Bianca narrando:
Desde que ele saiu para afrontar o Alemão 157, eu não sosseguei, talvez aquela noite seja uma das piores que eu já passei. Eu não recebia nenhuma notícia sua, ele não atendia as minhas ligações e nem respondia as minhas mensagens, me ignorava completamente. Não conseguia dormir pensando se ele está bem, se todos estavam bem, a minha mão coçava para ligar e avisar a Isabele onde que o Ian iria se meter, mas Marcelo me ameaçou se caso eu fizesse isso... E no final, me arrependi de não ter a avisado, eu teria evitado problemas futuros.
Chegamos em casa depois de ter passado a noite no hospital com o Ian e a Isa que estava mal, ela precisava de mim ali naquele momento, por mais que eu precisasse descansar pela minha bebê, eu tinha que estar ali com a minha melhor amiga, a aconselhando e enxugando as suas lágrimas. Toda vez que Marcelo saía de casa armado, o meu coração apertava, tenho tanto medo de perdê-lo mesmo ele tendo todos os defeitos do mundo, Marcelo precisa de mim e eu preciso dele mais que tudo.
A minha gravidez até agora está caminhando super bem, eu conversava mais com a minha barriga, alimentação saudável e correta todos os dias, e estou dormindo muito sempre que posso. Estou aprendendo a amar esse bebê a cada dia que passa, o amor que eu sinto pela minha filha só aumenta junto com a ansiedade de tê-la em meus braços.
(...)
Despertei com a luz do sol batendo em meu rosto, havia esquecido a cortina aberta e acabei acordando com a imensa claridade que estava o meu quarto. Como sempre eu havia dormido no quarto de hóspedes, não durmo mais junto de Marcelo desde a última consulta no médico e desde que a Samanta "ocupou" o meu lugar nessa casa. Eu achava bom que Marcelo tinha ela e me esquecia, ele até me deixava sair mais de casa, fazer caminhadas, ir até a sorveteria, visitar a Isabele, os meus pais. Mas por um outro lado, ela continuava me tratando mal, as vezes eu não suportava olhar para a cara dela, me causava enjoos.
Tomei um banho morno como sempre faço todas as manhãs, vesti uma roupa qualquer de ficar em casa e deixei o meu cabelo preso. Tirei o meu celular da tomada e desci as escadas que me levava até a sala onde Marcelo estava deitado no sofá assistindo futebol, o ignorei e caminhei até a cozinha dando de cara com a Samanta que lavava a louça, a ignorei também e me sentei na cadeira. Era meio que difícil comer na presença dela, parecia que a comida não descia, mas eu precisava comer pela minha filha, ela precisa ser alimentada corretamente. Assim que terminei o meu café da manhã, voltei para a sala e me sentei no outro sofá, fiquei mexendo no celular já que eu não gostava de assistir futebol.
— Você não vai sair nos próximos dias. – Escutei, desviei o meu olhar do celular e vejo Marcelo me encarando.
— Por quê? Eu estava planejando em ir ao shopping hoje, queria comprar algumas roupas novas porque as minhas estão ficando apertadas, acho que dei uma engordada.
— Esquece, pede pra Isabele trazer as delas.
— Mas é que eu queria sair também para passear um pouco.
— Não. – Responde grosso e volta a prestar atenção na TV.
— Por que não, Marcelo? Não te fiz nada.
— Porque não, depois do que aconteceu é perigoso você ficar andando por aí sozinha.
— E desde quando você se importa comigo?
— Não enche o meu saco!
Era impressionate como ele conseguia acabar com o meu dia apenas com palavras ditas. Eu queria tanto passear hoje, estava planejando passar em algumas lojas de bebês e olhar umas roupinhas femininas, mas Marcelo consegue estragar tudo. Eu não queria ficar em casa hoje de novo, me sinto sufocada quando não saio e tenho que aturar a vadia da Samanta, era um inferno!
Saio da sala em passos pesados, eu estava com raiva e não aguentava mais ficar do lado dele. Abri um pacote de bolachas recheadas e comi enquanto assistia série no meu quarto, não tinha nada melhor que comer e assistir. Quando deu o horário do almoço, almocei normalmente na mesa ao lado de Marcelo que não disse um "A" e eu também não quis falar nada, depois voltei novamente pro quarto e por lá fiquei. Estava num tédio sem fim, pensei em ligar para a Isa e ver como estão as coisas entre ela e o Ian mas achei melhor esperar mais alguns dias, ela precisa de tempo até tudo se acertar. Então resolvi ligar para a minha mãe que desde quando descobriu que estou grávida, me rejeitava, não tanto mas rejeitava, eu sentia isso.
Ligação on:
— Oi, mãe!
— Oi, Bianca, o que houve?
— Nada, só liguei para perguntar se a senhora e o meu pai estão bem, se está tudo bem por aí?!
— Sim, estamos bem.
— Que bom! Vamos combinar um dia para irmos ao shopping?
— Estarei ocupada pelos próximos dias.
— Sem problemas, eu espero você ter um tempo livre.
— Acho melhor não, vai com o seu marido.
— Eu não tenho marido, Marcelo apenas me acolheu na casa dele, não temos nenhum compromisso.
— Então volta aqui pra casa quando essa bebê nascer, você deixa ela com o pai e vem morar conosco. Sentimos a sua falta, filha.
— Eu não vou abandonar a minha filha com o pai dela.
— É a melhor escolha que você poderia fazer, pense bem.
— Eu jamais vou fazer isso, que tipo de mãe eu seria? Uma desnaturada?
— Que mãe? Você não tem idade para ser mãe, filha, esquece essa criança que é filha de um bandido! Você tem um futuro brilhante pela frente, pensa na faculdade de moda que você sempre sonhou.
— Eu penso e ainda vou fazer, mas agora essa criança é a minha prioridade e nada do que você me disser vai mudar o que eu penso.
— Sofri tanto e abri mão de tanta coisa por você, e é assim que você me retribui?
— Mãe... Depois a gente conversa, agora eu tenho que desligar!
Ligação off.
Eu já não me importava mais com as reações da minha mãe sobre a minha gravidez, desde o começo eu soube que seria assim, pois ela sempre me incentivou a seguir o padrão: estudar, trabalhar, casar e só depois ter filhos. Mas não foi exatamente assim que aconteceu comigo, eu nunca pensei em largar o estudos e abandonar a carreira que eu sempre quis conquistar, só que agora eu tenho um bebê para cuidar e cuidarei com o maior prazer e carinho do mundo. O meu pai relevou e está começando a aceitar, ao contrário da minha mãe, ele continua me tratando bem e quase toda semana me liga perguntando se eu preciso de algo, dinheiro, um bom convênio médico, remédios e o que for. Quando eu vou visitar eles, faço a minha parte como filha, a minha mãe me ignora e olha a minha barriga com desgosto, seus olhos inchados de choro parecia que ela estava em depressão por causa disso, como se sentisse a maior vergonha de ter a filha grávida, ela precisa entender que eu não larguei os meus planos futuros e que a bebê não tem culpa de nada. Um dia esses pensamentos dela ainda irá mudar, ela amará mais a sua neta do que a própria filha, assim espero. Independente do seu jeito, ela continua sendo a minha mãe e o que eu sinto por ela nunca vai mudar.
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De Repente Grávida
Teen Fiction+16 "Ela não quer alguém que a entenda por completo. Mas ela não abre mão de alguém que acalme sua cabeça e principalmente o seu coração. Ela quer por as vezes estar junto de ti e ficar apenas em silêncio, mas que esse silêncio nunca signifique...