61- Mãe e filhos

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É ele. Blanca respondeu ao celular.

Você tem certeza?

Claro né, Nando? É o corpo do Christopher. Eles não me deixaram entrar, pois já está em estado de decomposição e o odor é grande. Ela explicou.

Blanca, ela vai enlouquecer — Referiu-se a filha.

As crianças estão aí?

Não. Alexandra os levou pra casa. O Ian vai lá mais tarde. — Respondeu. — Como eu digo isso pra Dulce?

Onde ela está?

Eu a convenci a tomar um banho. Já faz... — Consultou o relógio. — Uma hora.

E você não pensou em nenhum momento que um banho não dura todo esse tempo!? Praticamente gritou.Fernando! — O repreendeu.

Eu vou dar uma olhada. Volte para casa, por favor. — Pediu antes de desligar.

Largando o celular sobre o criado mudo ao lado da cama da filha. Fernando caminhou até a porta do banheiro.

Dul? — Bateu na porta, tentando ouvir além do barulho do chuveiro. Não teve muita sorte. — Dulce? — Voltou a chamar. Porém, nada aconteceu. — Dulce eu estou entrando. — Empurrou a porta.

Ela estava lá, encolhida embaixo do chuveiro, abraçava os joelhos e encarava o nada. Ele não podia dizer se ela estava a chorar, mas os olhos vermelhos não negava que ela já havia chorado muito.

Ah meu amor. — Ele suspirou, desligando o fluxo de água. — Levante-se. Dulce você precisa levantar. — Ele pediu. Mas ela sequer deu algum sinal de que estava lhe ouvindo. — Vamos, deixa eu te ajudar. — Ele a cobriu com a toalha, praticamente a arrancando do chão.

Dulce não fez muito para se mover, mas saiu do banheiro em passos pequenos, e aceitou o roupão que seu pai lhe estendeu. Ela fez tudo em modo automático. E não falou até que estivesse na cama.

É ele, não é? — Murmurou quando seu pai fez menção de afastar-se.

Ah, Dul... — Ele suspirou sentando-de na cama, acariciando o cabelo dela.

O que eu faço, pai? — Perguntou em desespero. — O que vai ser daqui pra frente?

Eu queria ter respostas para isso, meu amor. — Indagou. — Mas você vai ter que está preparada.

Eu não vou conseguir. — Afirmou.

Claro que vai. Você só precisa confiar em si mesma. Além do mais, não vai estar sozinha. Sua mãe e eu nunca vamos abandonar você. — Segurou a mão fria e pálida.

Ainda não caiu a ficha de que ele morreu. —  Prendeu os lábios, ela não queria chorar mais. Estava cansada e no limite, não aguentava mais tanta dor e a todo momento brotavam mais lágrimas. Aquilo nunca acabava? — Eu sempre achei que mesmo longe, quando ele morresse eu morreria também. E sabe o que eu descobri?

O quê, minha linda? — Ele perguntou respeitando os limites dela.

Que é verdade. — Ela mordia o lábio com tanta força que não demoraria muito para tirar sangue dele. — Parte de mim está morta. E eu nunca vou superar.

Frutos Por Trás Da FamaOnde histórias criam vida. Descubra agora