— É ele. — Blanca respondeu ao celular.
— Você tem certeza?
— Claro né, Nando? É o corpo do Christopher. Eles não me deixaram entrar, pois já está em estado de decomposição e o odor é grande. — Ela explicou.
— Blanca, ela vai enlouquecer — Referiu-se a filha.
— As crianças estão aí?
— Não. Alexandra os levou pra casa. O Ian vai lá mais tarde. — Respondeu. — Como eu digo isso pra Dulce?
— Onde ela está?
— Eu a convenci a tomar um banho. Já faz... — Consultou o relógio. — Uma hora.
— E você não pensou em nenhum momento que um banho não dura todo esse tempo!? — Praticamente gritou. — Fernando! — O repreendeu.
— Eu vou dar uma olhada. Volte para casa, por favor. — Pediu antes de desligar.
Largando o celular sobre o criado mudo ao lado da cama da filha. Fernando caminhou até a porta do banheiro.
— Dul? — Bateu na porta, tentando ouvir além do barulho do chuveiro. Não teve muita sorte. — Dulce? — Voltou a chamar. Porém, nada aconteceu. — Dulce eu estou entrando. — Empurrou a porta.
Ela estava lá, encolhida embaixo do chuveiro, abraçava os joelhos e encarava o nada. Ele não podia dizer se ela estava a chorar, mas os olhos vermelhos não negava que ela já havia chorado muito.
— Ah meu amor. — Ele suspirou, desligando o fluxo de água. — Levante-se. Dulce você precisa levantar. — Ele pediu. Mas ela sequer deu algum sinal de que estava lhe ouvindo. — Vamos, deixa eu te ajudar. — Ele a cobriu com a toalha, praticamente a arrancando do chão.
Dulce não fez muito para se mover, mas saiu do banheiro em passos pequenos, e aceitou o roupão que seu pai lhe estendeu. Ela fez tudo em modo automático. E não falou até que estivesse na cama.
— É ele, não é? — Murmurou quando seu pai fez menção de afastar-se.
— Ah, Dul... — Ele suspirou sentando-de na cama, acariciando o cabelo dela.
— O que eu faço, pai? — Perguntou em desespero. — O que vai ser daqui pra frente?
— Eu queria ter respostas para isso, meu amor. — Indagou. — Mas você vai ter que está preparada.
— Eu não vou conseguir. — Afirmou.
— Claro que vai. Você só precisa confiar em si mesma. Além do mais, não vai estar sozinha. Sua mãe e eu nunca vamos abandonar você. — Segurou a mão fria e pálida.
— Ainda não caiu a ficha de que ele morreu. — Prendeu os lábios, ela não queria chorar mais. Estava cansada e no limite, não aguentava mais tanta dor e a todo momento brotavam mais lágrimas. Aquilo nunca acabava? — Eu sempre achei que mesmo longe, quando ele morresse eu morreria também. E sabe o que eu descobri?
— O quê, minha linda? — Ele perguntou respeitando os limites dela.
— Que é verdade. — Ela mordia o lábio com tanta força que não demoraria muito para tirar sangue dele. — Parte de mim está morta. E eu nunca vou superar.
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Frutos Por Trás Da Fama
FanfictionO que se pode dizer de uma mãe que abandona os filhos? Fria, cruel, egocêntrica? Sim, esses são todos os adjetivos que você pode dar a Dulce María. Ao descobrir a gravidez aos dezesseis anos, Dulce vê-se desnorteada e somente o aborto lhe parecia...