64- Acabou

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— Você está pronta, Dulce? — O diretor perguntou e ela assentiu tomando lugar na cena. — Um, dois, três, gravando! — Anunciou o início da tomada.

— Espera! — Belinda gritou.

— Corta! — Exclamou o direito revirando os olhos — O que houve, Belinda?

— Dulce, é do colégio. Parece que o Henrique se envolveu em uma briga. — Disse.

— É oficial, eu vou matar o meu filho. — Dulce levantou. — Com quem você falou?

— Com a diretora. Ela disse que seus pais já foram avisados. Mas dessa vez ela só aceita falar com o verdadeiro responsável. Mulherzinha intragável.

Dulce choramingou. Nunca havia ido a escola dos filhos. Era o número e nome dos seus pais que estavam na lista de emergência. Mas quem naquele país não sabia que eles eram filhos dela? Tentava evitar esse tipo de coisa, sair com os filhos em local público, tudo para diminuí o assédio e a exposição. Não sabia como eles se sentiam em relação a isso, mas preferia manter a privacidade deles.

— Quantas cenas pra hoje? — Perguntou para a assistência de direção.

— Mais duas. — Checou no tablet que levava de um lado a outro.

— Agenda pra amanhã.

— O quê!? Dulce amanhã já tem quatro!

— Agora tem seis. — Deu de ombros. — Fred você entende, não é? — Ela virou-se para o direitor.

— Claro, querida. — Ele lhe fez um aceno positivo. — Vamos para a cena vinte e oito, cenário nove! — Gritou

— Vou me trocar. — Caminhou apressada até o camarim.

***

— Tá fazendo o quê aqui? — Luna murmurou, quando viu a mãe adentrar o corredor da escola e roubar todos os olhares.

— O seu irmão. — Suspirou. — O que ele fez em? Não podia controla-lo?

— Eu? Bancar a babá? Brincou mãe. — Revirou os olhos. — Fiquei esperando a Jade terminar de copiar o exercício para irmos comer. Quando chegamos lá ele já estava sendo levado.

— Cadê a Jade?

— Tô aqui. — Caminhou até a mãe olhando torto para os colegas. — Aí que gente chata.

— Meninas! — Uma garota que aparentava a idade delas se aproximou pondo os braços sobre os ombros de cada uma. — Faz tempo que não nos vemos.

— Oi? Estudamos na mesma sala a pelo menos três anos, Lavínia. Você nunca falou conosco. — Luna revirou os olhos afastando-se dos braços dela. — Diz logo que você quer uma foto com a nossa mãe e vaza.

— Luna! — Sua mãe a repreendeu.

— Será que você poderia...—  A menina sorriu envergonhada.

— Claro, linda. — Sorriu aceitando o celular que a menina lhe estendeu. Mas a revirada de olhos das filhas não passou despercebido.

— Senhora Saviñón, a diretoria é por aqui. — Um homem com um crachá de secretário apareceu em seguida.

— É, vamos lá. — Suspirou o seguindo.

***

— Não sei de quantas formas teremos que repetir. Agressão ou qualquer outro tipo de provocação nas dependências dessa instituição é completamente proibido. — A mulher grisalha passava esse sermão para dois meninos sentados a frente de sua mesa.

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