os dias, elas brigavam por isso, todos os dias ambas choravam por isso. — Você não vai me abandonar. Ainda temos tanto a fazer.

— Eu sinto muito, Luna. Eu sinto tanto. — Soluçou.

— Você vai ficar bem. — Beijou a mão da irmã que segurava. — Com quem eu vou trocar de lugar em dias de prova de física? — Brincou enquanto secava as lágrimas do seu rosto e do rosto dela.

— Nós nunca fizemos isso. — Estreitou os olhos a ela.

— Viu? Você tem que lutar para termos essa oportunidade.

— Você quer que eu sobreviva para fazer suas provas? — Fez careta.

— Eu quero que você sobreviva para provar a todos que é possível. — Sorriu, buscando coragem de onde não tinha. — Não pode me deixar aqui com a louca da nossa mãe. — Disse em drama o que arrancou um sorriso da irmã.

Frutos Por Trás Da FamaOnde histórias criam vida. Descubra agora