Após um almoço tranquilo, deixei que o cansaço me dominasse e dormi no sofá, imersa em um sono profundo. O sol dançava pela sala, criando sombras suaves enquanto eu sonhava. Acordei apenas para satisfazer uma pequena fome, e fui à cozinha em busca de algo reconfortante. O Léo também dormia como um anjo, embora a posição em que estava prometesse um despertar um tanto doloroso.
Após a pequena refeição, dirigi-me ao meu quarto, o desejo de mais um cochilo me puxando para a cama. Deitei-me sob as cobertas macias, mas fui despertada com uma tontura desconfortável, e ao olhar para o relógio, percebi que já era sete horas da noite. Liguei o meu celular, aliviada por ter bloqueado aquele número; estava pronta para deixar o passado de lado. Me conectei ao bate-papo e notei o Ian online. Sem pensar duas vezes, cliquei em sua foto de perfil, admirando-o por um momento antes de decidir lhe enviar uma mensagem.
Bate-papo on: Ian / online
— Oi, Ian! — digitava, sentindo uma mistura de nervosismo e expectativa.
— Oi, Isabele! — ele respondeu rapidamente.
— Aquele seu convite para jantar hoje ainda está de pé? — perguntei, tentando disfarçar minha ansiedade.
— Pensei que não quisesse mais sair comigo. — Sua resposta havia um toque de insegurança.
— Mudei de ideia! — Senti um alívio ao compartilhar isso.
— Viu só o que eu comprei para você? — perguntou.
— Não, acordei agora. O que você comprou? — a curiosidade me consumia.
— A vitamina que o médico recomendou, deixei com a Carla!
— Ah, obrigada. Irei tomar agora mesmo! — minha gratidão era genuína.
— Então, posso passar aí para te buscar hoje?
— Pode sim.
Bate-papo off.
As nossas diferenças e desavenças ainda existiam, mas o Ian continuava e sempre será pai do nosso filho. Apesar de tudo, não estávamos mais juntos para discutir. Talvez este jantar fosse a oportunidade que precisávamos para nos reconectarmos.
Deixei o meu celular na cama e corri escada abaixo, sendo repreendida por Carla, que me alertou sobre o risco de escorregar. Ela então me mostrou a vitamina que Ian havia deixado, e eu a ingeri imediatamente.
— E se eu te disser que vamos sair hoje? — comentei, enquanto conversávamos casualmente.
— Que bom, isso é ótimo!! — A empolgação de Carla era contagiante. — Mas você não me contou como foi a sua consulta no médico, Isabele.
— O doutor disse que o bebê e eu precisamos ganhar peso até a próxima consulta, ou teremos grandes problemas. — A preocupação escapou da minha voz.
— Eu sempre tento te alertar sobre escolher alimentos saudáveis e ser menos descuidada! — Ela olhou para mim com um ar de reprovação.
— Tem razão... O problema era que eu não conseguia comer; estava em sofrimento emocional... Mas agora tudo irá melhorar, eu prometo. A gestação será saudável, essa criança nascerá forte e seremos felizes! — Peguei uma maçã e fui para o meu quarto.
No closet, escolhi um vestido longo e estampado, que tinha um decote delicado e eu só havia usado uma vez. Depois de um banho relaxante, caprichei na maquiagem e arrumei o meu cabelo com cuidado. Coloquei um perfume suave e finalizei com acessórios discretos. Quando finalmente estava pronta, sentei-me no sofá da sala, mexendo no celular, embora a ansiedade pulsasse em mim.
A campainha tocou, e meu coração disparou. Corri até a porta, mas não sem antes me despedir de Léo e Carla. O Ian estava na porta, todo arrumado e com um sorriso iluminando seu rosto. Os nossos olhares se encontraram, e o tempo pareceu parar por um instante.
— Tudo bem? — ele perguntou, seu tom suave me fazendo sentir à vontade.
— Tudo! — assenti, e logo entramos em seu carro, que exalava um perfume familiar e relaxante.
— Para onde vamos? — indaguei, olhando para ele com curiosidade.
— É surpresa. O lugar é bonito e tem uma vibe boa. Acho que você vai gostar! — Ele sorriu.
— Espero! — respondi, ansiosa.
— Você está linda, uma verdadeira princesa nesse vestido!
— Obrigada. — Expressei um sorriso discreto.
— Isabele Rosie... volta comigo? — ele disse, a intensidade em seu olhar era palpável.
— Ian, você sabe que eu não posso.
— Por que não? Você tem medo de arriscar outra vez? Medo de uma segunda chance?
— Não é isso... eu não tenho medo de me arriscar. Você não tem ideia de quanto eu sofri, quantas lágrimas derramei, e a dor de engravidar aos 17 anos. Foi uma batalha aprender a lidar com a vida crescendo dentro de mim, com todas as responsabilidades que vieram antes da hora.
— Estarei ao seu lado, Isa... Quero que você seja a minha companheira para sempre. A sua dor irá se transformar em felicidade! — Sua sinceridade era reconfortante, e as palavras o fizeram parecer mais próximo.
— Ian... — comecei novamente. — Promete que essa noite esqueceremos de todos os problemas? Que tudo será perfeito e não vamos nos lembrar deles?
— Eu prometo. Esta noite é nossa! — Ele sorriu, me transmitindo confiança, e eu retribuí com um sorriso tímido.
Era tudo que eu esperava: tranquilidade e amor. Precisávamos disso, um ao outro, para enfrentar as tempestades que a vida nos impunha. O peso que eu carregava parecia um pouco mais leve ao compartilhar meu coração com ele, e percebi que, juntos, poderíamos encontrar uma forma de lidar com os nossos medos e inseguranças.
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De Repente Grávida
Ficção Adolescente+16 "Ela não quer alguém que a entenda por completo. Mas ela não abre mão de alguém que acalme sua cabeça e principalmente o seu coração. Ela quer por as vezes estar junto de ti e ficar apenas em silêncio, mas que esse silêncio nunca signifique...