86- Estar de volta

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— Nós deveríamos ter pegado o jatinho e ido buscá-la. — Luna resmungou.

A polícia havia localizado Larissa e os demais há alguns dias e desde então estavam em procedimentos para trazê-la de volta. O que significava prender o pai da garota junto com sua suposta cúmplice e certificar-se de que nenhum dos menores que haviam sido levados estavam negligenciados fisicamente. Adicionado à isso, havia o fato de que Larissa estava grávida, o que por si só, resultou em um pequeno atraso para o seu retorno.

Eles estavam no aeroporto. Em um procedimento normal, a garota seria imediatamente levada a uma assistente social  e as coisas seriam resolvidas conforme o caso por tentativa de assassinado sobre o seu pai fosse avançando. Mas eles não eram pessoas normais, e era de se esperar que Dulce usasse de sua influência para que seu filho pudesse ter alguns dias com sua namorada antes de toda burocracia recair sobre eles.

— Mãe, tem certeza que não tá atrasado? — Henrique perguntou mais uma vez.

Dulce encarou suas olheiras profundas. Não era culpa dele, ela sabia. Era o amor, aquela força extraordinária que ninguém sabe de onde vem, mas que corrompe todo o teu ser e te faz viver em função de outras pessoas. Henrique passou pelo inferno todos esses dias. Mas, quem poderia culpá-lo por amar?

— Tenho querido. Eles estarão aqui em breve. — Garantiu com a voz carregada em paciência.

Sua mão repousou sobre o joelho de Christopher, que estava sentado ao seu lado, mas estranhamente calado. Ela também não poderia culpá-lo. A dificuldade em recuperar suas memórias estava machucando mais do que deveria, ele teve mais consultas com neurologistas do que deveria, e todos diziam a mesma coisa: aguarde, os efeitos irão passar. Mas não era só isso que lhe atormentava, com a chegada de Larissa, significava que Ian também estaria de volta, pronto pra ser interrogado, julgado e culpado por seu crime absurdo.

Para Dulce não restava dúvidas sobre isso e não havia ninguém capaz de fazê-la parar nessa luta. Ela colocaria Ian atráz das grades, nem que fosse a última coisa que fizesse com sua vida.

Mas, por hora, ela preferia deixar Christopher com seus pensamentos. Mesmo que isso significasse encarar sua face frustrada. Tempo, ele só precisava de tempo.

— São eles! — Jade saltou da cadeira, seguida pelos irmãos.

Eles não estavam na sala comum, nem poderiam. Todo aquele escândalo havia vazado e eles mal haviam conseguido entrar no aeroporto. Dulce certificou-se de que teriam uma sala privada. Eles mereciam isso.

Observou Henrique levantar da cadeira e andar de um lado a outro. Seguranças haviam sido instruídos a levar Larissa diretamente para aquela sala, enquanto a outra criança seguiria o procedimento comum.

Dulce não era um monstro, havia questionado Christopher quanto a isso, saber se ele gostaria de intervir pelo garoto que achou que era seu filhos nos últimos dois anos. Ele explicou que embora estivesse preocupado e apegado ao menino, não poderia fazer aquilo, não naquele momento. E como ela estava desdobrando-se para fazer sua vontade, aceitou. Mesmo que não achasse justo com uma criança inocente.

— Henry. — A voz chorosa e familiar chamou por ele.

No segundo seguinte, Henrique estava agarrado à ela, como se sua vida dependesse daquilo. E levando em consideração o estado deplorável que esteve nos últimos dia, talvez dependesse.

— Você tá bem? Ele te machucou? E o bebê? Nosso bebê está bem? Pelo amor de Deus, eu nunca mais vou soltar você. — Ele repetia enquanto tocava toda a extensão do corpo dela, procurando qualquer falha, qualquer problema e não parou até que ela repetisse que estava tudo bem. — Eu te amo, ok? Eu te amo demais e eu não vou suportar perder você de novo .

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