De Repente Grávida

Capítulo 23: Sob a Luz da Lua

A noite estava encantadora, com uma brisa suave que acariciava a pele e um céu repleto de estrelas. A lua cheia brilhava como um farol, iluminando cada canto do nosso pequeno lar. O meu pai se preparava para ir a um jantar com a Carla, e enquanto ele arrumava a gravata, eu tentava ensaiar as palavras que precisaria dizer. Era hora de contar a ele que eu estava grávida.

Entretanto, havia algo diferente em Léo. Eu percebia que ele não era mais o mesmo. Seria uma nova paixão? A curiosidade me consumia. Ao abrir a porta de seu quarto, vi-o sentado em frente ao computador, concentrado em uma partida de jogo, e não consegui evitar uma risada. Isso era novidade.

— Léo? — chamei, a voz saindo mais alta do que pretendia, e ele se assustou.

— O que você quer, Isabele? Não percebe que estou ocupado? — respondeu, a frustração visível, enquanto seus olhos ainda estavam grudados na tela.

— Jogando? — ri, cruzando os braços.

— E daí? — ele deu os ombros, tentando parecer indiferente.

— Desde quando você se interessa por jogos online? Era para você estar em alguma balada nesse horário, não trancado no quarto.

— Ah, pare de encher o saco!

— Você sabe que pode confiar em mim, Léo. 

Ele hesitou, a expressão no rosto mudando para um misto de vulnerabilidade e determinação.

— Tá bom... estou saindo com uma menina há um ano. Mas, você sabe como sou desapegado... Porém, durante a viagem, eu não conseguia parar de pensar nela.

— Espero que sossegue de vez! — fiz o sinal da cruz, brincando. 

— Ela é muito especial.

— Está apaixonado? — indaguei.

— Não coloque palavras na minha boca! — Ele corou, um sorriso involuntário se formando.

— Então por que não fala isso para ela? Vá atrás enquanto ainda há tempo!

— Esse é o problema, ela não quer mais saber de mim porque sabe como eu sou... Mas com ela é diferente, eu jamais a magoaria.

— Já falou isso para ela? — perguntei, e ele negou com a cabeça. — Então você está perdendo o seu tempo. Aproveite antes que seja tarde demais!

— Você tem razão, eu vou! — Ele sorriu, uma nova confiança brotando.

— Léo, aproveitando... eu tenho algo para te contar! — Gaguejei, sentindo o coração disparar e as mãos esfriarem.

— Bomba?

— Atômica! — Digo.

— Meu Deus, fala logo!!

— Estou grávida!

Ele ficou em silêncio, a expressão mudando lentamente. Levou alguns segundos para ele dizer algo.

— Espera... quer dizer que eu vou ser tio?

— É o que tudo indica. — A tristeza tomou conta de mim, e Léo me abraçou apertado.

— Hoje é o dia mais feliz da minha vida!! Obrigada, Isa! Agora, eu vou correr atrás daquela garota e dizer que não consigo parar de pensar nela. Devo fazer uma serenata de amor?

— Jamais! — ri, sentindo a alegria dele contagiar o ambiente.

— Isa, você está grávida mesmo? — Ele paralisou, de repente.

— Sim, já fazem algumas semanas.

— Estou feliz de verdade! Essa casa estava tão vazia e cinza após longos anos de turbulências, e só uma criança para colorir nossas vidas e unir a nossa família de volta.

— Você não sabe como isso alegrou o meu dia! — O abracei, com lágrimas nos olhos.

— Eu te amo, maninha. Agora preciso ir!! — Ele me abraçou, antes de sair.

— Boa sorte, Léo! — Digo, ainda emocionada.

Ouvir aquilo me trouxe um alívio imenso e conforto. Eu poderia ter compartilhado a minha notícia antes, teria sofrido menos. Na sala, o meu pai estava nos últimos preparativos para sair com a Carla, e a cena era a segunda mais engraçada do dia. Ele parecia nervoso, ansioso e, claro, muito feliz. O perfume masculino exalava pela casa, envolvente, e eu não conseguia sentir-me incomodada. Tudo que ensaiei durante a tarde agora parecia insignificante diante do nervosismo que crescia dentro de mim.

— Precisa de tudo isso mesmo? — aproximei-me e ajustei sua gravata que estava torta.

— Filha, me ajuda! Como estou? — Sua expressão era de desespero.

— Se melhorar, estraga. — Brinquei, tentando aliviar a tensão.

— Estou atrasado, não quero deixá-la esperando!

— Pai... eu preciso contar uma coisa antes de você ir. — Respirei fundo.

— O quê?! A Carla desistiu?

— Não, claro que não.

— Então o que aconteceu?

— Estou grávida! — A verdade escorregou, e fechei os olhos, esperando sua reação.

— O quê?! Pare de brincadeira, você conheceu aquele rapaz ontem!

— Na verdade, eu conheço ele há um tempo.

— Está falando sério, filha? Eu sempre confiei em você, Isabele. Como deixou isso acontecer? Isso é impossível, você sempre foi tão cuidadosa e esperta.

— Estávamos bêbados no dia e eu me arrependo muito... Mas, se não tivesse acontecido, eu não teria conhecido o Ian.

— Olha, eu realmente preciso ir... Me deseje boa sorte!

— Mas...

— Conversamos quando eu voltar, ou melhor, amanhã. Talvez eu não durma em casa hoje. Tchau, filha!! — Ele beijou meu rosto e saiu depressa.

O meu pai estava radiante, transformado pelo amor de Carla. Ele e o Léo tinham aceitado a situação com uma facilidade surpreendente; o amor parecia ter o poder de mudar tudo. Com o coração acelerado, liguei para p Ian, pedindo que viesse me ver pois estava sozinha e precisava dele.

Enquanto isso, Léo descia as escadas, cantarolando e dançando, sua felicidade era contagiante. Seu perfume, suave e agradável, se misturava ao ar.

— Não crie muitas expectativas, Léo! — avisei, sabendo que era hora de desacelerar.

— Enviei uma mensagem para ela, e adivinha? Deu certo! — Ele parecia radiante.

— Isso é ótimo! Boa sorte, maninho. Espero que a noite de vocês seja especial! — Digo sorrindo, compartilhando sua alegria.

Esperei eles saírem para tomar um banho relaxante e vestir o meu pijama confortável. Hoje o dia foi intenso, tudo aconteceu ao mesmo tempo e foi tão gratificante para mim. 

Logo ouvi a campainha tocar. Ao abrir a porta, lá estava Ian, com um sorriso que iluminava o meu mundo. Ele segurava um buquê de flores magnífico, que exalava um perfume doce. Ele estava lindo, o mesmo aroma masculino que me conquistou na primeira vez. Nos encaramos em silêncio por alguns segundos, e eu soube que a noite estava apenas começando.