82- Bem vindo de volta.

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— Não, não é real, você morreu, você está morto. Nós enterrando você, não é real, não é real!

Ela repetia enquanto suas mãos seguravam a sua cabeça indo pra frente e para trás sucumbindo aos tremores.

— Luna.

— Não, não pode ser. Eu não posso, nós não, você morreu, nós sofremos e você morreu!

— Luna.

— Você morreu!

— LUNA PORRA PRESTA ATENÇÃO EM MIM! — Jade gritou fazendo com que a sua gêmea idêntica retirasse as mãos dos ouvidos.

— Onde estamos? — Ela olhou ao redor para o cubículo pouco iluminado. Pelo cheiro de desinfetante, com certeza ainda estavam no hospital.

— Eu não sei- eu- eu só saí correndo atrás de você.

Seu pai, Jade sabia que havia visto o seu pai. E por mais que quisesse entender o que estava acontecendo, acompanhar sua irmã enquanto ela gritava subindo e descendo escadas daquele maldito hospital pareceu muito mais solicito do que estar petrificada no corredor sem saber exatamente o que era real e o que era apenas fruto de sua saudade.

— Jade, eu acho que me drogaram de novo. — Murmurou embargada. — Eu o vi.

Antes que ir para aquela trágica viagem, a despedida que Jade teve com seu pai foi tranquila. Ele lhe deu uma das jóias mais importantes que tinha, um colar com o nome da sua mãe. Ela lhe desejou boa viagem, disse que lhe amava e que estaria esperando ele voltar. Luna não, Luna brigou com ele, ela não abriu a porta do quarto, ela não se despediu e a culpa a matava dia após dia, mês após mês, ano após ano.

— Eu vi também. Por favor pare. — Pediu engolindo em seco vendo como Luna apertava as unhas em torno do rosto arrancando sangue. — Não se maltrate.

— Ele morreu Jade.

— Era o que todos pensávamos. Mas precisamos saber o que aconteceu, você precisa levantar, nós temos que voltar pra lá. — Ela incentiva.

Jade não sabe como está conseguindo manter a calma. Mas não sente suas pernas, suas mãos estão frias e seu coração parece querer saltar do peito. Tudo que ela quer é voltar para aquela sala e ter certeza que ele não desapareceu como das outras vezes, que é real.

— Eu não sei se consigo. — Luna murmura.

— Você o viu. Aquela noite na festa, você o viu Luna.

— Eu estava drogada.

— Não, você foi salva por ele. Ele estava lá quando você precisou. Por favor, eu sei que você consegue se levantar.  — Insiste.

— Eu, eu me sinto tão culpada.

— Não foi você quem derrubou aquele avião. A culpa não é sua. Mas se ficarmos aqui, se você fugir mais uma vez, nós não vamos entender o que aconteceu naquele maldito dia. Eu estou te implorando Luna.

Os olhos idênticos se encontraram, aquela linguagem sem palavras que somente elas entederiam aconteceu. E Luna sabia que era hora de encarar.

***

Christopher não sabia o que fazer. Aquelas pessoas que agora ele sabia ser os pais de Dulce o encarava esperando respostas. Mas como explicar toda confusão em que haviam se envolvido? Ele não sabia se estava pronto. Sabia que não deveria ter ido até lá, mas ter presenciado aquele  carro atingir a mulher mais importante de sua vida não permitiu que ele ficasse parado.

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