— Não. Não tá legal. Dulce, vamos mais uma vez o início de Inevitable. — A ordem soou alto pelas paredes do estúdio.
Dulce suspirou irritadiça. E encarou Belinda, pelo vidro. Esta somente levantou as mão em sinal de rendição. Enquanto Edu, o produtor, voltava ao início da música.
— Hoy, quiero, gritarlo, no sobran las palabras. Hoy quiero quedarme lej... — Ela se interrompeu quando percebeu errar a letra, arrancando os fones, e balançando a cabeça negativamente.
— Dul, o que está acontecendo? — Belinda perguntou após apertar o botão de áudio.
Dulce encarou o teto, suspirando. O que estava havendo? Inevitable era uma de suas músicas favoritas. E agora estava errando a letra? A letra que ela mesma escreveu?
— Estrelinha, assim não dá. — Retrucou Edu. — Vamos mais uma vez?
Ela estava pronta pra responder um não. Quando Belinda levantou seu celular, indicando que alguém estava ligando. Teve vontade de mandar desligar. Mas cerrou bem os olhos e conseguiu ler o nome de Luna. Jogando os fones no chão, saiu da saleta rapidamente, arrancando o aparelho das mãos de Belinda.
— Luna! — Disse quando atendeu, afastando-se da amiga e do produtor que a encaravam atônitos.
Ouviu a menina suspirar longamente. Parecia estar preparando-se para falar. Mas falhava miseravelmente.
— Luna, eu sei. É estranho pra mim também, podemos fazer isso juntas ok? Diga-me, como você está?
— E-Eu, estou bem. Estou bem. — Suspirou. — A Jade passou a noite no hospital, ela seria liberada agora pela manhã. Mas as dores retornaram.
— Onde você está agora?
— No colégio. Eu iria te ligar, quando o papai contou. Mas eu tive medo. — Contou em tom de voz baixo.
Dulce cerrou os olhos digerindo aquela informação. Por que tinha que ser tão difícil? A maneira como Christopher lidava com eles, parecia fácil. Ao fim, ela não fazia ideia porque estava tão interessa e empenhada em fazer com que aquela aproximação desse certo.
— O que ela tem?
— Sei bem pouco. É algo com os rins, ela vai precisar de transplante de órgão. E o papai não quis contar. Mas, Jade me disse que pode evoluir pra câncer. Ela teve uma parada cardíaca ontem a noite. Por muito pouco conseguiram trazê-la de volta. — Sua voz embargou. E Dulce sentiu-se tentada por não poder lhe dar o mínimo consolo. — Eu não quero perder minha irmã. Não quero que aconteça com ela, o mesmo que aconteceu ao meu avô.
— Eu não sei o que te dizer. — Murmurou encarando o espaço vazio a sua frente.
— Não esperava que soubesse. Eu só quis te contar. O Intervalo está acabando. Vou encontrar o Henrique.
— Fica bem. — Pediu.
O Silêncio reinou copiosamente, ambas estavam caladas, apenas ouvindo as respirações uma da outra.
— Mãe? — Chamou em um fio de voz.
— Eu estou aqui.
— Vá vê-la. Antes que seja tarde de mais. — Pediu.
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Frutos Por Trás Da Fama
FanfictionO que se pode dizer de uma mãe que abandona os filhos? Fria, cruel, egocêntrica? Sim, esses são todos os adjetivos que você pode dar a Dulce María. Ao descobrir a gravidez aos dezesseis anos, Dulce vê-se desnorteada e somente o aborto lhe parecia...