55- Um só coração

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— Tem certeza que já não se passaram três horas? — Larissa Perguntou acariciando a mão que segurava a sua.

— Amor, acabou de completar uma hora.

— Seu relógio está quebrado.

— O meu e o de todo mundo né? Por que em todo canto desse país se passou somente uma hora. — Ele respondeu.

Somente uma hora de cirurgia. Mas parecia que dias estavam se passando diante de seus olhos. Dulce estava sentada em um canto isolado da sala. Henrique sabia que o clima entre eles estava estranho, mas não era de sua conta. Ainda estava exitante sobre Dulce, embora ela já tivesse lhe dado mil motivos para acreditar. O relacionamento entre eles era algo que sinceramente não lhe dizia respeito. Sabia como todos ali que Dulce sempre fora o amor da vida de seu pai, e que ele estaria fazendo o que era melhor pra si.

Henrique não sabia dizer exatamente se era o certo que seu pai estava fazendo naquele exato momento. Poderiam estar juntos, apoiando-se nas horas que teriam pela frente. Entretanto, ao invés disso, estavam um em cada canto da sala de espera, muito mais fragilizados do que poderia imaginar.

Blanca e  Alexandra estavam na capela do hospital. Fernando em algum canto do prédio conversando com Belinda sobre a carreira de Dulce. É ele havia se encarregado disso pela filha e Dulce podia admitir que ele estava fazendo um ótimo trabalho. E o relógio, bem, parecia estar se arrastando em seus malditos ponteiros.

— Olha na internet quanto tempo duram essas cirurgias. — Larissa pediu depois de um tempo calada.

Ela havia chegado a pouco mais de meia hora. Christopher pediu para que ela viesse, em vista que os filhos não quiseram ir embora e ele acreditou que seria bom para Luna ter o apoio da amiga e Henrique da namorada.

— Larissa, a Dra.Miller estudou pra isso. Ela passou anos da vida dela estudando e exercendo a profissão. Sabe quantos processos cirúrgicos desse tipo ela já realizou? Ela disse que a cirurgia leva de três a quatro horas. Será que você pode aceitar isso? — Ele a encarou indicando que havia chegado ao seu limite.

— Vai que ela tenha se enganado? — Arqueou uma sobrancelha.

— Estou ignorando você. — Respondeu.

— Chato. — Ela o empurrou. — Luna?

Luna estava ali com eles, embora não tivesse dito muita coisa. Apenas derramara algunas lágrimas quando a amiga chegou e agradeceu por ela estar ali. Segurando um terço entre as mãos, ela olhava para um ponto fixo da sala, e todos decidiram respeitar seu momento.

Mas agora, ela havia saido de seu estado de quietude e encarava a si mesma de um jeito estranho.

— Luna? Luna tá tudo bem? — Larissa voltou a chama-la.

— Olha todo esse sangue. — Ela murmurou encarando seu corpo.

— Sangue? Onde? — Henrique procurou por algo vermelho em suas roupas.

— É muito sangue! Está doendo! — Em algum segundos ela estava no chão.

— Pai! — Henrique gritou, mas Christopher e Dulce já estavam ali no exato momento em que ela atingiu o solo.

— Luna, fala comigo. — Dulce pediu segurando sua cabeça entre as mãos.

— Sangue, muito sangue, olha tudo isso. Eu estou morrendo, não me deixem ir! — Gritou se contorcendo.

— Sangue onde!? — Christopher gritou segurando o corpo da filha. — Luna me diz onde está? — Foi nesse momento que seus olhos encontraram os dela que já estavam banhados por lágrimas. Mas aqueles olhos...— Jade? — Sua voz soou espantada.

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