46- Lute

3.1K 245 83
                                    

Naquela noite Dulce chegou em casa completamente exausta, mal esperou que o carro fosse devidamente estacionado e saltou dele. Na porta de sua casa, ainda haviam alguns jornalistas, provavelmente procurando por algum dos gêmeos e ela condenou a mídia fortemente por isso.

— Abutres inúteis. Praguejou quando a porta foi aberta. Ela arrancou os sapatos e se jogou na primeira poltrona que encontrou. Ouviu Belinda entrar logo atrás.

— Como você está? — Ela sentou-se de frente para amiga, que encarava o teto pensativa.

— Eu não sei. Minha mente está em confusão. Eu quero me esconder, mas também quero protegê-los, quero me desculpar por todos esses anos, mas tenho medo de como isso vai funcionar daqui pra frente. Estou com medo de perder a Jade, antes mesmo de tê-la comigo. — Desabafou. — O que vai ser daqui pra frente?

— Eu sinceramente gostaria de saber, Dul. Mas infelizmente meus poderes se resumem a administrar você. — Sorriu fraco. — Contudo, eu te prometo que vou estar aqui pra seja lá o que acontecer.

— O que seria de mim sem você? — Questionou voltando os olhos para amiga.

— Isso você nunca vai saber. — Sorriu e caminhou para a saída da sala, em direção ao quarto que sempre dormia quando estava ali. — Boa noite, tia. — Cumprimentou Blanca quando a encontrou no meio do corredor.

— Boa noite, meu anjo. Como ela tá? — Referiu-se a filha.

— Ela vai ficar bem. Só precisa de tempo e apoio. — Suspirou. — Temos que acreditar que vai dar tudo certo.

— Que a virgem Guadalupe te ouça, Bel. Eu vou lá conversar com ela.

Belinda assentiu e continuou seu trajeto.

***

— Vá em frente, diga que me avisou, que me disse que as consequências seriam maiores. — Dulce pronunciou ao ouvir os passos da mãe.

— Que tipo de mãe eu seria se pensasse em te julgar nesse momento? Dulce a sua filha tem câncer, eu não sei o que faria se você tivesse que passar por isso na idade dela. É um momento difícil para todos nós. Não estou aqui para te julgar minha filha. Eu jamais o faria. — Explicou quando sentou no lugar que Belinda ocupara a poucos minutos atrás.

— Eu não sei qual vai ser o meu próximo passo. Henrique não quer me ver nem pintada de ouro, a Luna... Bem, é a Luna não é? Não sei como vou lidar com eles.

— Eles estão além de magoados, essas crianças já sofreram tanto. Não vai ser fácil, você não vai poder voltar atrás.

— Eu não sei se vou poder reparar todo dano que eu fiz. E se aquela menina morrer, mãe? Tem noção de como eu vou me sentir culpada?

— Dulce, a doença não é sua culpa.

— É minha culpa não ter estado lá para protegê-la. — Encarou o teto condenando-se, ela sempre se condenaría. — Eu preciso ir dormir. — Levantou-se.

— Sobre o seu quarto-

— O que tem no meu quarto? — Alarmou, o dia já estava difícil demais para ter que se preocupar com qualquer que seja o inseto que estivesse lá dentro.

— Não o quê e sim quem. Luna se trancou lá hoje cedo. E com aquele sistema de digital desnecessário que você instalou. Só você pode tirá-la de lá. — Mordeu o lábio — Eu sei que seu quarto é seu santuário eu só-

Frutos Por Trás Da FamaOnde histórias criam vida. Descubra agora