Dulce suspirou quando fechou a porta do seu quarto, não soube dizer por quanto tempo ficou fazendo companhia a garota que adormecera há algumas horas, mas sabia que assim que saísse teria de encarar a bagunça que se concentrava no escritório no andar de baixo.
Agora ela estaria vendo a situação do outro lado e nem acreditava no quão surreal aquilo parecia. Por vezes desconfiava que o destino não tinha mais ninguém com quem jogar, então acabava decidindo que sua família era o play ground ideal.
— Oi. — A voz de seu filho chegou a seus ouvidos.
Pelo menos ele ainda tava vivo. Quase riu do seu pensamento absurdo. Precisaria tirar um tempo pra conversar com o garoto. Mas sentia que naquele momento não era com ela que ele queria falar.
— Há quanto tempo está aí? — O encarou. Os cabelos bagunçados e a postura tensa que se encontrava largado no chão do corredor.
— Não sei. — Deu de ombros. — Será que eu posso-
— Ela dormiu. — Indagou.
— Eu só preciso vê-la. — Seu olhar suplicante fez com que o coração da mais velha se apertasse.
Dulce suspirou destravando a porta.
— Nós ainda vamos conversar, tudo bem? — O parou antes que ele pudesse entrar. Henrique somente assentiu em concordância, mas ela tinha a impressão de que ele concordaria com qualquer coisa que falasse. — Vai lá garoto. — Abriu a porta e permitiu que ele entrasse, encostando logo em seguida, dando a privacidade que eles precisavam no momento.
***
Com cuidado ele se sentou na cama, ao lado do corpo adormecido da garota. Larissa estava encolhida como uma bola e os cabelos escondiam a face cálida e inchada de quem havia chorado mais que o necessário.
Sem conseguir conter o impulso de tocá-la, Henrique afastou as mechas loiras de seu rosto.
Ele ainda estava desacreditado de tudo que estava acontecendo. Desde a escola quando ela fugiu, parecia estar agindo em piloto automático. E aquele era o único momento em que realmente parou para respirar, para buscar calma. Seu avô havia falado por horas sobre como ele foi irresponsável e imaturo. Mas ele nem tinha certeza sobre tudo que ouviu ou concordou.
Tinha a vaga memória de Ian o ameaçando de morte, duas, três ou mais vezes, ele não se importou. Seu pensamento estava na garota no quarto, na garota que agora parecia dormir como se não o fizesse por muito tempo.
Ela pareceu sentir estar sendo observada, pois aos poucos seus olhos se mexeram por baixo das pálpebras cerradas e não demorou muito para que seu olhar encontrasse os de Henrique. Inevitável e inesplicávelmente suas bochechas assumiram a coloração vermelha.
— Surpresa por eu ainda estar vivo? — Ele brincou. Ela não respondeu, só procurou se sentar apoiando as costas na cabeceira da cama. — Eu vou assumir esse bebê.
— Eu sei. — No fundo, ela nunca duvidou de que ele faria.
— Você precisa falar comigo. — Ele se sentou ao lado dela, evitando tocá-la para impedir certo constrangimento. Ambos estavam encarando um ponto fixo.
— Não há o que falar, Henrique. Eu fui burra, transamos. Achando pouco, fui além da burrice e engravidei, aos dezesseis anos. — Ela sorriu, mas não seu sorriso habitual, esse era tórrido e sarcástico cru. — Tô na merda.
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Frutos Por Trás Da Fama
Fiksi PenggemarO que se pode dizer de uma mãe que abandona os filhos? Fria, cruel, egocêntrica? Sim, esses são todos os adjetivos que você pode dar a Dulce María. Ao descobrir a gravidez aos dezesseis anos, Dulce vê-se desnorteada e somente o aborto lhe parecia...